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Publicado em 28/06/2018

Banco expande crédito e corta juro apesar de turbulências (Valor Econômico)

Os bancos ampliaram as suas carteiras de crédito e seguiram cortando juros dos empréstimos em maio, contrariando prognósticos de que poderiam adotar uma postura mais defensiva diante da forte instabilidade no mercado financeiro e da paralisação dos caminhoneiros.

O estoque de crédito no sistema financeiro apresentou alta de 0,5% em maio, para R$ 3,107 trilhões, acumulando elevação também de 0,5% no ano e avanço de 1,3% em 12 meses, de acordo com estatísticas divulgadas ontem pelo Banco Central. As concessões de empréstimos avançaram 0,4%, com ajuda de operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no crédito direcionado, que tiveram um salto de 68% no mês.

O movimento foi liderado pelos bancos privados nacionais, que expandiram a sua carteira em 1,1% no mês, para R$ 1,016 trilhão. Os bancos públicos esboçaram reação e, depois de dez meses seguidos de retração, ampliariam a carteira em 0,1%, para R$ 1,653 trilhão. As instituições financeiras estrangeiras mostraram aumento de 0,5% no estoque, para R$ 437,348 bilhões.

Segundo o chefe do departamento de Estatísticas do Banco Central (BC), Fernando Rocha, esse crescimento do saldo, aumento das concessões e redução no custo indicam que vai se consolidando a recuperação do crédito. Ainda assim, o avanço está distante da estimativa de alta de 3% feita pelo próprio BC. Rocha disse os dados diários do crédito coletados pelo BC sugerem que a paralisação dos caminhoneiros não afetou as concessões dos empréstimos.

De acordo com o diretor, as taxas de juros medidas pelo Indicador do Custo do Crédito (ICC) e pelos juros cobrados nas concessões feitas no mês mostraram redução “ampla e disseminada”.

Os juros médios cobrados nas operações de crédito com empresas e famílias caíram de 25,9% para 25% ao ano entre abril e maio, chegando ao menor percentual desde janeiro de 2015. O movimento de baixa das taxas bancárias se observa em comparações anuais e em 12 meses. Em 12 meses até maio, por exemplo, o juro médio cai 4,5 pontos percentuais. Com recursos livres, o juro médio caiu a 39,2% ao ano em maio, de 40,9% ao ano observados em abril.

A queda foi acompanhada do recuo dos spreads bancários, que representam a diferença entre os custos de captação de recursos pelos bancos e as taxas cobradas dos clientes tomadores de crédito. O spread médio recuou 1,1 ponto percentual, para 18,6 ponto percentual ao ano, enquanto houve uma elevação no custo de captação dos bancos, de 6,2% para 6,4%. Nas operações com recursos livres, os spreads caíram 2,2 pontos, para 31 pontos percentuais.

Segundo Rocha, o aumento na taxa de captação dos bancos reflete a alta dos juros de mercado no mês de maio, fruto das incertezas que atingiram o mercado financeiro em um contexto de alta mais acelerada de juros nos Estados Unidos e de incerteza sobre as eleições presidenciais no Brasil.

Duas mudanças que entraram em vigor em junho parecem ter tido impacto em linhas relevantes para as pessoas física, o cheque especial e o cartão de crédito. O juro do cheque especial caiu a 12,5% ao mês em maio, ou 311,9% ao ano, vindo de 324% no mês de abril.

Segundo Rocha, uma das possibilidades para essa queda pode ser a autorregulação proposta pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que apresentou novo modelo para o produto. A partir deste mês, o cliente que utilizar mais de 15% do limite por 30 dias será convidado a outra forma de financiamento. Segundo Rocha, questões concorrenciais também podem explicar essa redução do juro do cheque antes da entrada em vigor da medida.

No cartão, a taxa cedeu 5,1 pontos percentuais, para 243% ao ano para o cliente regular, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura. Para o cliente não regular, que não paga os 15% mínimos, a taxa caiu 39 pontos, para 346,1% ao ano. Agora em junho foi retirada a obrigatoriedade de pagamento mínimo de 15% e cada instituição adotará critério próprio. Segundo Rocha essa queda do juro pode ser, também, uma antecipação às novas regras. O BC também fez uma revisão nas séries do juro do cartão de crédito retirando informações erradas prestadas pelas instituições.

Questionado especificamente sobre a greve dos caminhoneiros, Rocha disse que a paralisação não teve impacto significativo nos dados de crédito. Rocha tirou essa conclusão após observar os dados semanais e diários sobre as concessões de crédito que são gerados pelas instituições financeiras e enviados ao BC.

O aumento das concessões e a queda de juros aconteceu em um ambiente de estabilidade da inadimplência. A taxa média do sistema ficou em 3,3% pelo terceiro mês consecutivo. Com recursos livres a taxa caiu de 4,7% para 4,6%, menor patamar desde junho de 2015, com os calotes das pessoas físicas caindo a 5%, e das empresas a 4,1% da carteira.

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