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Publicado em 10/04/2018

Economia terá crescimento menor e mais lento neste ano, revela pesquisa (DCI)

Os economistas e analistas consultados pela Pesquisa Focus do Banco Central (BC) revisaram suas expectativas e apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 2,8% em 2018. Há apenas dois meses, essa estimativa era de 3%.

Em outras palavras, o mercado está mais realista sobre o crescimento da economia neste ano. “Não se sente que a atividade está pujante. As empresas estão comprando menos, o varejo está morno e o setor imobiliário também. Parece que há um compasso de espera [por causa das eleições] e as decisões de investimentos não estão sendo tomadas”, avalia o professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Alberto Ajzental.

Na visão do economista-chefe da Guide Investimentos, Ignacio Crespo, a revisão das expectativas está mais ligada com números recentes da atividade econômica que ficaram abaixo do esperado. “O mercado ficou um pouco mais cauteloso. Mas entendemos que a tendência é a economia continuar se recuperando. O Banco Central está favorecendo o crédito com a redução dos compulsórios e reduzindo os juros [Selic]”, afirmou.

Para o economista-chefe da Mapfre Investimentos, Luis Afonso Lima, o mercado pode continuar se frustrando com números da produção, do comércio e de serviços.

“A demanda interna não está ajudando. O crédito ainda não avançou e o spread bancário [prêmios sobre os empréstimos] está subindo. E do lado do mercado de trabalho, o desemprego continua elevado, com algum crescimento de emprego informal e por conta própria. As empresas estão cautelosas para contratar”, argumenta Afonso Lima.

Na opinião de Ajzental, da FGV, a fragmentação política [eleitoral] ocorre num momento que o governo precisa tomar decisões importantes. “O empresário não consegue enxergar além de dezembro de 2018”, diz. Devido a isso, o professor aponta que a tendência de crescimento da economia “está mais para 2,5%, 2,4%, do que para 3%”, observa.

Ajzental ponderou que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China até poderia favorecer a economia brasileira num primeiro momento. “Mas a soja já está toda plantada e vendida. Talvez, a produção de milho possa ajudar”, apontou o professor sobre uma possível contribuição adicional do agronegócio para o aumento do PIB brasileiro.

Por outro lado, o professor acredita que o protecionismo entre as potências pode prejudicar a economia para todo o mundo. “Vamos ver quanto tempo a encenação de Donald Trump [presidente americano] vai durar. Ele é um político que cria dificuldades antes para negociar depois. Não vejo os EUA protecionistas de verdade”, opina Alberto Ajzental.
Contraponto moderador

Já o professor de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-SP), Walter Franco Lopes, observou que as projeções dos analistas e economistas no início do ano estavam mais otimistas. “As expectativas foram infladas em janeiro e fevereiro e voltamos para a realidade”, ressaltou.

Franco Lopes explicou que o endividamento das famílias e o desemprego está segurando o consumo das famílias. “Não há retomada da renda, da massa salarial. E o crédito não está chegando com taxas mais baixas na ponta, para o consumidor”, identifica o professor.

Ele diz que a redução do compulsório dos bancos anunciada na semana passada foi uma medida importante, mas não é suficiente para reduzir os juros às pessoas físicas. “Com a inadimplência presente, o sistema financeiro não vai emprestar a taxas mais baixas. Isso só ocorrerá com o crescimento do emprego e da renda das famílias”, conclui.

Entre os destaques positivos da Pesquisa Focus, divulgada ontem, o BC captou a percepção de uma inflação menor para o consumidor em 2018. A projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que era de 3,95% no início do ano recuou para 3,53% no levantamento atual, enquanto a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) caiu de 4,28% para 3,19%, na mesma comparação.

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