TEMPOS DIFERENTES: COMO CONCILIAR CLIENTE, ADVOGADO E JUDICIÁRIO

As atividades modernas necessitam cada vez mais de celeridade nas relações, mas nem tudo ainda está em sintonia com relação ao tempo de cada coisa. Como podemos conciliar todos os “tempos” necessários para a harmonia entre os envolvidos?

Tempo do cliente

A nossa atividade é frenética, operamos por WhatsApp dirigindo, no elevador, no médico e, às vezes, assistindo a uma palestra.

O extrato bancário não sai da tela, a posição da carteira é analisada a todo o momento, até porque o mundo das finanças é extremamente dinâmico, rápido e voraz.

As operações são decididas em segundos. Paga aditivo, recompra, cobra, briga, analisa, tudo ao mesmo tempo agora.

Tempo do advogado

Este profissional divide seu próprio tempo entre:

- Estar acessível ao cliente por todos os meios de comunicação existentes, e não raras oportunidades está atendendo o gerente da empresa no celular, enquanto o sócio, no telefone fixo, falando sobre a mesma causa.

- Para estudar, contrapondo a sua acessibilidade, o advogado também precisa ler jurisprudência, leis (novas ou antigas), pensar sobre o tema, escrever, ler, reescrever e, finalmente, dar andamento ao tema. Isso significa, em pé de igualdade com o médico, o dentista e mesmo o piloto de avião, estar temporariamente indisponível.

- Para adequar a necessidade do cliente, administrando o relacionamento com o Judiciário.

- Tempo para o relatório, muitas vezes mais usado para controlar o trabalho do advogado do que realmente para ter a real dimensão das causas. São horas e horas infindáveis repassando processos que sequer movimentaram...

Tempo do Judiciário

O Judiciário, embora constantemente renovado, tem seus próprios ritos e prazos que devem ser obedecidos. Não adianta querer atropelá-lo.

As urgências dos casos nem sempre são as urgências do juiz, quase sempre abarrotado com milhares de processos, com poucos recursos para a todos atender.

Mesmo sendo necessário despachar uma execução, por vezes está o mesmo juiz da causa debruçado sobre um caso de vida ou morte, como a entrega de remédios para um enfermo, a separação de corpos ou o sobrestamento de uma obra que está por afetar profundamente outro prédio limítrofe.

Então, o Judiciário é pouco ou nada afeito às ansiedades do cliente, e o advogado fica, muitas vezes, espremido entre forças antagônicas.

Na medida do possível, tudo que pode ser feito, adiantado e conduzido, será realizado pelo advogado.

Reflita

Devemos demandar mais harmonia entre os “tempos”, nem tanto pela ansiedade, nem para a passividade.

Se por um lado muitos processos jazem esquecidos no Judiciário, muitas operações são perdidas, e acabam no Judiciário, exatamente porque são realizadas dentro de uma ansiedade ímpar.

Resta ao advogado tentar se adaptar a estas formas tão diferentes de compreender e viver o tempo.

Um bom Natal e um excelente 2020 para todos!

Alexandre Fuchs das Neves é advogado e consultor jurídico do SINFAC-SP – Sindicato das Sociedades de Fomento Mercantil Factoring do Estado de São Paulo.

(Publicado em 19/12/19)

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