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Publicado em
09/11/2017
As fintechs de seguros (insurtechs) devem puxar queda nos preços das apólices no médio prazo. Com redução de até 50% no custo para seguradoras e maior concorrência no mercado, expectativa é que novos produtos e plataformas surjam no segmento.
De acordo com o sócio fundador da Planetun, Henrique Mazieiro, a própria exigência do consumidor e a necessidade de melhoria operacional das grandes seguradoras tende a impulsionar parcerias e a trazer a presença cada vez mais forte dessas fintechs no mercado.
Os últimos dados da Fintechlab apontam que o número de insurtechs no País foi de 11 em setembro de 2016 para 14 em fevereiro deste ano, um aumento de 27%.
"Seguro é um produto que ninguém quer usar e, no momento de estresse do sinistro, o cliente sempre opta pela forma mais fácil e rápida de resolver", diz o especialista, ressaltando que "o processo de tokenização tende a se consolidar nos seguros".
"Assim, o que temos acompanhado é que, no médio prazo, isso deve se reverter em benefício de preço para o cliente. Com custos menores e maior concorrência, a perspectiva é de uma redução tangível", completa Mazieiro.
Ao mesmo tempo, as seguradoras tradicionais também começam a trazer plataformas tecnológicas para a oferta de seus produtos na tentativa de acompanhar o movimento tecnológico do segmento.
Para o CEO da Bidu Corretora, Rodolpho Gurgel, o movimento corresponde a uma "necessidade" do setor em ampliar o mercado, aperfeiçoar a experiência do consumidor e até mesmo de buscar melhorias em sua rentabilidade.
"Seja com novos produtos, operações mais eficientes, análises de risco mais apuradas ou oferta de melhores canais para aquisição e retenção dos clientes, as seguradoras estão de olho em novas tecnologias para unir todos esses quesitos de forma ainda rentável", comenta o executivo.
Segundo o CEO da Thinkseg, Andre Gregori, com base em dados da CB Insights, de 2011 a 2016, os valores investidos em insurtechs mostraram um avanço de mais de 10 vezes, de R$ 140 milhões para R$ 1,6 bilhão. Além disso, o número de empresas que investiram nessas startups também aumentou de 28 para 172 na mesma base de comparação.
"O mercado continua crescendo em 2017 e nos próximos anos porque há um universo de consumidores on-line a serem conquistados nos ramos de automóveis, residência, saúde, vida e outros. O desafio está em analisar as informações e entregar ofertas personalizadas, com preço justo ao consumidor", explica.
Os especialistas ainda comparam o movimento de tecnologia às mudanças que o surgimento das fintechs fez no sistema financeiro e avaliam que, nessa linha, a tendência de novos produtos e parcerias entre insurtechs e seguradoras tende a "fazer mais sentido".
De acordo com Mazieiro, da Planetun, no entanto, a dificuldade em trazer a confiança das seguradoras mais tradicionais para a eficiência dos sistemas tecnológicos das startups financeiras de seguros ainda tem sido um impeditivo.
"As mudanças são mais lentas nessas companhias e é preciso ter alguém lá dentro com uma visão positiva para a implementação de um processo inovador. A seguradora precisa estar com o entendimento de que vale apostar em novas frentes para isso acontecer", reconhece. "A solução pode ser brilhante, mas o que valida uma parceria é a infraestrutura", completa o executivo.
Regulamentação
Outro ponto abordado pelos especialistas consultados pelo DCI é a regulamentação. Apesar da grande maioria das insurtechs não ter entraves na atuação pelo foco mais voltado no aperfeiçoamento do processo de venda de seguros do que da própria comercialização em si, a perspectiva é que essas normas se estabilizem de forma mais consolidada.
"Temos certeza que, para 2018, o processo de aquisição de seguros em ambiente digital vai se acelerar com base em regras regulatórias mais adequadas, aumento de consumidores em ambiente digital e interesse maior das seguradoras em produtos concebidos para serem distribuídos no canal on-line", conclui Gregori.