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Publicado em 19/12/2019

Bancos discutem como cobrar tarifa (Valor Econômico)

Os bancos ainda estudam como se adequar às novas regras do cheque especial, faltando pouco mais de duas semanas para elas entrarem em vigor. As instituições discutem internamente se vão cobrar a tarifa mensal de 0,25% de todos os clientes com limite acima de R$ 500 ou se vão isentar aqueles com quem tiverem maior relacionamento comercial. Também está em questão se vão aplicar a taxa máxima de juros permitida pelo Banco Central (BC), de 8% ao ano.

Em pelo menos dois bancos, segundo apurou o Valor, está sob análise a possibilidade de não cobrar tarifa dos clientes com determinado volume de investimentos na casa. Outra instituição financeira prevê, por enquanto, aplicar igualmente o teto de juros e a cobrança de 0,25% a todos os correntistas que quiserem um limite superior a R$ 500. Porém, não há decisão tomada.

O tema é considerado sensível pelos bancos não apenas pelo impacto financeiro das mudanças - estimado em até 5% do lucro líquido de 2020 -, mas também pelo potencial dano de imagem. “A medida gera uma fricção enorme com o cliente e não desincentiva o uso do cheque especial”, afirma um diretor de um grande banco. “Ainda não sabemos se vamos cobrar [tarifa].”

É praxe no mercado isentar clientes com maior volume de investimentos da cobrança de tarifas de serviços de conta corrente. Sob esse aspecto, faria sentido estender o benefício ao cheque especial. A dificuldade, nesse caso, é que os correntistas que têm mais recursos aplicados também são normalmente os que têm os maiores limites - e os que menos usam efetivamente a linha. Ou seja, eles costumam ter um grande montante de crédito disponível, mas geram pouca receita para as instituições financeiras nesse produto específico.

No fim de novembro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou mudanças nas regras com o objetivo de baratear a linha. A cobrança de tarifa foi estabelecida para ajudar os bancos a cobrir os custos que têm com a modalidade e, assim, reduzir as taxas de juros - que hoje estão, na média, em 12,4% ao mês.

Esses custos estão relacionados a dois fatores principais. Um deles é a inadimplência do cheque especial, em torno de 16% da carteira, quase cinco vezes maior que a média do crédito a pessoas físicas com recursos livres. O outro diz respeito à alocação de capital. As instituições financeiras têm de reservar capital sobre todo o limite concedido aos clientes, mesmo que eles não usem a linha e, portanto, não remunerem esses recursos.

Por isso, a cobrança de tarifas era um pleito das próprias instituições financeiras, inspiradas nos modelos adotados em outros países, como Estados Unidos. Só que a medida não veio como esperavam. Primeiro, por causa do teto imposto à taxa de juros. Segundo, porque a tarifa estipulada pelo BC não é escalonada conforme o perfil de usuário e não atinge justamente os que mais recorrem à linha.

De acordo com dados do Banco Central, o cheque especial está disponível para 80 milhões de correntistas no país. Desses, 19 milhões estariam livres da cobrança mensal porque têm limite inferior a R$ 500. Outro levantamento do órgão regulador indica que 44% dos usuários da linha têm renda de até dois salários mínimos por mês.

Definições sobre as ofertas dos bancos são aguardadas para os próximos dias. O teto para a taxa de juros começa a valer em 6 de janeiro. A cobrança de tarifa também vai vigorar a partir dessa data para novos contratos. No caso dos clientes antigos, que já têm cheque especial disponível, as tarifas serão cobradas a partir de junho, mas a comunicação deve ser feita a eles um mês antes.

 

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