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Publicado em 06/08/2020

Crédito cooperativo pode alcançar 10 milhões de pessoas (Valor Econômico)

Quase 10 milhões de pessoas, geralmente moradoras de áreas mais pobres e afastadas dos grandes centros, podem ser beneficiadas pela expansão do crédito cooperativo no Brasil. É o que mostra estudo do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) apresentado a diretores do Banco Central no fim de julho. A pandemia e a modernização do sistema financeiro, de acordo com especialistas, não necessariamente serão obstáculos ao crescimento desse tipo de crédito.

Conduzido por Juliano Assunção, pesquisador do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), o trabalho tem como base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do BC e do próprio Sicredi.

Os números mostram que as agências bancárias têm um limite de entrada de aproximadamente 8 mil habitantes. “Essa é a população mínima que a cidade precisa ter para viabilizar uma agência bancária”, diz Pedro Ramos, economista-chefe do Sicredi.

No caso das cooperativas, o limite de entrada é de 2,3 mil habitantes. Ou seja: a expansão das cooperativas poderia levar serviços de bancarização a um público que hoje não é atendido por instituições financeiras. O estudo calcula que essa população seja de cerca de 9,5 milhões de pessoas de aproximadamente 1,9 mil municípios.

“Esse público reside em áreas mais isoladas e vive em locais mais rurais e pobres do que aquelas que podem ser atendidas também pelas agências bancárias”, diz o estudo.

O trabalho também mostra que 50% das agências bancárias estão em municípios com até 21 mil habitantes. No caso das cooperativas, esse indicador cai para 11 mil habitantes.

Para especialistas, a proximidade que as cooperativas têm com os clientes pode ser um trunfo em meio à maior aversão ao risco por parte dos bancos, em função da pandemia. “As cooperativas conhecem muito bem seus clientes”, diz Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

“Tradicionalmente, uma das razões que explicam a falta de crédito é a assimetria de informação, a falta de informação sobre o tomador do empréstimo”, afirma Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV). “As cooperativas, por terem uma proximidade maior, podem lidar melhor com isso.”

Entretanto, independentemente da pandemia, Gonzalez faz a ressalva que a modernização em curso do sistema financeiro tornará a proximidade física de uma agência bancária um fator menos importante. “A transformação da indústria muda um pouco essa lógica”, afirma.

Em sentido oposto, porém, serviços financeiros “sociais e inclusivos”, ligados às necessidades locais, ainda terão um nicho para atuar. Um exemplo disso são justamente as cooperativas.

O estudo foi apresentado em videoconferência a quatro diretores do BC: Fabio Kanczuk (política econômica), Otávio Damaso (regulação), Paulo Souza (fiscalização) e Maurício Moura (relacionamento, cidadania e supervisão de conduta).

Outro trabalho do Sicredi, realizado em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) no começo do ano, é citado pelo BC como uma das justificativas para mudanças no crédito cooperativo sugeridas na Lei Complementar (LC) 130/2009.

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