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Publicado em 28/11/2017

Crédito tem alta superficial e tende a ficar aquém do esperado em 2018 (DCI)

O fôlego nos indicadores gerais de crédito ainda é superficial para apontar avanço duradouro. Com incerteza sobre as reformas e as eleições de 2018, a expectativa de especialistas é que o mercado ande de lado e fique aquém do esperado pelo Banco Central (BC).

Apesar da melhora nos dados gerais de outubro e da afirmação do chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, de que o estoque de crédito tende a crescer nos próximos meses de maneira “gradual”, a lenta recuperação deste ano ainda deve repercutir no mercado.

De acordo com o consultor autônomo Rafael Durer, apesar de termos chegado a um nível melhor do que estávamos nos últimos anos, o movimento é “mais um respiro do que uma fase duradoura”.

“Vemos uma leve volta da confiança, mas ainda não dá para dizer que é permanente”, afirma. “Temos um cenário ‘macro’ de muitas flutuações que traz muita aversão ao risco por parte de bancos e empresas”, completa.

No geral, porém, os dados do BC mostram alguma retomada. A inadimplência, por exemplo, caiu 0,2 ponto percentual (p.p.) para pessoas jurídicas, de 3,6% em outubro de 2016 para 3,4% no mesmo mês deste ano. Para pessoas físicas, o recuo foi de 0,3 p.p. no período, de 4,2% para 3,9%, na mesma relação.

Já os spreads caíram 1,2 p.p. para empresas (de 12,2 p.p. para 11 p.p.) e 6,1 p.p. para consumidores (de 33,7 p.p. para 27,6 p.p.), enquanto os juros caíram 3,6 pontos percentuais para os negócios ( 21,6% para 18%), e 8,9 p.p. para pessoas físicas, (de 43,1% para 34,2%).

Para o diretor de novos negócios da PH3A, Marcelo Monteiro, no entanto, mesmo com as concessões de crédito “tentando puxar o mercado para cima”, ainda não é possível ver reversão do cenário vivido pelo País nos últimos meses.

Ainda segundo o BC, os empréstimos subiram 8% para pessoas jurídicas em outubro com relação a igual mês de 2016, de R$ 112,4 bilhões para R$ 121,5 bilhões. Para pessoas físicas, a alta foi de 14,5% na mesma relação, de R$ 144,1 bilhões para R$ 165 bilhões.

“Mesmo com o fôlego para o consumo, as empresas pagaram suas dívidas mas ainda não começaram a investir. Os empréstimos estão mais curtos e isso é sintomático. Ainda estamos à mercê das confusões em Brasília”, explicou o especialista, referindo-se à aprovação das reformas e às eleições do ano que vem.

Nesse cenário, além da nova afirmação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que a aprovação da reforma da Previdência neste ano “volta a ser concreta”, pesquisas recentes também mostram que as intenções de voto no apresentador Luciano Huck subiram e o deixaram em quarto lugar na disputa presidencial.

“Isso deixa todo mundo com o pé atrás. O mercado de crédito ainda deve andar de lado por, no mínimo, mais seis meses, até que algum direcionamento apareça”, diz Monteiro.

Atraso na retomada

Ao mesmo tempo, os especialistas consultados pelo DCI refletem a probabilidade de que, mesmo com as sinalizações positivas demonstradas em outubro, o mercado de crédito continue “mais lento do que nunca” e encerre 2018 bem aquém do esperado.

“Ainda existem muitos riscos e pontos nebulosos pela frente e isso tende, sim, a atrasar a retomada do crédito”, diz o professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Marcos Melo.

“Além disso, a queda da Selic [taxa básica de juros] e a implantação da TLP [Taxa de Longo Prazo] no BNDES [Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social] devem mudar a percepção do mercado de forma contundente, trazendo mais iniciativas para tornar o crédito algo mais realista aos tomadores”, conclui Melo, do Ibmec.

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