FECHAR

Imprimir
Publicado em 07/11/2019

Com fim de fundos, FAT pode ser extinto ou remodelado (Valor Economico)

O governo federal poderá acabar ou reestruturar completamente o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que banca os pagamentos do seguro-desemprego e abono salarial, caso seja aprovada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue fundos públicos da União, dos Estados e dos municípios.

Em 2018, segundo dados do Ministério da Economia, o FAT foi quem teve o maior superávit financeiro (sobra de recursos que ficam depositados na conta única), de R$ 46,5 bilhões. O segundo maior é o Fundo Social, com R$ 27,7 bilhões, seguido do Fundo de Garantia às Exportações (FGE), com 26,5 bilhões.

Pela proposta, todos os fundos que não forem ratificados pelos parlamentares em dois anos serão extintos. Só a União conta com 281 fundos públicos, que tem R$ 220 bilhões que estão parados. Com a PEC, num primeiro momento, deverão ser extintos cerca de 248 fundos, sendo a que a maioria desses (165) foi instituída antes da Constituição de 1988. Há alguns muito antigos, como o Fundo Naval, criado em 1932, antes da Segunda Guerra Mundial.

A extinção dos fundos não atinge só a União. O comando da PEC atinge também aqueles pertencentes a Estados e municípios, que para continuarem a existir precisarão ser convalidados pelas Assembleias Legislativas e Câmara de Vereadores. O Ministério da Economia não soube quantificar o total de fundos desses entes federativos.

O projeto, encaminhado ao Congresso Nacional anteontem, faz parte de um pacote de medidas ambicioso da equipe liderada pelo ministro Paulo Guedes, chamado Plano mais Brasil, que tem o objetivo de transformar o Estado e, neste caso desvincular os recursos públicos, permitindo pagamento de dívida e melhorando a situação do governo para cumprir a chamada regra de ouro das contas públicas, que veda o endividamento para bancar gastos correntes.

No caso de extinção do FAT, os programas não correm o risco de acabar, pois a destinação de recursos para seguro-desemprego e abono salarial está prevista na Constituição Federal e isso não está sendo alterado. Mas, segundo técnico do governo federal, a decisão sobre acabar ou não com o fundo é do Congresso Nacional,que terá dois anos para ratificar a existência do fundo com aprovação de projeto de lei complementar específico.

Mesmo se opção for pela manutenção do fundo, a aprovação do projeto de lei vai abrir margem para ajustar os seus programas à realidade financeira. O FAT é composto por recursos da arrecadação de PIS/Pasep que são utilizados para o pagamento de políticas de emprego, como seguro-desemprego, abono salarial e qualificação profissional, e parte é repassada para o banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O Boletim de Informações Financeiras do terceiro bimestre de 2019, divulgado pelo Ministério da Economia, projeta que o FAT terá um resultado nominal (diferença entre receita e todas as obrigações do fundo) negativo entre os 2019 e 2022, mesmo considerando aportes do Tesouro de R$ 5,3 bilhões neste ano, R$ 13 bilhões em 2020, R$ 15,1 bilhões em 2021 e R$ 13,8 bilhões. A perspectiva é que o FAT feche o ano com um nominal de R$ 6,9 bilhões, recuando para R$ 766 milhões no ano que vem, R$ 274 milhões em 2021 e R$ 1,3 bilhão em 2022.

Pelos dados apresentados no boletim, as receitas são insuficiente para cobrir os gastos com seguro-desemprego e também com abono porque o fundo repassa, atualmente, 40% de sua arrecadação para o BNDES. Com a aprovação da reforma da Previdência, esse percentual deve cair para 28%, o que poderá ajudar a situação financeira do fundo. Somente de 2013 a 2017, a União injetou no fundo R$ 52,4 bilhões. Com a restrição fiscal, o governo interrompeu os aportes.

A permissão para usar a desvinculação de fundos públicos para o pagamento de dívidas não vai levar a uma redução no que é considerado pelo governo e parte do mercado como principal indicador de solvência: a dívida bruta do governo geral. Esta deve ficar inalterada porque o eventual resgate de títulos tende a ser compensado pelo enxugamento pelo Banco Central do dinheiro injetado na economia. Para tanto, ele usa títulos em sua carteira nas chamadas operações compromissadas, que compõem esse indicador na contabilidade divulgada pela autoridade.

Video institucional

Cursos EAD

Fotos dos Eventos

Sobre o Sinfac-SP

O SINFAC-SP está localizado na
Rua Libero Badaró, 425 conj. 183, Centro, São Paulo, SP.
Atendemos de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.