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Publicado em
06/02/2020
As empresas do Brasil foram as que mais receberam recursos, com um total de US$ 1,34 bilhão em 2019, ou 70% do total. Na sequência, vieram as fintechs do México (US$ 396 milhões), Argentina (US$ 152 milhões) e Colômbia (US$ 21 milhões).
Segundo o estudo, o avanço na América Latina decorre das características típicas da região, como a baixa bancarização da população e a alta adesão a novas tecnologias. No entanto, também é resultado do desenvolvimento de uma regulação mais propícia para o surgimento das fintechs e do fato de outros mercados terem atingido a maturidade, isto é, estão saturados para novos participantes.
“Para ter uma ideia, a Ásia tem declinado em atração de investimentos para as fintechs”, afirma Santiago Molina, consultor da Finnovating e responsável pelo estudo. “O mercado chinês está concentrado em ‘super apps’ especializados em serviços financeiros - AliPay e WeChat - e está mais saturado do que outras regiões.”
A estrutura preferida dos investidores tem sido a compra de participação acionária, que superou em mais de duas vezes o volume aportado em dívidas no ano passado. No estudo, foram usados dados fornecidos pelas próprias fintechs e informações públicas dos aportes.
Os dados mostram que as fintechs latino-americanas levantaram US$ 1,9 bilhão em participação acionária e US$ 740 milhões em dívidas em 2019. De acordo com Molina, investidores enxergam mais o potencial de crescimento, e ganho com valorização do negócio, do que resultados de curto prazo com pagamento de dívidas.
Na América Latina, investidores têm preferência por colocar seu dinheiro em “novos bancos”, com 51,7% do total investido no ano passado, seguido por fintechs de crédito, com 29,68%, além de pagamentos, com 8,68%. Os fundos que mais investiram na região foram Combinator, com seis negócios, seguido de Kaszek Ventures, QED Investors e SoftBank, todos com cinco.
As fintechs latino-americanas, segundo o executivo, estão neste momento mais preocupadas em investir em tecnologia e ampliar a base de clientes, o que resulta em despesas mais altas. “Não temos uma bolha nesse mercado de fintechs na América Latina, mas o mercado está se tornando mais maduro agora. O importante para as companhias é consolidar o modelo de negócio.”
O Brasil registrou ainda os três negócios mais valiosos. O primeiro deles foi o aporte feito no Nubank por seis fundos - TCV, Tencent, DST Global, Sequoia Capital, Thrive Capital e Dragoneer Investment Group. No total, foram levantados US$ 400 milhões, volume maior do que o atraído em todo o México no ano passado, o segundo colocado no ranking. O Nubank tinha, ao fim do ano passado, 20 milhões de clientes, e a projeção é alcançar 30 milhões em dezembro, o que sinaliza o potencial para as fintechs no Brasil e na região, segundo Molina.
Na sequência, destaque para o investimento de US$ 341 milhões do SoftBank Group no banco digital Inter e o aporte de US$ 231 milhões na Creditas por um grupo de investidores - SoftBank Group, SoftBank Vision Fund, Vostok Emerging Finance, Santander InnovaVentures e Amadeus Capital.
Molina diz que, em todo o mundo, os bancos centrais têm sido muito importantes para promover o surgimento de fintechs, o que também está sendo verificado no Brasil. Em sua visão, a regulação deve estar presente em algumas verticais de negócios, como pagamentos e empréstimos, que têm alto impacto no mercado.
Em outros segmentos, para dar mais flexibilidade ao mercado, ele acredita que um modelo interessante para o regulador é o “sandbox” - conjunto de normas mais simples e flexíveis, geralmente com nível de supervisão menor dos reguladores, para permitir que novas empresas testem tecnologias diferentes, sem sufocar a inovação.
No Brasil, uma consulta pública sobre o modelo foi aberta em novembro e terminou em janeiro. A expectativa é que o primeiro ciclo de empresas selecionadas ocorra em agosto.