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Publicado em 05/12/2017

Crediário pode ter alta na demanda, mas juros só devem diminuir em 2018 (DCI)

Apesar do crescimento de 5% a 7% esperado no crediário em dezembro – contra igual mês de 2016 -, as melhores condições em juros e prazos na modalidade só devem ser vistas no final do primeiro trimestre de 2018, com maior controle da inadimplência.

Mesmo com o aumento de 2,2% no consumo das famílias no terceiro trimestre deste ano em relação a iguais três meses de 2016, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a restrição de crédito ainda vista nos bancos e a renda baixa do consumidor movimentam o setor.

Ao mesmo tempo, ainda que as concessões de crédito no cartão tenham chegado a uma alta de 13,5% em outubro frente igual mês do ano passado (de R$ 76,219 bilhões para R$ 86,551 bilhões), o volume ainda é R$ 747 milhões inferior ao observado ao mesmo período de 2015 (R$ 87,298 bilhões).

Para o educador financeiro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) José Vignoli, a busca pelo crediário tem se intensificado na medida que o consumidor, mesmo após ter “limpado o nome” ainda não consegue crédito aprovado pelos bancos.

“O uso dos meios eletrônicos já tinha substituído parte do uso do crediário mas, com a restrição bancária e o corte do uso do cartão de crédito, a linha acaba sendo a única saída do consumidor e os lojistas acabam assumindo o risco para manter as vendas”, explica Vignoli.

A última pesquisa feita pelo SPC Brasil com 601 consumidores de todo o Brasil aponta que 51,4% afirmaram ter pelo menos um crediário ou carnê, sendo que mais de 1/4 dos entrevistados (27,3%) aceitou a proposta sem analisar as tarifas cobradas.

Nesse ambiente, de acordo com o co-fundador do Meu Crediário, Jeison Schneider, ainda que haja não apenas uma maior demanda pelos consumidores mas também a crescente procura pela instalação do crediário por parte dos lojistas, a projeção do mercado é de que a redução das taxas de juros ainda demore alguns meses para acontecer.

“A expectativa do setor é que o crescimento da modalidade em dezembro seja entre 5% a 7% e, só aqui, temos um aumento de 40% na base de lojistas que oferecem o crediário. Mas o segmento ainda é muito instável e, em alguns casos, o lojista verifica apenas 30% das vendas, o que traz uma inadimplência muito alta”, pontua o executivo do Meu Crediário.

Ainda de acordo com o levantamento do SPC, 39,2% dos entrevistados já ficaram com o nome sujo ao utilizar a modalidade, enquanto 13,3% continuam na situação de inadimplência até os dias atuais.

Scheneider acrescenta que, com queda gradual dos calotes, o movimento de retração nas taxas só deve ser “sentido” no final do primeiro trimestre de 2018. “A sinalização de um recuo mais forte da inadimplência só deve vir a partir de março e, até lá, a orientação é de manter os juros para compensar o risco”, complementa.

Dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) sobre os juros do comércio, por exemplo, mostram que mesmo com a redução em outubro contra setembro (de 92,51% ao ano para 91,42% a.a.), houve um aumento de 4,52 pontos percentuais na comparação com igual mês de 2015 (86,9% a.a.).

“Nominalmente falando, os juros ainda são muito caros para o consumidor, principalmente porque os salários não aumentaram como deveriam e os orçamentos familiares tem sofrido bastante com o cenário econômico”, avalia Vignoli.

Viés positivo

Da outra ponta, o ano que vem tende a prometer não apenas juros menores, mas prazos maiores e consumidores mais conscientes em relação à sua capacidade de compra.

“Os sinais são positivos na economia e é de se esperar que o brasileiro se sinta cada vez mais motivado a consumir conforme a queda da Selic reflita nos preços e a melhora da confiança resulte no alongamento de prazos”, pondera o diretor executivo de estudos e Pesquisas econômicas da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira.

Segundo Vignoli, no entanto, a melhora pode ser mais lenta do que o esperado, uma vez que o fator político ainda deve “trazer certa tensão” tanto para credores como para tomadores do crediário.

“As eleições ainda terão influência no ambiente de crédito. A apreensão pelo resultado deve ser geral e a cautela será vista pelo menos até o segundo semestre”, analisa.

“O viés, porém, é positivo e só para este natal, a perspectiva é de que as vendas aumentem em até 80% nas lojas que oferecem o crediário aos seus clientes”, conclui Schneider.

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