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O interesse pelo estudo sistemático do fluxo de caixa, chamado também de cash flow, surgiu em 1961 com a publicação pelo Accounting Procedures Board (APB) do Accounting Research 2, intitulado “Cash Flow: Analysis and the Funds Statement”.
Mais tarde, em novembro de 1987, com a publicação pelo Financial and Accounting Standards Board (FASB) das normas para a elaboração do “fluxo de caixa”, definiu-se sua apresentação de forma obrigatória para as empresas norte-americanas de capital aberto a partir de 1988.
Em julho de 1992, na Inglaterra, a “demonstração do fluxo de caixa” se tornou obrigatória, com a publicação e entrada em vigor do IFRS 01 (International Financial Reporting Standard).
No Brasil, em 1999 o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACOM) publicou algumas recomendações, algo bastante sucinto, sobre a elaboração das “demonstrações de fluxo de caixa”, em 2010, com a obrigatoriedade das normais internacionais de contabilidade, as IFRS.
É evidente que o interesse pelo estudo sistemático do “fluxo de caixa” é muito recente, fato que explica a relativa pobreza da literatura a respeito deste tão importante assunto, bem como, o uso tão limitado desta ferramenta no meio empresarial.
Com o crescimento da complexidade existente nos processos empresariais, a contabilidade pura se torna parcialmente vulnerável, trazendo aos gestores das empresas uma visão distorcida da real situação financeira e patrimonial do negócio. Este processo traz a necessidade de novas ferramentas mais eficazes, que aprimorem o controle, permitindo interpretar com maior precisão as operações da empresa.
Uma gestão empresarial competente tem como foco a administração financeira, por meio da aplicação e distribuição eficientes dos recursos necessários, alinhados com os objetivos e as metas a que se propõem os gestores da empresa.
No “fluxo de caixa” observamos que o caixa é o centro dos resultados – o chamado regime de caixa –, para todas as tomadas de decisões financeiras, representando a condição de disponibilidade imediata, diferente da concepção do resultado econômico contábil, que utiliza o regime de competência.
São diversas as áreas em que o fluxo de caixa pode ser utilizado, e inúmeros os tipos, e as empresas passaram a utilizá-los no desenvolvimento e organização de seus planejamentos, direção, controle e projeção de investimentos, ou seja, não apenas com enfoque financeiro. O “fluxo de caixa” precisa ser utilizado, com efetividade e comprometimento, em todos os setores empresariais.
A seguir, listamos os mais importantes para aplicar na empresa:
- Fluxo de Caixa Operacional
- Fluxo de Caixa Direto
- Fluxo de Caixa Indireto
- Fluxo de Caixa para Investimentos
- Fluxo de Caixa Livre
- Fluxo de Caixa para Área de Produção
- Fluxo de Caixa para Decisões de Compras
- Fluxo de Caixa para Políticas de Cobrança
- Fluxo de Caixa para a Área de Vendas
- Fluxo de Caixa Financeiro
O “fluxo de caixa” pode ser usado para obter as seguintes informações:
- Qual a capacidade da empresa de gerar recursos para financiar suas operações?
- Se a empresa é geradora de caixa, por que o dinheiro não aparece?
- Se a empresa não é geradora de caixa, o que tem viabilizado suas operações?
- Quais as necessidades de capital de giro da empresa?
- Qual a relação ótima entre o capital de giro próprio e o de terceiros na empresa?
- Qual o saldo de caixa mínimo que a empresa deve manter para fazer face às suas obrigações financeiras?
Qual a capacidade da empresa de imobilizar ou distribuir dividendos sem fragilizar a estrutura de capital de giro?
- A capacidade de geração de caixa da empresa é compatível com suas políticas de reposição de estoques e de financiamento de seus clientes?
Por tudo o que já foi citado acima, devemos estudar profundamente os métodos e as aplicações do “fluxo de caixa”, pois é com a utilização dele que o gestor manterá as finanças da empresa organizada.
Em outras palavras, administrando todo o capital existente e tomando por base as informações apuradas e as decisões conscientes e embasadas, o gestor e o empresário não podem deixar de usar o “fluxo de caixa”, ferramenta que evita que a empresa fique às cegas.
Marco Antonio Granado é empresário contábil, contador, palestrante, escritor de artigos empresariais e consultor empresarial nas áreas contábil, tributária, trabalhista e de gestão empresarial. Bacharel em direito, pós-graduado em direito tributário e processo tributário e mestrando em contabilidade, controladoria e finanças na FIPECAFI, é consultor contábil, tributário, trabalhista e previdenciário do SINFAC-SP – Sindicato das Sociedades de Fomento Mercantil Factoring do Estado de São Paulo.
(Publicado em 15/10/19)