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Publicado em 02/07/2019

Bancos e varejistas lideram indicações (Valor Econômico)

Apesar de a Petrobras se manter na liderança das ações mais indicadas para a Carteira Valor pelo nono mês consecutivo, um dos destaques da lista do mês de julho é o setor financeiro. Depois de o índice Ibovespa registrar 100 mil pontos na semana passada, tanto as ações da própria bolsa como as de três dos cinco principais bancos de varejo do país aparecem na seleção: Bradesco, Banco do Brasil e Itaú.

Além da perspectiva de maior movimentação no mercado financeiro, a expectativa de melhora da economia motivou as escolhas, já que na visão dos analistas os bancos tendem a se beneficiar do aumento do emprego e da volta do consumo. A perspectiva de retomada norteou ainda as escolhas de ações que se beneficiam diretamente dessa reação, como Pão de Açúcar e Lojas Renner.

Os resultados positivos apresentados no primeiro trimestre e a expectativa de que se repitam no segundo trimestre também seguem no radar dos analistas. A Vale segue na seleção mesmo após o rompimento da barragem de Brumadinho devido às boas perspectivas para o preço do minério de ferro.

Já a Gerdau segue entre as preferidas dos analistas porque, apesar da baixa demanda por aço em meio à atividade econômica fraca, as ações ainda são negociadas com desconto. É nessa toada que os analistas também recomendam ações da Rumo, de olho em um possível anúncio do governo de um novo ciclo de projetos de infraestrutura.

Na liderança pelo nono mês seguido, as ações da Petrobras foram indicadas por 10 corretoras das 17 participantes. A estratégia de "desinvestimento" da companhia, que está colocando à venda alguns dos seus ativos, é uma das principais motivações para a escolha, segundo Rafael Passos, analista da Ativa Investimentos.

"A Petrobras vem reposicionando seu portfólio em ativos de maior rentabilidade, com foco na desalavancagem financeira. Além disso, a expectativa de maior volume de produção para este ano, viabilizado pelo 'ramp-up' [construção] das plataformas recém-instaladas, deverão impulsionar margens e geração de caixa operacional em 2019", afirma Passos.

Para Pedro Galdi, analista da Mirae, o desempenho da Petrobras deve mostrar "substancial melhora no médio prazo, considerando a continuidade do processo de vendas de ativos e a finalização da questão da cessão onerosa".

A cessão onerosa deve gerar à Petrobras o valor de US$ 9,058 bilhões até o fim deste ano. A discussão em questão trata de um contrato firmado em 2010, quando o governo permitiu à estatal explorar 5 bilhões de barris na área do pré-sal. Com a descoberta de um volume maior de petróleo, o governo venderá o excedente localizado.

Além da Petrobras, outra produtora de commodities que aparece na seleção é a Vale, indicada por cinco casas. A escolha foi motivada pelo aumento do preço de minério de ferro após o rompimento da barragem de Brumadinho. O valor do produto aumentou devido à queda na oferta após o acidente.

"Apesar desse fator [Brumadinho] determinar queda das vendas físicas dos produtos, ocorreu uma substancial mudança na relação [entre] oferta e procura por eles no mercado transoceânico, já que com a redução da oferta ocorreu forte alta no preço destes dois produtos", afirma Galdi, da Mirae. Segundo o analista, o preço do minério de ferro saiu de US$ 65 por tonelada antes do acidente para US$ 95 por tonelada ao fim do trimestre, o que fez com que o preço médio de venda se situasse em US$ 82,7 nos primeiros três meses do ano. "Este substancial aumento de preço acabou minimizando a redução das vendas físicas", afirma.

No setor siderúrgico, a Gerdau se destaca apesar da baixa demanda por aço. As ações da companhia são negociadas com desconto de 25% em relação às concorrentes Usiminas e CSN e abaixo do valor justo, segundo a XP Investimentos.

"O setor é muito dependente da economia doméstica, mas o patamar das ações está muito atrativo neste momento. Esperamos que os resultados acelerem gradualmente, puxados principalmente pela venda de aço para a indústria automobilística", diz Betina Roxo, analista da XP Investimentos.

Estratégia de "desinvestimento" da Petrobras amplia perspectiva de ganhos com ações da empresa

Outra empresa que deve se beneficiar com a aceleração de resultados é a Rumo, do setor de logística. A empresa está na expectativa de que o governo anuncie um novo ciclo de projetos de infraestrutura, que pode favorecê-la. Além disso, o transporte de produtos agrícolas deve crescer por dois motivos. "Esperamos que o volume da safra de milho seja recorde e que, com a peste suína na China, a distribuição de soja no Brasil aumente", diz Luiz Peçanha, analista do Safra.

No setor financeiro, as ações da B3 voltaram à seleção após o Ibovespa registrar 100 mil pontos. Na visão de Rafael Passos, da Ativa, a expectativa do mercado é que os números operacionais continuem com um volume mais forte no segundo trimestre, especialmente de ações e futuros. Para ele, o quadro de juros mais baixos e o momento positivo para renda variável justificam a perspectiva, já que muitos investidores buscarão ganhos mais significativos na bolsa em vez de aplicarem em renda fixa.

"Acreditamos que o volume de negócios deverá continuar a crescer ao longo de 2019. Observamos uma janela bastante positiva do mercado acionário, que tende a favorecer as operações de emissões de ações, e a B3 deve capturar o momento positivo para o mercado de capitais", diz. A expectativa é de 20 a 30 ofertas entre IPOs (abertura de capital) e "follow on" (quando uma companhia põe mais ações à venda) nos próximos 18 meses, o que deve impulsionar os ganhos operacionais da B3.

Entre os preferidos do setor financeiro, estão os papéis do Bradesco, banco favorito da XP Investimentos. Para os analistas da corretora, a instituição está muito exposta à recuperação do ciclo de crédito, puxada principalmente por pequenas e médias empresas e por pessoas físicas após sofrer com a inadimplência.

"O Bradesco tem um posicionamento mais exposto ao varejo e tem mais espaço para reduzir despesas. Além disso, o preço da ação ainda é negociado com desconto, mesmo com a forte valorização recente, considerando o crescimento de lucros projetado", diz André Martins, analista da XP Investimentos.

A escolha das ações do Banco do Brasil (indicadas por cinco casas) foi baseada no "forte resultado no primeiro trimetre", segundo Galdi, da Mirae. Para o analista, os números superaram as expectativas. "Apesar de ainda apresentar um dos mais baixos retornos sobre patrimônio entre seus pares, conseguiu se destacar na linha do indicador de inadimplência acima de 90 dias", afirma.

O analista também destacou que o novo governo sinalizou que não há interesse em privatizar o banco, mas pretende alienar ativos para torná-lo mais competitivo no setor, o que atrai investidores e pode fazer com que as ações se valorizem ao longo do ano.

A Socopa preferiu as ações do Itaú Unibanco. Segundo Nicolas Takeo, analista da casa, os papéis estão descontados. "Enxergamos um potencial de alta de 12% para a ação em um horizonte de 12 meses", afirma.

Segundo o analista, o banco tem uma "boa capacidade de alavancagem devido aos níveis de liquidez superiores aos exigidos pela autoridade monetária". Ou seja, o banco tem capital suficiente para fazer investimentos.

Com a perspectiva de retomada da economia, os analistas também buscam representantes do varejo que possam aproveitar o cenário mais favorável e a volta do consumo. A escolha da Elite Investimentos, por exemplo, foi para a Lojas Renner. A motivação foram os bons resultados registrados pela companhia no primeiro trimestre deste ano. O lucro líquido foi de R$ 161,6 milhões, 45% superior ao do mesmo período do ano passado. O Ebitda ajustado somou R$ 316,3 milhões nos três primeiros meses, cifra 26,8% superior à do mesmo intervalo de 2018.

Na seleção da Socopa para aproveitar a retomada econômica entraram as ações do Grupo Pão de Açúcar. Segundo Nicolas Takeo, analista da corretora, com os indicadores de emprego, renda e confiança do consumidor mostrando melhora, a companhia deve apresentar resultados ainda melhores do que vêm apresentando. O analista ainda afirmou que o papel está com um preço mais baixo do que o que realmente vale, a seu ver, o que representa um potencial de ganho.

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