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Publicado em 04/09/2018

Crédito para pessoa física cresce puxado por linhas menos arriscadas (DCI)

As concessões de crédito para pessoa física subiram 3,1% em julho ante junho, para R$ 155,2 bilhões. Em 12 meses até o sétimo de 2018, há alta de 10,1%, puxada principalmente pelas operações em consignado, aquisição de veículos e de cartões.

O saldo das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 3,1 trilhões em julho, segundo recentes dados do Banco Central (BC). As operações com pessoas físicas totalizaram R$ 1,7 trilhão e cresceram 0,5% no mês.

As negociações com recursos livres cresceram 1% no mês e 8,3% em 12 meses, com destaque para o crédito consignado (+9,34), cartão de crédito (+7,78%) e financiamento de veículos (+7,05).

Segundo o professor de Finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec/SP), Hilton Notini, o avanço está de acordo com uma estratégia adotada pelos bancos. “As instituições vêm aumentando essas linhas já há algum tempo porque são menos arriscadas”, comenta.

Para o economista chefe do Santander Brasil, Mauricio Molon, a aposta dos bancos, que tem se mostrado viável, deu-se pelo aumento do varejo. “O crédito para pessoa física já vinha crescendo de forma bastante robusta, em linha com o ritmo que vinha crescendo o varejo. Ao contrário do que alguns dizem, o crédito vem se recuperando de forma importante, principalmente o crédito livre e para os consumidores”, afirma.

“O foco se voltou às modalidades mais baratas, como a aquisição de veículos e o crédito consignado, que vêm oferecendo preços mais baixos e redução de juros. A recuperação do consumo também fez com que as pessoas utilizassem mais o cartão de crédito e, portanto, acabam alavancando a modalidade”, diz ao DCI.

Na comparação entre julho de 2018 e o mesmo período do ano passado, essas operações também registraram quedas nas taxas médias de juros e na inadimplência. No crédito consignado, as taxas de juros ao ano apresentaram recuo de 9,12%, enquanto a aquisição de veículos teve queda de 6,30% e o cartão de crédito, diminuição de 0,53%.

No mesmo período, a inadimplência recuou 4,28% nas operações de aquisição de veículos e de 7,56% no cartão de crédito. No crédito consignado, a taxa se manteve estável.

“Vemos claramente uma tendência de queda tanto nos juros quanto na inadimplência. Em função de um cenário macroeconômico de dificuldade, a redução de juros tem sido insuficiente, menor do que gostaríamos de ver, mas ainda assim temos um movimento de expansão do crédito”, comenta Mauricio Molon.

Para o economista da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas, o crédito para pessoas físicas deverá continuar avançando, com previsão da carteira crescer de 5% a 7% no acumulado deste ano.

Financiamento imobiliário

Em um movimento contrário, o número de concessões para financiamento imobiliário apresentou queda de 1,04% em julho de 2018, contra o mesmo mês do ano passado, apesar de os juros da modalidade terem caído 1,76% e a inadimplência ter apresentado queda de 0,5% no período.

Segundo os especialistas entrevistados pelo DCI, a queda nas concessões se dá porque as linhas de financiamento de longo prazo são mais influenciadas pelo momento econômico, que ainda é de lenta retomada e, por isso, demandam mais tempo para apresentarem recuperação.

“A expectativa das pessoas com o futuro da economia é muito importante nessa modalidade, é uma decisão mais delicada do que comprar um produto com cartão de crédito”, comenta Hilton Notini.

“Nós temos a recuperação primeiramente da demanda, seguida pela reação do crédito para compra de bens duráveis e veículos, e somente depois imóveis, à medida que a confiança se recupera”, diz Mauricio Molon.

Já a carteira de pessoas jurídicas apresentou recuo de 1% no mês de julho após registrar saldo de R$ 1,4 trilhão, segundo os dados do BC. “Isso se dá tanto pela retração das empresas na tomada de crédito quanto pele retração dos próprios bancos, que adotaram medidas de muita cautela nas concessões”, diz o professor de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin.

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