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Publicado em 03/03/2020

Bancos mudam instalações para lidar com coronavírus (Valor Econômico)

Bancos e gestores de recursos europeus vêm intensificando os preparativos para poder manter suas equipes trabalhando durante a epidemia de coronavírus e muitos já estão de prontidão para transferir pessoal a locais fora de seus escritórios caso necessário. Depois de uma semana de alta turbulência nas ações, títulos e commodities, provocada pela ameaça do covid-19 à economia mundial, bancos e autoridades supervisoras vêm trabalhando para garantir que os mercados tenham condições de continuar em funcionamento sem problemas operacionais.

O Banco da Inglaterra informou que trabalha com o Tesouro, com a Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês) e com seus parceiros internacionais para “garantir que todas as medidas necessárias sejam tomadas para proteger a estabilidade monetária e financeira”, comentários que também refletem as expectativas cada vez maiores de que os bancos centrais cortem taxas de juros ou usem outras ferramentas para tentar mitigar o impacto econômico do vírus.

À medida que o vírus altamente infeccioso se dissemina, também cresce o risco de que essas firmas não tenham condições de manter em funcionamento suas grandes mesas de operações, frequentemente instaladas em ambientes sem divisões, nos quais há centenas de operadores e analistas, próximos uns aos outros.

As autoridades supervisoras britânicas têm consciência do risco que um cenário extremo representaria à estabilidade do mercado e estão em contato regular com os bancos para garantir que eles estejam preparados para ativar planos de contingência no setor, segundo fontes a par das conversas.

“Não podemos ter interrupções nos mercados, caso isto se dissemine ainda mais”, disse uma das fontes ouvidas.

A FCA, órgão supervisor dos mercados financeiros do Reino Unido, informou que “trabalha de perto com o setor de serviços financeiros para assegurar que [as empresas] estejam reagindo de forma eficaz à epidemia”. “Queremos que todas as firmas tenham planos de contingência prontos para lidar com grandes eventos, de forma a que possam continuar efetivamente operando”, destacou a FCA.

Os mercados de ações mundiais caíram quase 13% na semana passada, depois de a disseminação do vírus ter se agravado na Itália e na Coreia do Sul e começado a se espalhar pelos Estados Unidos. Apesar dos abalos, os sistemas de operação funcionaram normalmente.

Para os bancos, enviar pessoal para trabalhar em casa ou em locais fora do escritório é uma tarefa complicada, mas não impossível. Alguns bancos já dão aos funcionários telefones celulares com linhas cujas conversas são gravadas, que são essenciais para monitorar as conversas e ajudar a consertar erros ou minimizar o risco de compartilhamento de informações delicadas pelos operadores.

Em certos casos, aplicativos para comprar e vender ativos eletronicamente, como os dos terminais da Bloomberg, estão disponíveis para uso remoto. Além disso, existem locais secundários específicos para operação em casos de desastres, que são projetados para operar em conjunto com as instalações principais.

Caso os bancos também precisem ter determinados funcionários fora desses locais alternativos, trabalhando, por exemplo, em casa, podem surgir mais complicações. O AFME, grupo lobista das instituições financeiras europeias, avalia se alguns órgãos supervisores nacionais poderiam eximir os bancos de regras exigindo que certas atividades sejam realizadas apenas nas instalações usuais, segundo uma das fontes.

Ainda assim, bancos e investidores sabem que enviar pessoas para trabalhar em locais remotos ou em cidades satélites de Londres traria ineficiências ao trabalho das mesas de operação. Nenhuma firma fez isso ainda, mas muitas pessoas a par dos planos dizem que os bancos vão começar a estudar os protocolos mais de perto nesta semana.

Uma fonte disse que o Deutsche Bank já implementou um esquema de “operações divididas” na Ásia, com as equipes dividindo-se em duas para trabalhar em locais diferentes. “O Deutsche Bank está tomando medidas ativamente para proteger funcionários e clientes e assegurar a continuidade das operações em todos nossos negócios”, informou a instituição em comunicado.

O HSBC destacou estar preparado para atender os clientes, com seu pessoal operando em “múltiplos locais”. “Temos medidas de contingência bem treinadas para garantir que processos críticos sejam mantidos”, acrescentou.

Uma grande firma de investimentos britânica adotou um esquema de restrição. Isolou escritórios e interrompeu o deslocamento de pessoal entre eles, mantendo as instalações operacionais. Uma fonte disse que os procedimentos são resultado de um “planejamento de altíssimo nível contra crises”.

“Na semana passada, fizemos verificações duplas de nossos planos de manutenção dos negócios para garantir que tudo esteja preparado”, disse outra fonte, um gestor sênior de uma grande gestora europeia de recursos, ao “Financial Times”. Se a situação piorar, a firma vai dividir suas equipes de operações em dois grupos, com um deles trabalhando em instalações fora do escritório usual. “Ambas as equipes trocariam de local semanalmente e os escritórios passariam por limpeza profunda no meio tempo.”

O planejamento também vem sendo reforçado nos maiores bancos franceses. Alguns aguardam aprovação das autoridades supervisoras para permitir que operadores trabalhem em casa. Os bancos na França também pretendem, como primeira medida, dividir as equipes nos escritórios usuais e em locais secundários. Parte das operações de corretagem também poderia ser transferida a países menos afetados. A maioria dos bancos e firmas de investimento já restringiu as viagens internacionais e passou a realizar mais videoconferências para tentar proteger os funcionários do vírus.

 

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