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Publicado em 29/11/2018

Ilan fica no BC até março e afirma que política cambial não mudará (Valor Econômico)

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que deverá permanecer no cargo até março para fazer a transição para o futuro titular do cargo, o economista Roberto Campos Neto. Ele previu que não haverá mudanças na política cambial no novo governo, que seria independente das pessoas no comando e implementada de forma institucional pelo BC.

"Vocês vão me aguentar aqui até março", brincou Ilan, durante uma entrevista a jornalistas em que fez o balanço da chamada "Agenda BC+", que engloba iniciativas para aperfeiçoar a regulação do sistema financeiro. Ele confirmou que os diretores do BC vão fazer a transição para o novo governo por um prazo anda mais estendido.

A expectativa é que a sabatina de Campos Neto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado só ocorra em fevereiro do ano que vem. Ao contrário do que ocorreu na transição entre os governos FHC e Lula, a indicação do novo chefe do Banco Central ainda não foi encaminhada ao Congresso pelo atual presidente da República, Michel Temer.

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O Valor apurou que a demora na indicação não é sinal de eventuais problemas na transição entre os governos Temer e Bolsonaro. Campos Neto teria pedido tempo para se desfazer de ações do Santander, onde é executivo, para eliminar eventuais alegações de conflitos de interesse entre comandar o BC e ter participação em um ente regulado.

Caso permaneça no cargo até março, Ilan vai participar de pelo menos duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que ocorrem em dezembro e em fevereiro. Se ele ficar até o fim de março, poderá tomar parte de uma terceira reunião e divulgar a primeira edição do Relatório de Inflação de 2019.

Nesse período, o Copom deverá tomar a decisão se mantém o grau de alerta para uma eventual alta mais prematura dos juros básicos, que de forma crescente o mercado vem apostando que vá ocorrer no segundo semestre de 2019. O BC tem repetido que há um balanço de riscos assimétrico para a inflação, pendendo para o lado negativo, em virtude das incertezas sobre a aprovação das reformas necessárias ao ajuste fiscal e sobre a evolução do ambiente internacional.

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Questionado durante a entrevista, Ilan não deu detalhes sobre os "motivos pessoais" que ele evocou para não permanecer no cargo no governo Bolsonaro. Ele destacou, porém, não ter divergências com a agenda da nova administração. "Vejo com bons olhos o novo governo, as medidas que estão sendo pensadas, a formação [da equipe]", afirmou Ilan. "Toda a parte institucional acho que está indo bem. O único fato [que pesou para não permanecer no cargo] são questões pessoais."

Quando perguntado sobre especulações no mercado financeiro acerca de uma eventual mudança na política cambial no novo governo, incluindo as intervenções nos diversos mercados, Ilan afirmou que nada será alterado. "A política cambial é uma política da instituição, e vai continuar sendo da instituição", afirmou. "Não prevejo nenhuma mudança em nada. O Banco Central vai continuar tendo o papel que teve até hoje."

Segundo Ilan, a permanência dele no cargo até março e dos diretores por um período mais longo "permite dar a segurança ao mercado de que essas intervenções, a política cambial, como qualquer outra política, não é uma política de um presidente do Banco Central ou de outro. É uma política da instituição e vai continuar sendo".

Ele evitou fazer comentários sobre a proposta defendida pelo futuro ministro da Economia no governo Bolsonaro, Paulo Guedes, de o Banco Central aproveitar oportunidades de mercado, como uma hipotética alta da cotação do dólar a R$ 5,00, para reduzir o volume de reservas internacionais, que tem alto custo fiscal. "É uma pergunta que vocês devem fazer para ele", disse Ilan. "O que posso dizer é que a política cambial não muda."

Segundo Ilan, o novo governo deverá dar continuidade também à agenda BC+, que ele afirma que já existia dentro da instituição antes de ele assumir sua presidência. "Gostaria de dizer que fui eu que inventei [a agenda de reformas]. Mas ela já existia." Ilan disse que o papel dele foi principalmente organizá-la e comunicar as medidas.

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