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Publicado em
13/09/2018
É o que mostra pesquisa divulgada ontem (12) pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que a falta de uma educação financeira, ainda em meio a um mercado de trabalho de baixa qualidade (desemprego, salários menores e informalidade), faz com que o consumidor não analise essas parcelas antes de concluir a compra.
“Esse endividamento ocorre porque o cartão de crédito e o cheque especial são modalidade fáceis de crédito. Já o crediário é um estímulo a compra, ao parecer uma saída rápida para aquela aquisição. As pessoas só veem se as parcelas cabem no orçamento, não fazem contas”, diz.
Segundo a especialista, de fato, fazer uma conta de taxa de juros embutido nessas prestações no momento da compra, isto é, “de cabeça”, não é fácil “nem para um economista”. Por isso, Marcela Kawauti sugere que antes de consumir um produto ou serviço, reserve-se um dinheiro para esse fim.
O levantamento, que consultou um total de 910 consumidores, mostrou que antes de contratar crédito, parte de seus usuários costuma analisar as tarifas e os juros praticados ao fazer um financiamento (71%) ou contrair um empréstimo (70%). Enquanto 45% ignoram as taxas do cheque especial e três entre dez (30%) reconhecem que não avaliam os encargos do cartão de crédito na hora de aceitar uma proposta.
Ao serem questionados sobre quais gastos controlam entre as modalidades utilizadas, 85% afirmam que ficam de olho no cheque pré-datado, 77% nas parcelas do financiamento e 75% do empréstimo. Ao mesmo tempo, o crediário (31%) e o cartão de crédito (30%) são os instrumentos que têm menor atenção.
Ainda de acordo com a pesquisa, quatro em cada dez brasileiros (41%) dizem sim a ofertas de cartões de crédito de bancos ou lojas.
Ao receber contato de instituições ou empresas oferecendo cartões, 15% aceitam somente se tiver isenção de anuidade e outros 15% se de fato precisarem, enquanto 7% apenas porque gostam de ter crédito disponível e 3% acabam contratando sem sequer avaliar sua real necessidade.
Já o percentual dos que aderem a propostas de instituições para aumentar o limite de cheque especial é de 37%. Quando recebem ofertas de bancos para limite maior do cheque ou crédito extra, 19% concordam apenas se houver necessidade, 14% para ter “crédito disponível caso precisem” e 4% aceitam a proposta sem avaliar se precisam. No entanto, 32% dispensam a oferta por afirmar não existir necessidade de crédito, especialmente os homens (36%) e consumidores com mais de 55 anos (52%).
A pesquisa revela também essa tendência de usar modalidade menos “burocratizadas”. O cartão de crédito lidera o ranking dos instrumentos de crédito mais utilizados no último ano, com 67% das menções. Em segundo lugar surge o crediário, como carnês, boletos e cartões de loja (27%). Na sequência aparecem o limite do cheque especial (17%), o empréstimo consignado em bancos (14%) e o empréstimo pessoal em bancos (12%).
Marcela comenta que o que chama atenção de 2017 para 2018 é o fato de que a inadimplência está alta não só na tomada de empréstimos, mas também em nas contas básicas, como água e luz. Desta forma, ela ressalta a importância do consumo consciente.