FECHAR
FECHAR
Imprimir
Publicado em
11/02/2020
Não dá mais para gerar milhões de jovens incapacitados, verdadeiros analfabetos funcionais. Não dá mais para inviabilizar a atividade produtiva e empreendedora por gargalos físicos e estruturais em nosso país.
Mas, como no longo prazo – parafraseando Keynes – todos estaremos mortos, o que nos interessa, com urgência, é como desfibrilar nossa moribunda economia no curto prazo.
Adolfo Sachsida, Secretário de Política Econômica, afirmou em entrevista que temos um problema de alocação de recursos e que após a aprovação da Reforma da Previdência parece se fazer necessária uma ação coordenada do Estado para diminuir tais ineficiências. Falou bastante do papel perverso, por exemplo, do FGTS e de outras represas de poupança potencialmente mal direcionadas e alocadas.
É neste contexto que considero pertinente inserir nosso mercado de crédito. Não há como pensar em alocação eficiente de recursos numa economia de mercado sem pensar no bom funcionamento deste mercado.
O papel do crédito numa economia capitalista é, essencialmente, possibilitar a transferência de recursos entre investidores (poupadores) e tomadores de recursos.
Cabe ao crédito ser um transformador financeiro local e temporal, sendo necessário para o bom funcionamento das finanças de empresas e famílias.
O mercado de crédito no BrasilAo observarmos o mercado de crédito brasileiro, podemos extrair alguns pontos relevantes de várias fontes públicas:
A economia brasileira
Por outro lado, se analisarmos mesmo que superficialmente o ambiente econômico atual e futuro, temos:
Os investimentos no país
Já o mercado de investimentos vem passando por mudanças relevantes nos últimos 10 anos no Brasil:
Cenário favorável
Se combinarmos estes três vetores, é razoável concluir que vivemos um momento ímpar, cujas características não deveriam ser ignoradas.
Os investidores naturalmente buscarão por alternativas de maior retorno para seus investimentos. A vantagem é que hoje possuem mais acesso a informação e mais educação financeira para tal.
A indústria de asset management vem investindo fortemente na busca de novos produtos capazes de gerar produtos competitivos para seus clientes. Neste contexto, o crédito privado cumpre papel fundamental.
Pelos volumes que esta indústria é hoje capaz de movimentar, ela tem tudo para ser uma forte desafiante dos incumbentes bancários, reduzindo os spreads, otimizando e dinamizando a alocação de recursos entre os agentes econômicos.
Há uma demanda reprimida tanto por parte dos investidores, quando de tomadores.
Por um lado, tal demanda é resultado da busca de mais yield pelos investidores, aliada à escassez de ativos tradicionais capazes de supri-la.
Por outro lado, tomadores enfrentam uma estrutural limitação na oferta de crédito por parte dos bancos comerciais tradicionais. É o resultado de restrições de capital, sequelas provocadas pelas recentes crises de inadimplência e por nossa reconhecida concentração bancária.
Fundos de crédito estruturados são produtos (se bem geridos) capazes de substituir os bancos na concessão de crédito, considerando o conjunto do mercado.
Por possuírem menos vieses, suas carteiras são marcadas pelo risco de crédito strictu sensu. Os gestores e administradores possuem, obrigatoriamente, segregações de função e barreiras de risco que garantem confiança e a defesa do interesse dos investidores.
Há a possibilidade de especialização na construção de carteiras e na própria constituição dos fundos. O suitability das operações muito provavelmente norteará as concessões de grande parte da indústria, o que gerará um efeito positivo para os tomadores de recursos.
Cabe aos formuladores de política econômica e reguladores do mercado de capitais avaliar este cenário e lançar um olhar cuidadoso sobre as oportunidades que esta mudança de paradigma oferece.
A indústria de fundos pode alavancar significativamente nosso mercado de crédito e, com isso, contribuir para uma melhor alocação dos recursos disponíveis em nossa economia. Sendo, consequentemente, um dos gatilhos para o nosso crescimento no curto prazo.
Dinamizar ainda mais a indústria de gestão de recursos deveria fazer parte de um plano mais amplo de liberalização de nosso mercado de crédito e capitais. O Brasil agradecerá.