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Publicado em 13/12/2018

Copom mantém Selic a 6,5% e afasta discussão de aperto à frente (Valor Econômico)

Em sua última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 6,5% ao ano pela sexta vez seguida e suspendeu ameaça feita desde setembro sobre possível aperto gradual da política monetária à frente.

Em comunicado divulgado ao fim da reunião, o Copom destacou uma melhora no balanço de riscos para a inflação. De um lado, o colegiado entende que arrefeceu o risco desfavorável de uma frustração das expectativas com a continuidade das reformas e dos ajustes à economia. De outro, a avaliação é que aumentou o risco de que a ociosidade da economia leve a inflação para trajetória abaixo do esperado.

Diante dessa evolução, o Copom retirou do seu comunicado referência à possibilidade de elevação gradual da Selic em caso de piora do balanço de riscos ou do cenário prospectivo para a inflação. Essa alternativa havia sido citada nas duas reuniões anteriores.

Em linha com a avaliação mais benigna feita pelo Copom, as projeções do colegiado para a inflação, que já estavam abaixo da meta central, foram reduzidas. Em perspectiva que leva em conta o cenário de mercado para o câmbio e os juros, a estimativa agora é que a inflação feche este ano em 3,7% (frente a projeção anterior de 4,4%), vá a 3,9% em 2019 (antes, 4,2%) e a 3,6% em 2020 (antes, 3,7%).

Ao destacar o comportamento dos núcleos de inflação (que excluem os preços mais voláteis), o Copom também afirmou que eles podem estar em nível "confortável", e não apenas "apropriado", como era citado até então. O Copom reforçou, ainda, que o cenário externo permanece desafiador para as economias emergentes. Os principais riscos são associados ao aumento da taxa de juros em economias avançadas, as incertezas no comércio global e o aumento de aversão a risco nos mercados internacionais.

O colegiado reiterou ainda a importância da continuidade das reformas e dos ajustes à economia para a inflação baixa, para a queda da taxa de juros estrutural e a recuperação sustentável da economia. "O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes", afirmou o Copom.

Para Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, o comunicado do Copom afasta a discussão sobre uma possível elevação da taxa Selic no ano que vem. "O comunicado veio bem 'dovish'. Tivemos uma piora no cenário externo que levou a um preço de dólar mais alto, mas isso não se refletiu nas projeções de inflação, nem o BC deu algum sinal de reconhecimento disso", diz.

Kawall avalia, contudo, que a discussão sobre a possibilidade de um corte da taxa básica em 2019 ainda é prematura para começar a ganhar força no mercado e vai depender do ritmo de avanço das reformas.

Segundo Kawall, a retirada do trecho presente no comunicado anterior - em que o BC mencionava a remoção gradual de estímulos caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e balanço de riscos apresentasse piora - eliminou o viés de alta para a taxa Selic. Apesar de ver espaço para uma discussão sobre a queda estrutural da taxa de juros, o economista do Safra afirma que ainda é muito cedo para se discutir essa questão, antes de ter a reforma da Previdência aprovada.

A reunião anterior do Copom aconteceu dois dias após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência. Desde então, o presidente eleito anunciou, para sua equipe econômica, que será comandada pelo economista Paulo Guedes, vários nomes bem vistos pelo mercado e identificados com uma agenda de reformas.

Essa foi a última reunião do Copom no governo de Michel Temer. O colegiado volta a se reunir nos dias 5 e 6 de fevereiro, já no governo Bolsonaro, mas ainda com a atual formatação e sob o comando do presidente Ilan Goldfajn. O economista Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro para assumir o Banco Central em seu governo, ainda precisará ter o nome submetido à aprovação do Senado na próxima legislatura. (Colaborou Silvia Rosa, de São Paulo)

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