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Publicado em 29/08/2017

Crédito restritivo e prazos reduzidos limitam financiamento para empresas (DCI)

Apesar de crescimento na demanda, o crédito ainda restritivo e com prazos reduzidos limita empréstimos para pessoas jurídicas. À espera de uma agenda mais positiva para o mercado, a expectativa de melhora pontual fica para meados do quarto trimestre.

Os dados do Banco Central divulgados ontem apontam que as concessões às empresas somaram R$ 102,4 bilhões em julho, uma queda de 23,3% em relação a junho (R$ 133,6 bilhões) e de 7,5% ante os R$ 110,8 bilhões de julho de 2016. Nos 12 meses, a redução foi de 11,8%.

A queda foi puxada principalmente pelos produtos de maior relevância, como capital de giro, que demonstrou recuo de 17,9% em julho contra igual mês do ano passado, de R$ 13,127 bilhões para o valor de R$ 10,773 bilhões.

Em seguida, vieram a linha de conta garantida, com retração de 16,8%, de R$ 18,736 bilhões para R$ 15,574 bilhões; e o cheque especial, com -13,1% (de R$ 18,229 bilhões para R$ 15,840 bilhões) na mesma comparação.

Segundo o especialista em crédito e sócio-diretor da GoOn, Eduardo Tambellini, no cenário de crise acentuada e desconfiança, o impacto maior acaba sendo nessas linhas de financiamentos.

“Há uma troca de demanda para o crédito. As empresas estão com dificuldades de conseguir determinados produtos e acabam optando por aqueles que forneçam algum tipo de garantia, o que facilita a tomada de empréstimos”, explica o executivo da GoOn.

Dessa forma, tanto os descontos de duplicatas como a antecipação de faturas demonstraram altas nas concessões de 91,3% e 136%, respectivamente, na comparação de julho deste ano com o mesmo período do ano passado.

Tambellini reforça que como os bancos “ainda não estão ajustando as políticas de crédito para pessoas jurídicas” e continuam bastante restritivos, tanto os prazos como os juros também são afetados.

Nesse sentido, além da queda de 3,1 pontos percentuais (p.p.) nos juros para pessoas jurídicas em julho deste ano contra igual mês de 2016 (de 22,1% para 19%), os prazos também reduziram 10,7% no mesmo período (de 63,4 meses para 56,6 meses – o menor período do ano até agora).

“Quanto maior o tempo de empréstimo, mais o banco está exposto ao risco. Os credores encurtam prazos para diminuir exposição frente a contínua incerteza futura”, diz o professor de finanças da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) George Sales.

De acordo com o BC, os calotes entre pessoas jurídicas ficaram em 3,6% em julho – o mesmo patamar registrado no mês anterior, mas alta de 0,6 p.p. ante o mesmo mês de 2016.

Tendência positiva

Ao mesmo tempo, os especialistas consultados pelo DCI ponderam que com a incerteza, a redução do spread também fica mais contida o que afeta, principalmente, os pequenos e médios negócios.

Segundo o BC, o spread caiu 0,9 p.p. em julho deste ano ante igual mês do ano passado, de 12,4 p.p. para 11,5 p.p..

“Apesar da taxa básica de juros ter caído bastante, os bancos mantém o spread para garantir rentabilidade. Assim, com alternativas limitadas para tomada de recursos, as empresas menores sofrem mais e tendem a ficar em compasso de espera”, explica Sales.

Na mesma linha, um levantamento da Boa Vista SCPC divulgada ontem, por exemplo, indicou que 86% dos micro e pequenos empresários não têm intenção de tomar crédito nos próximos três meses.

Para Sales, porém, com a validação das novas regras trabalhistas em novembro, as empresas devem começar a contratar e, com isso, voltar a tomar crédito. “Ainda depende de algumas coisas, mas a tendência é vermos uma diferença mais positiva já no quarto trimestre”, conclui o professor.

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