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Publicado em 06/10/2015

Empresa que precisa rolar dívida paga mais caro (Valor Econômico)

A alta nas taxas para a captação de novas dívidas no mercado de capitais local recai principalmente sobre as empresas que precisam rolar compromissos a vencer no curto prazo. OValor apurou que a Cemig negocia um crédito de até R$ 2 bilhões para sua subsidiária de distribuição de energia com um consórcio de bancos pagando um spread próximo de 4% sobre o CDI - o que equivale a aproximadamente 18% ao ano. A empresa precisa dos recursos para rolar uma dívida de R$ 1,7 bilhão em notas promissórias que vencem no ano que vem. Procurada, a Cemig não comentou o assunto por estar em período de silêncio.

Até o ano passado empresas com baixo grau de risco conseguiam levantar recursos com prêmio de menos de 1% sobre o CDI. Em 2013, a mesma Cemig Distribuição fechou uma emissão de debêntures com um spread de apenas 0,69% ao ano.

No mercado externo, o ajuste nas taxas ocorreu de forma ainda mais intensa, em consequência da deterioração da confiança dos investidores. "Como há pouca liquidez no mercado e a maior parte dos investidores locais mantém o papel até o vencimento, é natural que exijam taxas maiores para comprar os títulos corporativos", afirma Eduardo Freitas, corresponsável pela área de emissão de dívida do Citi no Brasil.

Além dos fatores conjunturais que afetam todas as empresas, a alta das taxas nas emissões locais reflete a situação individual de cada emissor. A Gol Linhas Aéreas fechou recentemente uma emissão de R$ 1,05 bilhão em debêntures, com prazo de vencimento em quatro anos, pagando uma taxa de 132% do CDI (o equivalente a um spread de 4,32% sobre o indicador de referência). Como a dívida é totalmente pós-fixada, o spread pode ficar ainda maior se a Selic voltar a subir.

O custo da dívida tomada pela empresa aérea reflete a alta exposição da companhia ao risco cambial. Segundo Cristiane Spercel, analista da agência de risco Moodys, entre 50% e 60% dos custos operacionais da companhia são denominados em dólar, bem como cerca de 80% da dívida e praticamente 100% dos investimentos.

Apesar da alta nas taxas, as linhas locais seguem mais atrativas do que as externas para a maior parte das empresas, com a vantagem de não embutirem o risco cambial. A Petrobras, grande emissora de dívida no exterior, converteu recentemente para reais dois passivos que detinha em moeda estrangeira com o Banco do Brasil e Itaú BBA.

O grande teste para a estatal, contudo, ocorrerá daqui a duas semanas, quando está prevista a definição das condições de uma captação de pelo menos R$ 3 bilhões em debêntures. Parte da emissão será realizada com isenção de imposto de renda para pessoas físicas, mas a empresa também pretende distribuir os papéis entre os investidores institucionais, como fundos de investimento.

A Petrobras ofereceu uma taxa de juros de até 1,85% sobre o CDI na emissão. Apesar de ser bem maior do que a estatal está acostumada a pagar, o custo é inferior à taxa que os investidores cobram hoje para negociar os títulos de dívida (bônus) emitidos pela empresa no exterior.

Os próximos meses podem ser difíceis para as empresas que adiaram as emissões esperando uma melhora no mercado. A volatilidade no preço dos ativos reduziu a demanda por títulos corporativos. "Só está indo a mercado quem realmente precisa se capitalizar", diz Flávia Krauspenhar, sócia da Capitânia, empresa com mais de R$ 2 bilhões sob gestão.

Segundo ela, novas emissões só devem ocorrer quando cessar a volatilidade do mercado. Além disso, os prazos devem ficar cada vez menores. A média atual das captações no mercado doméstico é de 3,8 anos, o menor patamar dos últimos 12 anos, segundo a Anbima.

A volatilidade tende a continuar até pelo menos a confirmação do rebaixamento da nota soberana de crédito do país por mais uma agência de classificação de risco de crédito. "O spread deve continuar alto porque, excluindo as operações incentivadas, há poucas opções de financiamento disponíveis para as empresas no mercado. Quem precisa se financiar, vai pagar mais caro", diz Carlos Ratto, diretor-executivo da unidade de títulos e valores mobiliários da Cetip.

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