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Publicado em
26/03/2019
De olho na retomada do crédito puxada pelas pequenas empresas, as fintechs aceleram suas plataformas para aproveitar essa onda da melhor maneira possível. Consideradas uma pedra - ainda pequena - no sapato dos bancos, essas startups financeiras vêm ampliando sua base de recursos e dobrando as projeções de financiamento para este ano. Os diferenciais que exibem (mais agilidade e juros menores) também estimulam novos negócios dessa natureza: 21% das fintechs brasileiras atuam com crédito, financiamento e renegociação de dívidas, segundo levantamento da ABFintechs em parceria com a PwC Brasil. Uma participação que tende a crescer porque o mercado é grande e muito concentrado nos bancos. "Tem muita oportunidade para novos participantes e em nichos específicos, como franquias", diz Fábio Neufeld, líder da área de crédito da ABFintechs.
Neufeld, que é também CEO e cofundador da Kavod Lending, está otimista. Desde que a fintech de empréstimos coletivos foi criada, em agosto de 2017, já emprestou R$ 6 milhões para 11 empresas. O crédito é levantado com investidores pessoas físicas - são 4 mil cadastrados (300 ativos). Com forte foco em empréstimo a franquias, a fintech elegeu 2018 como ano de validação de sua plataforma e aprimoramento nos processos de análises de crédito. "Todas as operações de 2018 estão adimplentes. O que já é resultado desse aprimoramento", diz o empreendedor, que quer bater a marca dos R$ 30 milhões em crédito este ano e chegar a R$ 1 bilhão em cinco anos.
Seu principal chamariz é a taxa de juros, que começa em 1,2% ao mês, podendo chegar a 2%. "Uma franquia tem beneficio na análise de crédito - medição de risco para baixo, o que aumenta a aprovação e diminui os juros entre 10% e 15%, considerando a solidez da marca", conta Neufeld, que já levantou crédito para franqueados do McDonald's, Subway, KFC, Calvin Klein, China in Box, FastRunner e Sterna Café.
Fundada em outubro de 2013, a Omiexperience é uma plataforma de gestão em nuvem para PMEs e opera, há dois anos, crédito por meio da antecipação de recebíveis. Com o uso de inteligência artificial, computa em tempo real o perfil do cliente. "Com essa base chegamos a uma taxa de juros para cada recebível. A análise é toda eletrônica e a variação de juros tem ficado entre 1% e 3% ao mês em média", diz Marcelo Lombardo, CEO e cofundador da empresa.
Os recursos vêm de operações de FIDcs e factory digital feitas pela Weel, startup israelense parceira do negócio. A Omiexperience atende hoje cerca de mil pequenas empresas, em operações de tíquete médio de R$ 2,5 mil em recebíveis, com prazo de vencimento de 45 dias. Os empréstimos variam de R$ 500 a R$ 200 mil. "Não descarto, no futuro, oferecer outras modalidades de crédito, como capital de giro e repasse de linhas do BNDES", afirma Lombardo. Em 2018, as operações em sua plataforma dobraram de tamanho e totalizaram R$ 31 milhões. A meta é dobrar novamente este ano e para tanto estabeleceu parceria com mais de 10 mil escritórios de contabilidade em todo o país.
No mercado P2P (pagamento pessoa a pessoa) desde 2015, a Nexoos teve como inspiração o mercado londrino, uma das referência globais neste tipo de negociação. Com investimento inicial de R$ 200 mil para montagem da plataforma, a fintech recebeu três rodadas de investimentos externos e está prestes a fechar a quarta, no valor de US$ 8 milhões, diz Daniel Gomes, CEO e cofundador da Nexoos. A empresa fechou 2018 com R$ 90 milhões em créditos concedidos, crescendo três vezes em relação 2017. Este ano espera atingir R$ 400 milhões e em 2020, R$ 1 bilhão. O número de tomadores atualmente é de 5 mil.