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Publicado em 09/05/2017

Crédito direcionado eleva spread e afeta empresas, afirma estudo (Valor Econômico)

O crédito direcionado, que subiu de 30% para 50% do saldo de financiamentos nos últimos oito anos, promove uma série de distorções na economia, como aumento do spread bancário, queda de produtividade, redução na demanda por investimentos e também afeta o tamanho médio das empresas. As considerações são de tese de mestrado de aluno da Faculdade de Econômica e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e ajudam a balizar o debate levantando pelo Banco Central (BC) sobre a necessidade de reduzir a chamada "meia entrada" no mercado de crédito, que faz com que aqueles que não têm acesso aos empréstimos subsidiados paguem a "entrada inteira" e mais um pouco.

No estudo, Fernando Kuwer se propôs a estudar os efeitos do direcionamento de crédito sobre a alocação de recursos sob a orientação do professor Gabriel Madeira. Nas conclusões, o estudo mostra que o crédito direcionado eleva o spread bancário, diferença entre a taxa de captação e o custo do dinheiro para o tomador final, em 3,9%, reduz o fator produtividade em 2,3%, acentua a desigualdade de renda e riqueza, derruba a demanda por capital em 20% e também tem um impacto negativo sobre o tamanho das empresas - menos, é claro, daquelas que têm acesso a esse tipo de financiamento.

O autor ressalva, no entanto, que como o estudo não fez uma comparação com o que seria uma "política ótima", não se pode descartar por completo efeitos positivos do crédito direcionado relacionando essa variável com distribuições diferentes de destinação, conforme tamanho das empresas e renda do tomador. Ainda assim, as observações se mostram pertinentes dado o pouco volume de produção acadêmica sobre o tema. O BC está estudando o assunto junto com o Banco Mundial, mas nada ainda foi publicado.

No Brasil, o crédito direcionado compreende as linhas do BNDES, alguns segmentos da habitação e rural e quase todo esse volume tem um teto para a taxa de juros. Segundo o autor, o efeito mais óbvio é a queda do custo do capital para quem tem acesso a essas linhas e uma redução dos recursos disponíveis para o restante do mercado. Fora isso, a existência desses subsídios cruzados eleva o custo do dinheiro para os demais tomadores.

Em um dos exercícios, o autor estima o efeito da ampliação e redução do crédito direcionado voltado ao setor produtivo (imobiliário permanece constante). O efeito imediato das reduções no direcionado são uma queda no spread bancário e redução das empresas favorecidas em comparação com as não favorecidas. A redução do spread, por sua vez, gera um aumento no tamanho das empresas que não têm acesso ao direcionado. Segundo o autor, esses efeitos combinados mais do que compensam a queda na demanda de capital pelas empresas até então favorecidas gerando um efeito líquido positivo na demanda por capital e empregos.

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