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Publicado em 23/04/2020

Juros de curto prazo têm queda forte com expectativa de redução da Selic (Valor Econômico)

O tom mais favorável a estímulos de dirigentes do Banco Central abriu as portas para cenários que apontam para uma taxa básica de juros em níveis ainda mais baixos do que os esperados antes pelo mercado. A curva a termo passou a precificar chance majoritária de uma redução de 0,75 ponto percentual na Selic na reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom) e há quem espere por um corte ainda maior, diante dos impactos expressivos do novo coronavírus na economia.

No fim da sessão regular desta quarta-feira (22), às 16h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 recuou de 2,83% para a mínima histórica de 2,655%; a do DI para janeiro de 2022 cedeu de 3,37% para 3,18% e a do contrato para janeiro de 2023 caiu de 4,37% para 4,19%.

Já a taxa do DI para janeiro de 2025 foi de 5,96% para 5,84%; e a do contrato para janeiro de 2027 passou de 6,83% para 6,78%. O spread entre as taxas dos DIs para janeiro de 2021 e de 2029 ficou em 4,665 pontos.

A cada dia, novas revisões para o Produto Interno Bruto (PIB) são observadas no mercado. O Citi, por exemplo, deixou para trás a expectativa de queda de 1,7% da atividade neste ano e passou a esperar uma retração de 4,5%. Já o Fibra projeta, no momento, um tombo de 6% do PIB. No Bradesco BBI, a expectativa dos economistas é de uma retração de 4% da atividade em 2020 no país.

No início da semana, o BC indicou, em eventos privados, que poderia seguir de forma mais firme com o afrouxamento monetário planejado. O diretor de Política Econômica, Fabio Kanczuk, por exemplo, disse que não fazia sentido guardar munição para mais tarde, o que, para os agentes do mercado, apontou para a possibilidade de cortes mais agressivos na reunião de maio do Copom. Essa indicação já se refletiu no mercado e, no fim do dia, a curva a termo apontava 95% de chance de um corte de 0,75 ponto na Selic em maio e 5% de possibilidade de uma redução de 0,50 ponto, segundo a Quantitas.

Ontem, enquanto os mercados estavam fechados no Brasil, os economistas do J.P. Morgan já alteraram suas projeções e passaram a esperar uma queda de 0,75 ponto na Selic no próximo mês, seguida de um corte de 0,25 ponto, o que levaria a taxa a 2,5% até o fim do ano. Hoje, o economista-chefe para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, alterou sua projeção e disse esperar uma redução de ao menos 0,75 ponto em maio, não descartando a possibilidade de uma queda de 1 ponto.

Em relatório enviado a clientes, Secemski nota que houve uma melhora nas condições financeiras devido à menor aversão a risco nos mercados, medida pelo CDS e pelo VIX, com rendimentos mais baixos ao longo da curva de juros e alguma recuperação no mercado acionário. Na avaliação do Barclays, há uma possibilidade de um ajuste potencialmente maior nos juros e que poderia ser feito em um único movimento. O risco a essa projeção estaria na política fiscal, de acordo com o economista.

Já no ASA Bank, que tem o ex-secretário do Tesouro Carlos Kawall como diretor de pesquisa econômica, a expectativa é de uma redução de 1 ponto da Selic em maio. “A gravidade da atual crise e a velocidade das revisões de cenário indicam, inclusive, que a pesquisa Focus deve continuar apresentando mudanças até a próxima reunião do Copom”, afirmam os analistas do banco. Mesmo com um cenário que inclui levar o juro básico a 1% em 2020, o ASA alerta que o risco é de “um processo de desancoragem da inflação, o que dificultaria a queda do juro real e a recuperação da economia”.

Decisões de outros bancos centrais de mercados emergentes têm pressionado por uma decisão mais enérgica por aqui. Na semana passada, o Banco da Reserva da África do Sul surpreendeu ao reduzir o juro básico de forma emergencial em 1 ponto percentual, para 4,25%. Ontem, foi a vez do Banco do México realizar um corte surpresa na taxa de 0,50 ponto, para 6%. Hoje, o banco central da Turquia surpreendeu com uma queda de 1 ponto no juro de referência, para 8,75%.

Para o economista-chefe do Haitong, Flavio Serrano, a decisão da autoridade monetária brasileira não será trivial. “Somente com a expectativa do BC acelerar o ritmo de cortes, o dólar já bateu R$ 5,40. Eu optaria por uma redução de 0,50 ponto ou de, no máximo, 0,75 ponto. Talvez seguir cortando de pouco em pouco seja mais eficiente neste momento”, diz. Na avaliação de Serrano, a forma como o BC vai escolher a trajetória é complexa. “Ele pode esperar junho para decidir cortar mais 0,50 ponto na taxa ou pode optar por antecipar o processo e reduzir a taxa para 2,75% já agora”, afirma.

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