FECHAR

Imprimir
Publicado em 10/10/2017

Juro do cheque sobe 64 pontos em 2 anos (DCI)

Os juros do cheque especial subiram 64,1 pontos percentuais em dois anos, de 253,2% ao ano (a.a.) em agosto de 2015 para 317,3% a.a. no mesmo mês de 2017. Apesar disso, porém, o noticiário doméstico mais positivo pode alavancar uso da modalidade em 2018.

O movimento de alta nos juros da linha aconteceu mesmo com a queda da taxa básica de juros (Selic) ao longo do período – de 14,25% a.a. desde julho de 2015 para 10,25% a.a. em julho deste ano – e tende a demorar até o final de 2019 para voltar aos patamares de 2015.

“A contradição acontece porque, na ponta, o risco conjuntural e de inadimplência acabam influenciando os bancos a subirem os juros das linhas de fácil acesso. E mesmo com as sinalizações de retomada econômica, a percepção de risco ainda é muito elevada”, comenta o economista do Conselho Federal de Economia (Cofecon) Eduardo Reis Araújo.

De acordo com dados do Banco Central, porém, os calotes subiram apenas 0,1 ponto percentual (p.p.) na comparação de agosto deste ano com igual mês de 2015, ao mesmo tempo em que as concessões avançaram 1,38% na mesma relação, de R$ 30,319 bilhões para R$ 30,740 bilhões.

Em relação a agosto de 2016, a tomada de recursos da linha caiu 1,4% (R$ 31,193 bilhões), os juros caíram 3,8 p.p. (de 321,1% a.a.) e a inadimplência reduziu 0,5 p.p. (16,1%).

Para a economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Marcela Kawauti, antes que as taxas cobradas voltem aos patamares anteriores é preciso uma “melhora conjuntural” efetiva e que, apesar das melhoras pontuais, “ainda não há nada que justifique quedas maiores”, diz.

“O que temos hoje é uma percepção de inadimplência de construção desse tipo de crédito somada à percepção de inadimplência da economia como um todo, o que encarece o custo dessa modalidade. Para a segurança sobre o futuro ser mais sólida, ela ainda vai demorar”, diz a especialista.

“Se considerarmos que a recuperação do emprego também é algo que demora, talvez apenas o ano que vem não seja suficiente para que o consumidor tenha taxas menores no cheque especial”, pondera Araújo e acrescenta que, ainda que a redução aconteça, as taxas de juros ainda são excessivamente altas, mesmo que cotadas por apenas um mês.

Na relação mensal, os juros da modalidade ficaram em 12,6% ao mês (a.m.) em agosto deste ano. A taxa era de 12,7% a.m. em igual período de 2016 e de 11,1% em 2015.

Sinal de alerta

Da outra ponta, o noticiário doméstico mais positivo que 2018 deve trazer pode alavancar o uso do cheque especial entre os consumidores alertam os especialistas consultados.

Segundo os últimos dados do SPC, 51% dos brasileiros que possuem a modalidade desconhecem os juros cobrados. “A grande maioria das pessoas sequer sabem o que estão fazendo quando vão para o cheque especial e o uso tende a se intensificar com a sensação de um ambiente mais otimista”, pondera Kawauti.

Para Araújo, porém, o alto endividamento das famílias e o grande número de desempregados no País podem amenizar um pouco a adesão à linha.

“É preciso uma melhora real para o consumidor partir para um consumo mais ávido. De qualquer forma, é um sinal de alerta. Não dá pra brincar com foco”, conclui o economista.

Video institucional

Cursos EAD

Fotos dos Eventos

Sobre o Sinfac-SP

O SINFAC-SP está localizado na
Rua Libero Badaró, 425 conj. 183, Centro, São Paulo, SP.
Atendemos de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.