FECHAR

Imprimir
Publicado em 06/04/2017

Indústria mostra recuperação lenta e gradual (Valor Econômico)

A alta de 0,1% da produção industrial em fevereiro sobre janeiro, feitos os ajustes sazonais, frustrou as expectativas de uma expansão maior do setor, já que a média das projeções colhidas pelo Valor Data apontavam para alta de 0,5%. A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada ontem pelo IBGE, foi considerada mais um sinal de que a atividade industrial está em processo de recuperação, ainda que fraca, confirmando, por enquanto, o prognóstico de alguns economistas de que a retomada da atividade será um processo ‘lento e gradual’.

Com redução no setor extrativo e na fabricação de bens semiduráveis e não duráveis, o dado da indústria pode até levar a revisões para baixo nas projeções para o desempenho da economia no primeiro trimestre, mas os especialistas destacaram que uma observação mais atenta dos dados permite ver um quadro um pouco melhor.

Apesar de, na média, o indicador ter ficado praticamente estável na passagem mensal, três das quatro grandes categorias econômicas elevaram sua produção. Os destaques foram os bens de consumo duráveis e bens de capital, que cresceram 7,1% e 6,5% no mês, respectivamente.

Segundo economistas, a aparente discrepância entre o número total e os resultados desagregados mais expressivos ocorre porque a dessazonalização é feitos separadamente para cada série calculada pelo IBGE. Assim, é possível que grande parte dos segmentos mostre crescimento maior e a média de setores, não.

Outro dado positivo em fevereiro foi a evolução da média móvel trimestral da produção. Usado para medir tendências e tirar a volatilidade do número mensal, o indicador subiu 0,8% em fevereiro, depois de duas altas seguidas nos meses anteriores, de 0,9% e 0,6%.

“A boa notícia é que aquela característica de quedas sucessivas ficou para trás”, afirmou André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE. “Há uma melhora recente na produção, mas ainda assim o setor industrial continua operando em um patamar muito baixo na série.”

De janeiro para fevereiro, 13 dos 24 ramos de atividade que compõem a pesquisa tiveram aumento na produção. As maiores influências positivas partiram de veículos automotores, reboques e carrocerias (6,1%) e máquinas e equipamentos (9,8%). Na outra ponta, o setor de produtos alimentícios recuou 2,7%. Fora do setor de transformação, a indústria extrativa registrou comportamento negativo no período, com queda de 0,5%.

David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch (BofA), aponta que a extração de minério de ferro foi a maior surpresa negativa em relação ao resultado de fevereiro, mas já houve reversão da queda em março, o que é uma boa notícia. “Continuaremos a ver uma recuperação gradual da indústria”, avalia Beker, para quem a produção vai crescer 1% na média de 2017. Riscos para baixo, no entanto, seguem no cenário, diz ele.

Em função do dado de fevereiro, o PIB esperado para o primeiro trimestre pode ser mais fraco do que o previsto, afirma Natalia Cotarelli, do banco ABC Brasil. A projeção do ABC para o desempenho da atividade no período ainda não está fechada, mas a expectativa é de crescimento, principalmente em função do setor agropecuário, diz Natalia. O banco trabalhava com expansão de 0,8% da produção industrial na última medição.

Se a produção ficar estável em março, calcula a economista, o primeiro trimestre registrará expansão de 1,6% ante os últimos três meses de 2016 na comparação dessazonalizada. Para o PIB industrial, ela espera estabilidade ou ligeira alta na mesma comparação. Embora o dado geral tenha ficado estável na passagem mensal, Natalia viu o desempenho dos segmentos de bens duráveis e bens de capital como resultados favoráveis.

Para Luiz Castelli, da GO Associados, esses dois segmentos, mais sensíveis à trajetória dos juros e da confiança, devem puxar a reação modesta da indústria em 2017. Esses foram os setores que mais reduziram seu nível de atividade nos últimos três anos, observa Castelli, que projeta aumento de 1,8% da produção na média do ano. A indústria precisa crescer a um ritmo médio de 0,9% por trimestre para que essa previsão se concretize, estima.

A alta na fabricação de bens de capital no mês é uma sinalização positiva para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas, construção civil e pesquisa), acrescenta Castelli. “Conforme a taxa de juros real da economia cair, o investimento vai voltar a crescer junto com a produção”, diz ele.

Pelos dados já divulgados para março – por enquanto, apenas a confiança industrial e o nível de utilização da capacidade instalada, ambos da Fundação Getulio Vargas (FGV) – a indústria também deve ter crescido no mês, diz o economista. Essa perspectiva pode ser confirmada amanhã, após a divulgação da produção de veículos.

Video institucional

Cursos EAD

Fotos dos Eventos

Sobre o Sinfac-SP

O SINFAC-SP está localizado na
Rua Libero Badaró, 425 conj. 183, Centro, São Paulo, SP.
Atendemos de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.