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Publicado em 13/03/2018

Banco médio digital e especializado tem maior rentabilidade (Valor Econômico)

Espremidos por custos altos e rentabilidade em queda, os bancos médios brasileiros devem passar por uma nova rodada de consolidação, aponta estudo da consultoria Roland Berger. Têm mais chances de sobreviver os que se especializarem em um nicho de mercado e os que adotarem o modelo digital.

Segundo o levantamento, a crise econômica agravou um círculo vicioso comum a instituições de médio porte no mundo todo: o funding caro leva os bancos a aceitar operações mais arriscadas, o que em momentos como o recente desemboca num aumento da inadimplência.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) médio de um conjunto de 33 bancos médios caiu de 12,1% em 2014 para 10,2% em 2017, até o terceiro trimestre - dado mais recente disponível na amostra.

Com a retração no mercado de crédito, a relação entre ativos e patrimônio líquido recuou de 9,9 vezes para 9,3 vezes no mesmo período. Alguns indicadores importantes melhoraram, caso das provisões para perdas e despesas de captação em relação ao total de ativos. No entanto, o peso das despesas administrativas e com pessoal aumentou sem ser compensado pelas receitas com serviços.

"Não é sustentável haver tantos bancos médios, a não ser que haja uma mudança estratégica", afirma o presidente da Roland Berger, Antonio Bernardo. A expectativa, diz, é que haja consolidação ou que alguns deles sejam comprados por estrangeiros.

Pelo menos entre os bancos de capital aberto, já há sinais mais claros de recuperação. O resultado combinado de seis instituições que divulgaram os dados referentes a 2017 - ABC Brasil, Banrisul, Daycoval, Banco Pan, Paraná Banco e Pine - foi de R$ 1,976 bilhão, alta de 44,6% em relação a 2016.

O estudo aponta dois caminhos possíveis para sobreviver por conta própria. Um deles é apostar na especialização e na consistência. "Os bancos mais rentáveis são aqueles que têm um segmento definido e se mantêm nele ao longo dos anos", afirma Bernardo.

A decisão de sair de outras linhas de crédito e se concentrar no consignado foi um dos fatores que beneficiaram os resultados do Paraná Banco, segundo Cristiano Malucelli, presidente da instituição. "Entendemos que existe muita oportunidade de melhorar essa operação", afirmou, em entrevista após a divulgação do balanço. O banco teve lucro de R$ 200 milhões em 2017, alta de 51,2% em relação ao ano anterior. A concessão de financiamentos com desconto em folha de pagamento aumentou 77% em 12 meses.

Quem também mudou o foco ao longo do ano passado foi o Banco Pan. A instituição controlada por BTG Pactual e Caixa Econômica Federal saiu de negócios como o crédito para empresas para se concentrar em linhas para pessoas físicas. Houve mudanças também no comando. Luiz Francisco Monteiro de Barros Neto foi anunciado em dezembro como novo presidente do banco, no lugar de José Luiz Acar, e assumiu o cargo neste mês.

Em 2017, o Pan teve lucro de R$ 212,6 milhões, depois do prejuízo de R$ 237 milhões no ano anterior. O resultado também foi o melhor desde 2011, quando o BTG se tornou sócio da Caixa na instituição.

Os bancos que atuam em segmentos específicos também se aproveitaram do cenário de escassez de crédito provocada pela retração das instituições de grande porte. O Daycoval, que atua no financiamento a empresas, consignado e veículos, lucrou R$ 482,6 milhões, alta de 14,1% em relação a 2016, com rentabilidade de 17%.

"Havia boas oportunidades, de operações com boas garantias e margens, e poucos bancos dispostos a voltar a crescer a carteira de crédito", afirmou Ricardo Gelbaum, diretor de relações com investidores do Daycoval.

O ABC Brasil, que atua no crédito a empresas, também se aproveitou do recuo dos grandes bancos. Desde 2015, a carteira da instituição avançou 14% e encerrou o ano passado em R$ 24,5 bilhões. Em 2017, o lucro da instituição controlada pelo Arab Banking Corporation foi de R$ 433 milhões, alta de 5,4%.

Uma estratégia adotada por vários bancos de médio porte foi a criação de plataformas digitais para a captação de recursos diretamente de pessoas físicas. O principal objetivo é reduzir a dependência da distribuição via corretoras, que "popularizaram" o investimento em papéis de instituições menores com o apelo da cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil.

No Pine, a plataforma própria, lançada em julho do ano passado, já é o quinto principal canal de captação. O banco, contudo, destoou das demais instituições com capital aberto e teve um ano difícil, com prejuízo de R$ 263 milhões. O resultado foi fruto de uma provisão de R$ 317 milhões feita no terceiro trimestre para cobrir potenciais perdas no crédito.

No quarto trimestre, houve uma pequena reversão do valor provisionado, e a tendência é que esse movimento continue ao longo dos próximos trimestres, segundo Norberto Zaiet, presidente do Pine. "A condição das empresas está melhorando e, com a queda dos juros, os processos de renegociação passam a caber na geração de caixa", afirmou.

Mais próximo do modelo dos grandes bancos, o gaúcho Banrisul apresentou trajetória de recuperação no ano passado. O lucro da instituição foi de R$ 1,053 bilhão, com crescimento de 59,6% em relação a 2016.

Apesar da melhora, o desempenho do banco controlado pelo governo do Rio Grande do Sul também dependerá da situação financeira do Estado, segundo analistas. No ano passado, o governo chegou a anunciar a intenção de fazer uma oferta de ações até o limite do controle do banco, mas a operação foi suspensa.

 

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