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Publicado em 05/01/2016

Crédito ficou mais escasso em 2015 e bancos lucraram com outras receitas (DCI)

A maior seletividade dos bancos, que passaram a buscar linhas e clientes menos arriscados para direcionar seu dinheiro em meio à crise econômica, somada a uma queda da demanda por empréstimos, levou a um cenário de escassez do crédito em 2015.

Em 12 meses até outubro, o saldo financiamentos com recursos livres - em que os juros são definidos pelos bancos - registrou avanço de 4,3%, para R$ 1,6 trilhão, o que, diante de uma inflação de 9,9%, representa uma queda real de 5,6% no período.

Os contratos celebrados no ano passado foram, principalmente, de financiamento imobiliário, que possui uma garantia real sólida em caso de inadimplência, e de crédito consignado, em que o pagamento do empréstimo é feito com desconto em folha. Apesar de serem consideradas mais seguras, contudo, os juros dessas modalidades são menores e geram menos retorno para o banco.

\\\"Para mitigar os riscos, os bancos optaram por trabalhar com uma modelagem mais seletiva e escolheram não fazer negócio sem a evidência de que o cliente tem capacidade de pagamento\\\", observou Nicola Tingas, economista chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

Com um volume menor de operações e uma desaceleração nos ganhos com juros cobrados nos empréstimos, as instituições expandiram o investimento em outras fontes de receita para manter a alta rentabilidade ao longo do ano.

Aproveitando as elevações da taxa básica (Selic) os bancos ampliaram os ganhos com tesouraria, aplicando o dinheiro guardado em caixa nos títulos públicos, que passaram a oferecer melhores prêmios de risco. Somente nos primeiros seis meses do ano, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil anotaram alta de 65,6% no faturamento com essas aplicações, que geraram R$ 81,4 bilhões de receita para essas instituições.

Outra frente em que as instituições apostaram no ano passado foram as receitas com serviços e seguros. Ampliando a oferta de produtos e a segmentação dos clientes, e majorando as tarifas cobradas das pessoas com maior renda, os bancos expandiram os ganhos desses setores em dois dígitos.

Aumento do risco

Mesmo com um processo bancário mais criterioso, no entanto, a escalada da inflação, somada aos reajustes tarifários e ao aumento do desemprego, fez com que os calotes subissem e as instituições tivessem que aumentar os níveis das chamadas provisões para devedores duvidosos (PDD).

Ao longo do ano até outubro, a inadimplência dos empréstimos com recursos livres cresceu 0,7 ponto percentual, para 5,0%, o que representa cerca de R$ 80 bilhões de créditos com parcelas em atraso.

Diante da deterioração do cenário, os níveis de coberturas dos bancos, que mede o quanto de dinheiro em caixa eles possuem para os financiamentos inadimplentes, também cresceram. Nos balanços do terceiro trimestre, os três maiores bancos apontaram que tem mais de 200% de cobertura. Ou seja, para cada R$ 1 em atraso, eles possuem pelo menos R$ 2 em caixa.

Tendências

Este ano, segundo o especialista, deve seguir o mesmo modelo de 2015, com os bancos apostando na \\\"gestão da carteira de clientes\\\", ao buscar rentabilidade através de serviços, seguros e tesouraria. \\\"Em 2016, vai ter a \\\'travessia da inadimplência\\\'. As instituições vão operar com cautela e identificar oportunidade em nichos ou mudanças de perfil de produtos, otimizando custo\\\".

Pedro Garcia

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