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Publicado em 24/10/2017

Bancos devem manter spread alto em 2018 mesmo com melhora econômica (DCI)

O custo do crédito deve continuar elevado ao longo de 2018. Com risco alto ante inadimplência excessiva e a capacidade de pagamento ainda comprometida, bancos só devem aderir trajetória mais expressiva de queda nos spreads a partir de 2019.

A queda de 5 pontos da taxa básica de juros (Selic), de 14,25% em 2015 – no seu auge – para 9,25% em agosto deste ano foi suficiente para reduzir em 4 pontos percentuais a taxa de captação total dos bancos no período de 11,2% para 7,2%.

O movimento, porém, não foi o suficiente para que as instituições financeiras mostrassem repasses significativos nos spreads – diferença entre o custo do dinheiro para o banco (taxa de captação) e o quanto é cobrado nas operações de crédito (taxa de aplicação) – que, no total, subiram 2,8 p.p. na mesma relação, de 18,5 para 21,3 p.p..

De acordo com o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) Silvio Paixão, três perspectivas são plausíveis para que os bancos ainda não tenham tomado uma atitude de repasses menores no crédito às pessoas físicas e jurídicas.

“As instituições podem tanto ter a percepção de que a redução da Selic não é algo tão sustentável assim, como também de que a ligeira queda da inadimplência que vimos até agora pode se reverter. Além disso, sempre há a necessidade de manter o resultado financeiro que, com a atual carteira reduzida, também influencia um repasse não tão grande aos consumidores e empresas”, explica.

Nesse sentido, mesmo ante a estabilidade da inadimplência em agosto deste ano com relação a igual período do ano passado (3,7%), a comparação com dezembro de 2015 (3,4%) mostra alta de 0,3 p.p..

Ao mesmo tempo em que, quando observado em relação a pessoas físicas, por exemplo, os spreads demonstraram aumento de 1,9 ponto percentual (p.p.) na comparação de dezembro de 2015 com agosto deste ano, de 26,7 p.p. para 28,6 p.p., enquanto pessoas jurídicas subiram 1,8 p.p. na mesma base de comparação (de 9,7 para 11,5 p.p.). “A maior barreira vem dos calotes, que ainda precisam mostrar um risco menor para uma atitude mais significativa dos bancos. Nesse cenário, a única espera que podemos ter com relação ao custo de crédito em 2018 é de algumas oscilações, mas não de queda”, contextualizou o coordenador do curso de administração do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais de Minas Gerais (Ibmec/MG) Eduardo Coutinho.

Limite para redução

A agenda do Banco Central, por outro lado, que vinha com a intenção de reduzir o custo do crédito na ponta ainda pode trazer impactos positivos na postura bancária quanto à redução dos spreads.

Para o professor de finanças do Labfin da Fundação Instituto de Administração (FIA) Marcos Pelluci, porém, há um limite para a queda nesse repasse.

“Mesmo com a percepção de que a agenda do Banco Central será bem sucedida, eu acredito que essa redução terá algum limite. Existe um piso pra isso. Sem contar que a incerteza futura ainda continua atrapalhando”, pondera.

Na mesma linha, a falta de horizonte em relação aos candidatos à presidência do ano que vem e às possíveis posturas do governo com relação a economia posterga uma queda mais visível dos spreads.

“Por enquanto todas as projeções são negativas e isso segura a queda do custo de crédito. A expectativa é que, dependendo do desenrolar da política e da economia no ano que vem, a redução só venha em 2019”, conclui Paixão.

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