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Publicado em 25/10/2016

Lucro dos grandes bancos deve cair 14% (Valor Econômico)

Os maiores bancos brasileiros devem registrar mais um trimestre de queda nos resultados, mostrando que a expectativa de recuperação da economia ainda não se traduziu no desempenho do sistema financeiro. Com a inadimplência batendo recordes (especialmente a de empresas) e a estagnação no crédito, o lucro trimestral combinado de Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil deve chegar a R$ 12,9 bilhões.

Se confirmado, o resultado será 14,3% menor que o apurado no terceiro trimestre do ano passado, de acordo com a média das projeções de seis analistas compiladas pelo Valor. A temporada de divulgação dos resultados começa nesta quarta-feira com os números do Santander.

A queda nos lucros, porém, não desanima analistas que acompanham as instituições financeiras. Eles acreditam que os balanços trarão motivos para dobrar a aposta em resultados melhores em 2017. "Achamos que estamos próximos do ponto de inflexão e os bancos podem surpreender positivamente", escreve o analista Tito Labarta, do Deutsche Bank, em relatório a clientes.

O balanço mais aguardado pelo mercado é o do Bradesco. O banco vai apresentar, pela primeira vez, os resultados consolidados com o HSBC Brasil, após a conclusão da aquisição das operações da instituição britânica no país, por R$ 16 bilhões. Entre os impactos esperados está o aumento nas despesas de provisão para devedores duvidosos, de modo a adequar a carteira de crédito herdada do HSBC aos padrões do Bradesco. Analista de uma corretora nacional calcula impactos entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões em despesas para o Bradesco, que o banco deve considerar como não recorrentes.

A aquisição do HSBC também vai gerar um ágio de aproximadamente R$ 10 bilhões, uma despesa que o banco espera amortizar ao longo dos próximos cinco anos e pode ser usada para pagar menos impostos. O Bradesco vai divulgar o balanço em 10 de novembro - mesmo dia do Banco do Brasil. A média das projeções dos analistas aponta para um lucro 9% menor no Bradesco em relação ao terceiro trimestre do ano passado.

O Santander Brasil deve apresentar queda de 5% no resultado, a menor entre os principais concorrentes de capital aberto. "O banco tipicamente reflete as tendências de mercado depois de seus pares", afirmam os analistas do Goldman Sachs. Mesmo com uma redução menor no lucro, a rentabilidade da instituição deve ficar em 8,6%, a mais baixa entre o quarteto, segundo as projeções do banco americano. Pelos cálculos do Goldman Sachs, as quatro instituições financeiras listadas em bolsa terão retorno inferior ao obtido no terceiro trimestre de 2015.

O Itaú vai manter a posição de banco mais rentável do grupo, embora seu índice de retorno sobre patrimônio líquido deva recuar para 18,6%. Será o menor desde o quarto trimestre de 2012, segundo os analistas do Goldman. O maior banco privado do país divulga o balanço na próxima segunda-feira, dia 31, e deve mostrar queda de 17% no lucro, para R$ 5,1 bilhões.

Para o BB, que vem de uma sequência de resultados abaixo do esperado, os analistas esperam que o pior tenha ficado para trás. Ainda assim, a previsão é de uma redução de 22% no lucro na comparação com o terceiro trimestre de 2015. "As provisões para perdas em empréstimos devem recuar depois do nível extraordinariamente elevado no primeiro semestre", escrevem os analistas do Itaú BBA, em relatório.

Nos quatro bancos, há expectativa de piora da inadimplência. Grande parte desse efeito deve ser causado pelo calote da Sete Brasil, fornecedora de sondas da Petrobras que entrou em recuperação judicial, que passará a ser contabilizada no índice de inadimplência acima de 90 dias de Bradesco, Itaú e Santander. No Banco do Brasil, que havia reconhecido o calote da Sete antes dos concorrentes, esse impacto veio no balanço do segundo trimestre. A previsão dos bancos é que a Sete Brasil deixe de ser contabilizada no índice de inadimplência apenas no fim do ano, quando for baixada a prejuízo.

Assim como nos trimestres anteriores, o aumento dos calotes e o fraco desempenho do crédito devem ser compensados pelos bancos com melhora nas margens financeiras, graças ao aumento nos spreads das operações de crédito, esperam os analistas. Outro ponto que deve ficar mais claro no trimestre, em particular nos discursos dos dirigentes dos bancos, é como deve se comportar o crédito no ano que vem e qual o tamanho da recuperação prevista para 2017.

Se analistas, de uma maneira geral, têm adotado um tom mais otimista com os bancos brasileiros, não custa lembrar que ainda há uma série de problemas em potencial pela frente. "Apesar de nossa expectativa de um horizonte mais positivo para os resultados, não devemos perder de vista os potenciais riscos vindos da posição fiscal ainda fraca do Brasil, da alavancagem corporativa em níveis historicamente altos e da deterioração do mercado de trabalho", escrevem os analistas do Credit Suisse.

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