FECHAR

Imprimir
Publicado em 18/09/2023

Aquisição de duplicata escritural com coobrigações está ameaçada em nova resolução do BC

No final de agosto, o Banco Central publicou a esperada resolução que busca disciplinar o sistema eletrônico de escrituração de duplicatas, entre outras normativas. Ocorre que o texto impede que as operações de aquisição de duplicatas escriturais sejam realizadas com coobrigação, excluindo desse mercado, portanto, as estruturas não pertencentes ao Sistema Financeiro Nacional (SFN). Ou seja, justamente o setor de fomento comercial, formado por fundos de investimentos, securitizadoras e factorings, que é quem mais fornece crédito por meio de duplicatas para pequenas empresas. “Notamos que, ao definir que as aquisições de duplicatas escriturais sejam feitas, exclusivamente, sem coobrigação, o Banco Central desfavoreceu o fomento comercial e, inclusive, confronta normas vigentes da CVM entre outros marcos regulatórios”, esclarece Hamilton de Brito Jr., presidente do SINFAC-SP e da ABRAFESC.

 

Em nome das duas entidades, Hamilton enviou, no último dia 30/08, ofício para o Banco Central, a CVM e a ANFIDC a fim de resgatar o tratamento isonômico entre as diferentes estruturas que fazem aquisições de duplicatas e eliminar o conflito regulatório trazido pela Resolução BCB n° 339 de 24/8/2023. “Com a resolução nesses termos, o Banco Central acaba indo contra a tendência de fomento à desintermediação financeira para aumentar os players do mercado e ampliar o acesso ao crédito, cada vez mais escasso no país para pequenos empreendedores”, avalia Hamilton.

 

De acordo com o consultor jurídico do Sindicato, Alexandre Fuchs das Neves, o confronto de normas entre reguladores fica evidenciado quando consultadas as resoluções CVM 356 e 175 que permitem operações de Fundos de Investimentos com ou sem coobrigação. Além disso, o advogado cita afronta ao artigo 15 do Decreto 57.663/66 onde lê-se: “o endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação quanto do pagamento da letra”. A jurisprudência também já legitimou as operações com coobrigação dos Fundos de Investimento (Recurso Especial nº 1.726.161 - SP - 2018/0041251-0).

 

O ofício enviado ao BC aponta, ainda, contradição entre a nova resolução e Edital de Consulta Pública do próprio Banco Central do Brasil, prévio às Circulares BCB 4016/20 (revogada) e 4.815/20. “Há todo um aparato jurídico que veio para empoderar o sacador da duplicata escritural, possibilitando a negociação de menores taxas quando com coobrigação”, explica Fuchs. Neste link, é possível conferir a íntegra do Ofício enviado ao Banco Central, à CVM e à Anfidc

 

Abaixo, o trecho da Resolução BCB 339/23 que está em questão:

Inciso III do art. 2º: operação de aquisição de duplicatas escriturais: operação que consiste na transferência definitiva de duplicatas escriturais ou de unidades de duplicatas sem coobrigação, por meio de endosso, de cessão ou de outro instrumento contratual;

Nova redação sugerida pelo SINFAC-SP e pela ABRAFESC:

Inciso III do art. 2º: operação de aquisição de duplicatas escriturais: operação que consiste na transferência definitiva de duplicatas escriturais ou de unidades de duplicatas com ou sem coobrigação, por meio de endosso, de cessão ou de outro instrumento contratual

Video institucional

Cursos EAD

Fotos dos Eventos

Sobre o Sinfac-SP

O SINFAC-SP está localizado na
Rua Libero Badaró, 425 conj. 183, Centro, São Paulo, SP.
Atendemos de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.