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Publicado em 13/04/2017

Ciclo de queda dos juros vai alterar o perfil das carteiras de investimentos (DCI)

O ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic) deve alterar o perfil das carteiras de investimentos no Brasil para tentar proporcionar mais ganhos aos cotistas dessas aplicações.

Em outras palavras, o conservador investidor brasileiro, acostumado aos juros altos da renda fixa no curto prazo, tende a migrar parte de seus recursos para outras aplicações um pouco mais arriscadas como multimercados, ou mais agressivas como fundos de gestão ativa (em ações) para melhorar seus rendimentos num cenário de queda dos juros pós-fixados.

Na avaliação de representantes desse mercado consultados pelo DCI, se excluído o aporte de cerca de R$ 40 bilhões por prefeituras e governos estaduais em fundos DI e de renda fixa de baixa duração e risco soberano – dinheiro originado neste início do ano do recolhimento do IPTU e do IPVA respectivamente – o perfil das carteiras já mostraria alguma desconcentração da renda fixa.

“Esses recursos – do poder público – são de gestão de caixa, e devem diminuir ao longo do exercício”, respondeu o vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Carlos Ambrósio.

Conforme os dados do boletim da Anbima, no total, os fundos de investimentos tiveram R$ 108,6 bilhões de captação líquida no primeiro trimestre, sendo R$ 74,2 bilhões na categoria renda fixa.

Mas quando descontado efeito sazonal das receitas de impostos municipais e estaduais nos aportes da renda fixa, percebe-se, que outras categorias começam a ganhar atenção do investidor. Os fundos multimercados mostraram captação líquida de R$ 20,2 bilhões, e em menor grau, as carteiras de ações de gestão ativa e livre receberam ingressos de R$ 2,6 bilhões no período.

Para o vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello, essa migração já começou no final do ano passado. “Está acontecendo agora [no segundo trimestre], e o perfil das carteiras vai ser mais diferente até o quarto trimestre”, diz.

A exemplo de Carlos Ambrósio, da Anbima, Mello aponta maior participação em carteiras multimercados diante da queda da Selic. “A renda variável (ações) perdeu patrimônio nos últimos anos”, compara.

Com base em dados até 5 de abril, os fundos de renda fixa respondem por R$ 1,8 trilhão ou 48,5% do total de recursos da indústria financeira. Os multimercados mostram patrimônio de R$ 726,16 bilhões ou 19,5% do total. Os planos de previdência assumem a terceira posição com 17,4% dos ativos ou R$ 648,75 bilhões.

Na sequência os produtos estruturados como fundos de participações (FIPs), fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDCs) e fundos imobiliários somam 9% de participação ou R$ 335,33 bilhões.

Em menor escala, os fundos de ações somam R$ 165,9 bilhões em gestão, ou 4,45% do total da indústria financeira, seguido por 0,93% de carteiras off-shore com R$ 35 bilhões, e das carteiras cambiais com fatia de 0,1% ou R$ 3,2 bilhões.

Rentabilidade passada

A razão da baixa participação dos fundos de ações pode estar relacionada ao longo período de desempenho modesto do Ibovespa, alta de apenas 0,73% desde 2012, ano da intervenção do governo Dilma nos preços do setor de energia. Em 60 meses até março de 2017, os fundos de ações indexados (ex. ao Ibovespa) tiveram ganhos de 8,56%, enquanto as carteiras de gestão ativa, 24,03%.

Mas o período de juros altos nos cinco últimos anos fez o dinheiro aplicado em outras categorias render mais. Os multimercados da subcategoria macro, cujos gestores buscam ganhos pela interpretação do cenário econômico entregaram retorno de 104,58% em 60 meses até março.

Na segunda posição, os fundos de renda fixa de duração alta e grau de investimento entregaram rentabilidade bruta de 95,70% em cinco anos até o mês passado. Essas carteiras aplicam em títulos públicos e privados com vencimento mais longo, exemplo, para 10 anos, 20 anos e até 30 anos.

Em terceiro lugar, a subcategoria multimercados livre, ou seja, de livre movimentação pelos gestores desses fundos entregou ganhos de 79,16% em 60 meses até março último.

Na sequência da lista divulgada pela Anbima, a renda fixa registra rentabilidade: de 71,31% nos fundos de duração média e grau de investimento; e de 70,67% com duração livre e grau de investimento.

O investimento no exterior via ações aparece na sexta posição com 70,61% de rentabilidade bruta em cinco anos; e em seguida, com 70,30% em multimercados de investimentos em ativos internacionais.

Somente no oitavo lugar da lista aparece uma aplicação mais conservadora voltada para o curto prazo. Os fundos de renda fixa de baixa duração e grau de investimento mostraram rentabilidade de 70,16%.

Na nona posição, os multimercados juros e moedas apresentaram ganhos médios de 69,01% em 60 meses até março, superando na décima posição: os conservadores fundos de renda fixa de duração baixa e risco soberano – que só aplicam em títulos públicos – que renderam 68,2%.

Ernani Fagundes

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