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Publicado em 05/04/2018

Lucros e receitas mais altos das empresas brasileiras confirmam saída da crise (Valor Econômico)

Impulsionado novamente pelo consumo, o lucro das empresas brasileiras de capital aberto cresceu quase 49% no quarto trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Os números de 223 companhias mostram que houve uma continuidade no processo de retomada iniciado no fim de 2016 e fortalecido ao longo do ano passado. No terceiro trimestre de 2017, o lucro já havia crescido 30% em relação ao mesmo período de 2016, recuperando-se do baque provocado pela delação dos donos da JBS, em maio, que causou estragos monumentais nos balanços.

O segundo trimestre consecutivo de crescimento nos ganhos é um sinal de que a economia deixou para trás os piores momentos da recessão. Nos relatórios da administração que acompanham os balanços divulgados até o fim do mês passado, os executivos ressaltam que a melhoria de indicadores econômicos, como inflação e juros, favoreceu a recuperação gradual do ambiente de consumo, ainda que de forma tímida.

Combinadas, as empresas não financeiras registraram um lucro líquido de R$ 14,5 bilhões nos últimos três meses de 2017, segundo dados compilados pelo Valor Data. A amostra escolhida não inclui os resultados de Petrobras, Vale e Eletrobras que, pelo seu tamanho, tendem a distorcer a análise.

O levantamento mostra que as companhias conseguiram aumentar o volumes de vendas e, ao mesmo tempo, mantiveram os custos e despesas sob controle.

A receita de vendas e serviços desse grupo – que inclui as principais empresas da bolsa de valores – teve um aumento de 13%, para R$ 342,1 bilhões. Os custos de produção – que inclui matéria-prima e salários de chão de fábrica, por exemplo – avançaram 11,6%, abaixo do aumento das vendas. No fim das contas, houve uma melhoria na chamada margem bruta – no dinheiro que sobra para pagar as despesas de escritório, pesquisa, investimentos e remunerar seus sócios.

Para o analista da XP Investimentos Marco Saravalle, esse aumento de custos é saudável, porque foi provocado pela retomada da capacidade produtiva que ficou ociosa ao longo da crise. “Elas fizeram ajustes para melhorar sua produtividade e aumentaram sua alavancagem operacional.”

De fato, o lucro operacional, calculado antes do resultado financeiro e do imposto de renda, avançou 35%, para R$ 42 bilhões. Descontados custos e despesas, sobra uma margem operacional de 12,3%, comparada a 10,2% no quarto trimestre do ano passado. Alguns bilhões a mais na conta.

O controle de custos foi o fator determinante, por exemplo, para o resultado da varejista Restoque, que reverteu o prejuízo do quarto trimestre de 2016.

Do total das 223 empresas analisadas, 153 delas (68,6%) reportaram lucro no quarto trimestre, enquanto as outras 70 (31,4%) tiveram prejuízo. O grupo conta com 27 companhias que reverteram lucro e tiveram prejuízo nos últimos três meses de 2017 e 38 que fizeram o caminho inverso, apresentando resultado positivo.

Segundo Carlos Eduardo Rocha, sócio e responsável pela gestão de recursos da corretora Brasil Plural, os preços mais altos das commodities no mercado internacional também guiaram o avanço nos resultados, principalmente no setor de papel celulose.

No fim do ano, os preços da fibra curta valorizaram-se 7% na Europa e 11% na China. A situação, em conjunto com custos em queda e vendas recordes, fizeram a Suzano reverter prejuízo e ter lucro líquido de R$ 358 milhões.

Outra empresa que conseguiu tirar proveito da situação macroeconômica favorável foi a Localiza, que obteve um lucro líquido de R$ 133 milhões, alta de 27%. “Houve uma mudança no hábito de consumo, com as pessoas comprando menos carros. Além disso, a companhia está sempre regulando seus preços e desbancando a concorrência”, diz Rocha.

As empresas também conseguiram controlar seu endividamento. A dívida líquida consolidada das 223 empresas teve uma leve alta de 0,21% no trimestre, em comparação anual, para R$ 428,3 bilhões. “Muitas empresas estão aproveitando para recomprar títulos para rolá-los a custos mais baixos”, disse Saravalle, da XP.

Apesar do cenário favorável, as empresas ainda precisam percorrer um longo caminho antes de suas atividades voltarem aos patamares dos anos pré-crise. Em relação ao terceiro trimestre, o lucro consolidado no quarto trimestre recuou 13%. Rocha, da Brasil Plural, ainda espera resultados modestos no começo de 2018.

“Sazonalmente, o quarto trimestre costuma ser mais forte por causa das festas de fim de ano. Além disso, olhando fevereiro e março, o cenário externo deve pesar. As atividades na Europa foram mais fracas, a China não conseguiu sustentar seu crescimento e o aumento de juros nos Estados Unidos está contendo um pouco as revisões para cima de crescimento global”, disse Rocha.

Para Saravalle, da XP, os resultados nos próximos trimestres não devem ser tão fortes como os vistos no quarto trimestre, porque as bases de comparação de 2017 foram mais robustas que as de 2016. “Percentualmente, os resultados não devem crescer no mesmo ritmo, mas, com certeza, na média, teremos expansão do lucro.”

Ele ressaltou que o fim da crise levará à desaceleração dos ajustes operacionais e o mercado passará a ter maior clareza sobre quem de fato saiu fortalecido dessa turbulência.

“Além disso, como ainda não devem assumir investimentos na expansão das operações, diante da ainda ampla capacidade ociosa, eles devem repassar os ganhos de margens e rentabilidade aos acionistas. Devemos ver um boa distribuição de dividendos nos próximos trimestres”, disse Saravalle.

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