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Publicado em 17/05/2018

Copom surpreende mercado e mantém Selic a 6,5% ao ano (O Globo)

Em uma decisão que surpreendeu o mercado, o Banco Central manteve a taxa básica de juros da economia em 6,50% ao ano. Foi a primeira vez que a atual diretoria da autoridade monetária não seguiu o que sinalizava ao mercado financeiro. A expectativa era que o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciasse um novo corte de 0,25 ponto percentual da taxa básica e o fim do ciclo de queda que começou em 2016. O aumento dos riscos para a economia fez o BC antecipar os planos.

“Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e, principalmente, do balanço de riscos tornou desnecessária uma flexibilização monetária adicional para mitigar o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas. Para as próximas reuniões, o Comitê vê como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente”, disse o Banco Central em comunicado publicado após a reunião.

Com o movimento, o BC encerra um ciclo de 12 quedas consecutivas dos juros básicos. A manutenção da Selic ocorre em um cenário de dólar valorizado no mundo todo, em decorrência de uma expectativa de aceleração do processo de alta de juros nos Estados Unidos. No comunicado, o Copom argumentou que o cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade. Mercados financeiros internacionais estão em momento de ajustes e, consequentemente, uma redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes. Ou seja, o Brasil está menos atrativo para o investidor internacional.

O BC relativizou ainda os dados ruins da economia. Disse que, apesar de os últimos indicadores de atividade econômica mostrarem arrefecimento, o Brasil vive um cenário de recuperação consistente e gradual.

Observou ainda que o comportamento da inflação permanece favorável. As projeções do Copom estão em torno de 3,6% para 2018 e de 3,9% para 2019. Nessa conta, o Banco Central usou a previsão dos analistas do mercado financeiro de que os juros cairiam um pouco mais e que a taxa de câmbio que terminará este e o próximo ano em US$ 3,40 por real. Essas variáveis, entretanto, devem ser ajustadas daqui para frente.

O BC divulgou também uma conta que diz que, com juros e câmbio nos patamares atuais, a inflação para este e o próximo ano será de 4%.

Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em apenas 2,76%. A meta do BC é fazer com que ele chegue a 4,25% no ano que vem.

Para Maurício Molan, economista-chefe do Banco Santander, a decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 6,5% teve como objetivo evitar mais volatilidade no mercado financeiro.

– O BC teve atuação de quem não quer adicionar mais volatilidade ao mercado. Mantendo os juros, sinaliza aos agentes que quer dar mais proteção à taxa de câmbio. E tudo o que se quer agora é conter a volatilidade dos ativos de uma forma geral, não apenas do dólar. É uma medida para não abalar a confiança dos agentes econômicos – diz Molan.

Na sua avaliação, a volatilidade que vem da expectativa de alta maior nos juros americanos não vai passar. Mas a decisão de manter a Selic deve produzir um “movimento de baixa de forma episódica à taxa de câmbio” num primeiro momento.

– Na verdade, havia certa inquietação com a possibilidade de reduzir novamente os juros. O mercado já não via como algo muito prudente.

Riscos no radar

Como de costume, o Copom elencou riscos positivos e negativos para a inflação. Um deles é a possibilidade de a inflação demorar a subir mais do que o esperado por causa dos chamados “mecanismos inerciais”, ou seja, o nível de indexação da economia brasileira. É a outra face do mesmo problema vivido pelo país no passado quando a inflação sobe muito, ela se espalha rapidamente porque muitos preços são corrigidos com base nos índices do passado como, por exemplo, aluguel.

Outro temor do BC é uma frustração das expectativas sobre a continuidade da agenda de reformas e ajustes necessários na economia brasileira. Isso pode aumentar os prêmios de risco e afetar diretamente a inflação. O Copom alerta que esse risco se intensifica no caso de uma continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes.

“Esse último risco se intensificou desde o último Copom”, salienta o Copom.

Entidades criticam

A decisão do Copom foi alvo de críticas de entidades patronais e sindicais. A Firjan afirmou que a manutenção da taxa não foi acertada, lembrando que a inflação continua em queda, com projeções abaixo do centro da meta do BC, e que a recuperação econômica está mais lenta que o esperado. A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) lamentou o fato de o BC não ter reduzido a Selic.

A Força Sindical, por sua vez, afirmou que manter os juros no atual patamar “É apostar no fraco desempenho da economia”. O organismo lembrou o desemprego elevado e os altos spreads dos bancos.

Já a FecomercioSP afirmou ver “justificativas” para a decisão conservadora do BC, como a pressão no câmbio e a expectativa de alta de juros nos EUA. E apontou que o maior problema hoje é a situação fiscal. “Infelizmente, o Brasil ainda não apresenta condições de estabilidade fiscal, política e econômica em geral que permitiriam ao país ter taxas de juros em padrões invejáveis (…), abaixo de 2% ao ano.”

O Itaú Unibanco anunciou redução dos juros no cheque especial e no empréstimo pessoal, mesmo com a Selic permanecendo no mesmo patamar. “A nova taxa média praticada de cheque especial sai de 11,90% para 11,50% ao mês. No empréstimo pessoal, as taxas variam conforme o perfil de cada cliente. As reduções passam a valer a partir do dia 21.”

O movimento de corte de juros pelo BC começou em outubro de 2016, como forma de estímulo à economia. De lá para cá, a Selic saiu de 14,25% ao ano para os 6,5% ao ano atuais. Apesar de esboçar sinais de melhora, contudo, a economia ainda não decolou. Nesta quarta-feira, o Banco Central divulgou que a atividade encolheu 0,13% no primeiro trimestre, de acordo com o índice da autarquia que mede a atividade do país (IBC-BR). A previsão dos analistas do mercado financeiro era de uma alta de 0,2%. A queda interrompeu uma sequência de quatro trimestres de crescimento.

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