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Publicado em 07/05/2020

Copom reduz juros básicos de 3,75% para 3%, o menor patamar da história (Estadão)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira, 6, por unanimidade, reduzir a Selic, a taxa básica de juros, em 0,75 ponto porcentual, de 3,75% para 3% ao ano. Esse é o sétimo corte consecutivo da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade. Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

O corte era amplamente esperado pelos economistas do mercado financeiro. Isso porque, com a pandemia do novo coronavírus, a atividade econômica despencou no Brasil, assim como a inflação. A avaliação era de que o BC seria levado a reduzir novamente a Selic para estimular a economia.

No entanto, a maioria dos analistas esperavam uma redução de 0,50 ponto porcentual. De um total de 58 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 48 esperavam por um corte de 0,50 ponto, para 3,25% ao ano. Dez casas aguardavam pela redução de 0,75 ponto porcentual, para 3% ao ano.

Ao justificar a decisão de hoje, o BC afirmou que, considera um “último ajuste” para a próxima reunião, “não maior do que o atual”, para fazer frente à pandemia do coronavírus, o que sinaliza que poderá haver um novo corte, de até 0,75%. “Para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da covid-19”, diz o comunicado. 

O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic, buscando o cumprimento da meta de inflação. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão formado pelo Banco Central e Ministério da Economia.

A decisão do Copom foi tomada em um ambiente de forte queda do nível de atividade da economia mundial em razão da pandemia do novo coronavírus, o que tem reduzido os índices de inflação.

Diante desse cenário, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a pandemia vai levar a economia mundial a registrar queda de 3% neste ano, o pior desempenho desde a crise de 1929.

Para o Brasil, as previsões do FMI e do Banco Mundial são de retração econômica superior a 5% neste ano. Os economistas do mercado financeiro estimam queda de 3,7%.

Com a forte queda da atividade econômica, os preços têm caído. Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice que mede a inflação oficial, somou 0,07%, menor taxa para o mês desde 1995. O mercado financeiro prevê que o IPCA ficará em 1,97% neste ano, isto é, abaixo do piso de 2,5% previsto pelo sistema de metas.

 “O comitê ressalta que novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos ”, diz o BC, no comunicado. O comitê afirma entender que a conjuntura econômica atual pede um estímulo monetário “extraordinariamente elevado”, mas reforça que há potenciais limitações para o tamanho do ajuste adicional. “O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo”, completa.

De acordo com o comunicado, dois membros do comitê ponderaram na reunião que, mesmo com a possibilidade de elevação da taxa de juros estrutural, poderia ser “oportuno” prover todo o estímulo necessário imediatamente e sinalizar a manutenção da taxa básica de juros, para reduzir os riscos de não cumprimento da meta de inflação de 20201.

“Entretanto, foi preponderante a avaliação de que, frente à conjuntura de elevada incerteza doméstica, o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e pode ser pequeno. Assim, o Copom optou por uma provisão de estímulo mais moderada, com o benefício de acumular mais informação até sua próxima reunião”, completa o texto.

No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário híbrido que utiliza câmbio fixo e juros do mercado financeiro, conforme o Relatório de Mercado Focus, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2020 de 3,0% para 2,4%. No caso de 2021, a expectativa passou de 3,6% para 3,4%.

No comunicado de hoje, o BC também optou por divulgar seu cenário de referência, com câmbio constante a R$ 5,5 e Selic constante em 3,75%. Neste caso, a projeção do IPCA para 2020 passou de 3,0% para 2,3% ao ano. Para 2021, foi de 3,6% para 3,2%.

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2020 é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00 a 5,00%).

Juros reais

Com a Selic em 3% ao ano, o Brasil já tem uma taxa real de juros (descontada a inflação) próxima de zero. Levantamento do site MoneYou e da Infinity Asset mostra que o juro real está hoje em 0,26% ao ano. Ainda assim, o Brasil está na oitava posição entre os países com as maiores taxas do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes do planeta. Com a pandemia, boa parte dos países pratica hoje juros negativos. 

No topo do ranking de juros reais estão Indonésia (2,77%), Argentina (2,07%) e Rússia (2,04%). Entre os países com as menores taxas reais aparecem Reino Unido (-2,46%), Polônia (2,62%) e Taiwan (-3,98%).

Diretor com covid-19

 O BC informou por meio de nota que o diretor de Organização do Sistema Financeiro, João Manoel Pinho de Mello, testou positivo para o novo coronavírus em um primeiro exame, realizado na semana passada. Em função disso, ele não participou dos encontros presenciais do Copom de ontem e hoje e também não votou sobre o novo patamar da Selic.

“Seguindo orientação da área de gestão de pessoas do BC, na semana passada, todos os membros do Copom foram testados para Covid-19”, informou o BC por meio de nota. “O primeiro resultado do diretor João Manoel foi positivo. Feito um segundo exame, o resultado foi negativo. Considerando os resultados díspares, a área de gestão do BC recomendou um terceiro exame para contraprova.”

Conforme o BC, por não haver tempo hábil para a realização do terceiro exame, por prudência, Pinho de Mello decidiu não participar das sessões presenciais do Copom. Nas agendas dos dirigentes divulgadas nos últimos dias, no entanto, constou que Pinho de Mello estaria participando normalmente do Copom – o que não ocorreu.  

Segundo o BC, o diretor “segue gozando de boa saúde, assintomático, e desempenhando normalmente suas funções de maneira remota”.

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