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Publicado em 02/07/2020

Cielo refuta barreira ao pagamento via WhatsApp (Valor Econômico)

A credenciadora de cartões Cielo, dos acionistas Banco do Brasil e Bradesco, está prestando informações e monitorando as deliberações do Banco Central (BC) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para retomar a solução de pagamentos via WhatsApp, em parceria com o Facebook. Mesmo com tom conciliador frente às autoridades, a companhia nega que tenham sido impostas barreiras à entrada de competidores. “Nunca existiu e não existe exclusividade para a Cielo no pagamento via WhatsApp”, disse Paulo Caffarelli, presidente da Cielo, em live do Valor.

Líder em pagamentos no país, a Cielo entrou no radar dos reguladores nos últimos meses sob a suspeita de adotar práticas que trazem danos ao mercado e aumentam a concentração. As autoridades questionam o negócio fechado com o Facebook, devido ao tamanho da fatia de mercado da credenciadora, em torno de 40%, e da quantidade de usuários da rede social no país, de 120 milhões.

Além disso, o BC e o Cade analisam medidas impostas às subcredenciadoras e marketplaces, companhias que pagam uma taxa para usar o sistema da credenciadora e prestar serviços de pagamento. A Cielo, no entanto, nega a alcunha de anticompetitiva. “Refutamos qualquer alegação de práticas anticoncorrenciais”, disse Caffarelli.

Lançado em 15 de junho, o pagamento via WhatsApp foi suspenso após oito dias. O negócio envolve a Cielo, as bandeiras Visa e Mastercard e os emissores de cartões Banco do Brasil, Nubank e Sicredi. De acordo com o presidente da Cielo, a empresa participou de concorrência para prestar o serviço de credenciamento para o aplicativo juntamente com outros competidores.

Caffarelli não quis dar uma previsão de restabelecimento do serviço, que chegou a ser oferecido em fase de testes para os clientes do aplicativo, mas afirmou que as bandeiras, que são as donas do arranjo de pagamentos desenvolvido, estão prestando todo tipo de informação aos reguladores, assim como o Facebook e a própria Cielo. “É preciso aguardar que tanto o BC quanto o Cade estejam satisfeitos com as informações.”

Uma preocupação com o serviço de pagamentos via WhatsApp é com a proteção de dados dos usuários. Mundialmente, o Facebook é questionado sobre qual o tratamento dado às informações obtidas dos clientes. Os reguladores querem se assegurar de que elas não serão compartilhadas entre as várias redes sociais controladas por Mark Zuckerberg. “O pagamento está dentro do arranjo das bandeiras Visa e Mastercard e de outras que vierem. É óbvio que ele é observado sob todas as óticas de risco e está em situação de normalidade em termos de segurança.”

Há desconforto ainda com o fato de o BC não ter informações sobre as movimentações no aplicativo. Sobre esse ponto, o executivo afirmou que a visibilidade será alcançada quando o pagamento via WhatsApp for conectado ao ambiente do Pix, plataforma de pagamentos instantâneos desenvolvida pela autoridade monetária. De acordo com o presidente da Cielo, a credenciadora vai aderir à plataforma, inclusive se o BC antecipar o pré-lançamento para setembro, conforme sondagem feita com o mercado e noticiada pelo Valor.

Ainda em relação a práticas anticoncorrenciais, a Cielo se deparou com reclamação feita ao BC por subcredenciadoras e marketplaces de que a empresa estaria solicitando informações de seus clientes - elas argumentam que, com base nesses dados, a Cielo poderia assediar seus clientes. Caffarelli disse que o pedido ocorreu porque a responsabilidade sob a “gestão” das subcredenciadoras se dá pelas credenciadoras, portanto elas têm de acompanhar o fluxo de dinheiro nessas empresas. “Em nenhum momento solicitamos dados, mas temos de acompanhar o fluxo do dinheiro.” Uma saída para esse impasse, diz, seria acompanhar esse fluxo com empresas independentes que prestam esse serviço às credenciadoras.

Outra reclamação é com o corte de linha de antecipação de recebíveis. Em momentos de crise, bancos e credenciadoras têm restrição de captura de recursos, que acabam por impactar a disponibilidade de recursos. “Quando deixamos de fazer um tipo de antecipação, é por discricionariedade nossa, não temos obrigação de fazer”, diz Caffarelli.

Em um setor em transformação, a Cielo vem sendo impactada por mudanças na regulamentação, a chegada de novos competidores e novas tecnologias. Sobre esse último ponto, o executivo vê espaço reduzido em uma eventual concorrência do setor tradicional de pagamentos - bandeiras, emissores e credenciadoras - com o Pix.

“Quando a gente fala de Pix, estamos falando, em um primeiro momento, de transações de débito, mas o volume das transações de crédito é muito relevante no varejo e a covid-19 trouxe um protagonismo forte das adquirentes, com aumento da demanda pelas transações on-line.” Ele dá o exemplo que, na Índia, houve um processo muito parecido ao ocorrido no Brasil, com uma nova plataforma de pagamentos, que resultou em aumento da inclusão digital.

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