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Publicado em 09/05/2019

Cadastro positivo é esperança para os bons pagadores (Valor Invest)

A nova lei do cadastro positivo entrou em vigor em 9 de abril e a expectativa do governo é que mais de 100 milhões de brasileiros sejam incluídos no banco de dados, que passou a ter adesão automática.

Para o secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, a expectativa é de que a quantidade de crédito disponível aumente de 47% para 66% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos, como resultado direto da nova lei. Enquanto que a inadimplência deve cair em até 45%, conforme estimativas do governo.

O prognóstico dos efeitos na economia do país é otimista. Mas tudo isso só irá se concretizar se os consumidores realmente se beneficiarem do Cadastro Positivo, que é primeira iniciativa que busca “premiar” os bons pagadores.

Até então, apenas punia-se os mau pagadores, seja com juros mais altos ou até mesmo com a rejeição de pedidos de empréstimos.

A questão é que os bons pagadores também pagavam o pato nisso, uma vez que os juros dos empréstimos bancários costumam ser padronizados e esses números (ainda estratosféricos) levam em consideração sempre o pior cenário de calote que os bancos podem levar.

Agora, a grande expectativa dos consumidores é conseguir financiamento com juros mais baixos. Para isso, instituições financeiras irão, teoricamente, avaliar o “score” de cada cliente.

O score é a nota que o consumidor recebe por instituições como Serasa Experian e Boa Vista Serviços e leva em consideração o seu relacionamento com bancos e outras instituições financeiras.

O score não é o único dado utilizado por instituições financeiras na hora de decidir se vai conceder um empréstimo. Ainda assim, a estimativa é de que os juros ao consumidor caiam.

“Quando você aumenta a quantidade de informações disponíveis, a tendência é aumentar a oferta de crédito. Com isso, a tendência é cair o preço [de financiamentos e empréstimos], já que você tem mais concorrência”, explica José Luiz Rodrigues, conselheiro da ABFintechs.

Lembrando que os bancos agora também competem nesse mercado com as fintechs, empresas que oferecem soluções financeiras por meio de tecnologias.

No entanto, não é só a competitividade no mercado que aumenta ou diminui o spread – diferença entre os juros que o banco paga ao investidor que lhe empresta dinheiro (nos CDBs, por exemplo) e o valor que ele cobra para emprestar.

Recentemente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a inadimplência é responsável pelo elevado nível de juros cobrados mesmo com a Selic no menor patamar histórico.

Segundo Campos Neto, 37% do spread é justificado pelos inadimplentes e apenas 15% se convertem em lucro para os bancos.

“Tem uma questão de conjuntura econômica também. A questão do spread não vai se resolver com uma atitude isolada, com o Cadastro Positivo. Tem que aprovar reforma da Previdência também”, diz Rodrigues, da ABFintechs.

Para Dirceu Gardel, presidente da Boa Vista, o grande benefício do Cadastro Positivo será redução da inadimplência. Mas isso só deve ser sentido pelo mercado cerca de seis meses de pleno funcionamento da ferramenta.

“Na medida em que cai a inadimplência, quem dá o crédito sabe quem é melhor pagador”, pondera Gardel.

Já posso pedir “desconto” na taxa de juros?

O conselheiro da ABFintechs recomenda que o consumidor pesquise seu score e use como instrumento de barganha na hora de negociar com o gerente.

Mas isso não será do dia para a noite. Na verdade, vai demorar mais ou menos um ano.

Após a publicação no Diário Oficial, que ocorreu em 9 de abril, os bancos e as instituições financeiras têm 90 dias para reunir os dados dos brasileiros e repassar para os bancos do Cadastro Positivo.

Esse banco de dados deve estar formado, com todo o histórico desde abril, no fim de julho, calcula Dirceu Gardel, presidente da Boa Vista. A partir daí as informações serão atualizadas mensalmente.

“Isso não vai acontecer de forma automática. Vamos ter que inserir 15 milhões de pessoas físicas e mais 20 milhões de pessoas jurídicas. É uma base de dados gigantesca”, estima Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian.

Antes de ter seus dados liberados para as instituições financeiras, você vai receber uma carta informando que foi incluído no Cadastro Positivo. Isso está na lei e ninguém poderá saber nada sobre você até que seja avisado.

A Boa Vista estima que levará um mês até que todos os brasileiros incluídos sejam informados. Ou seja, o Cadastro Positivo só deve começar a ser aplicado mesmo a partir de setembro e seus impactos demoram mais.

“Vamos realmente começar a ver o resultado a partir de janeiro...fevereiro do ano que vem. Mas efeito bom só vem uns 3 a 6 meses depois disso”, explica Gardel.

O conselheiro da ABFintechs acredita que dentro de um ano as instituições financeiras devem estar mais adaptadas ao uso do score pelos consumidores. “No modelo de hoje não é difícil, mas vai depender do interesse das pessoas”, diz.

Você pode consultar o seu score nos sites da Serasa e da Boa Vista.

Os especialistas das duas empresas concordam que os juros tendem a cair conforme os consumidores busquem por seus direitos e usem seu score para “bater de porta em porta” até encontrar a melhor taxa.

Como aumentar o seu score?

Como você já deve imaginar, a melhor forma de conseguir – e manter – boas notas no score, que vai de zero a mil, é pagar todas as suas contas em dia.

Para não extrapolar sua capacidade de pagamentos, e acabar atrasando algum boleto, Luiz Rabi recomenda que você não comprometa mais do que 20% de sua renda com financiamentos.

Isso vale também para aquelas comprinhas parceladas no cartão de crédito. Fez parcela? Entra nessa conta, mesmo que seja sem juros.

Muitas vezes as contas parceladas dão uma ideia errada de um consumo menor do que realmente foi feito. Portanto, não caia nesse autoengano.

Você também precisa manter seus dados bancários sempre atualizados.

“É importante ter um comprovante de renda atualizado. A parte cadastral atualizada conta a favor do score. O elemento que joga contra é ter pouca informação”, diz Luiz Rabi.

Em tese, quanto mais relações financeiras você tiver melhor para o seu score.

Isso, claro, se você mostrar que sabe trabalhar com crédito de forma positiva e não se enrolar nessa quantidade de relações bancárias. Um cartão de crédito com gastos controlados e pago em dia é bem-vindo para o seu score ser bom, por exemplo.

“As pessoas que tiverem melhores hábitos de pagamento terão melhores taxas”, diz Rabi.

E se eu quiser tirar meu nome?

Se antes o consumidor precisava solicitar a inclusão de seus dados no Cadastro Positivo, com a nova lei o procedimento passa a ser oposto. Quem quiser ser retirado da lista terá que fazer uma solicitação para sair do radar de empresas como Boa Vista e Serasa.

Se você tem o score baixo e está pensando em cancelar sua inscrição para evitar ser penalizado quando precisar de algum financiamento, o tiro pode sair pela culatra.

Se a instituição financeira não tiver informações sobre você, irá calcular que seu risco é elevado e pode acabar cobrando juros ainda mais altos do que se tivesse acesso ao seu score – ainda que baixo.

“O mercado precifica sempre o risco. A informação pode não ser a melhor, mas é melhor que ela exista”, diz José Luiz Rodrigues.

Se você está inadimplente, procure o banco ou loja e renegocie a dívida. A partir disso, pagando corretamente as parcelas, seu score voltará a subir.

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