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Publicado em 19/06/2018

Lenta retomada do emprego deixará recuperação de crédito negativa (DCI)

A recuperação de crédito no País deverá ficar negativa ao longo deste ano. A contínua incertezas política e econômica do País e sem uma recuperação no mercado de trabalho, demanda por crédito e capacidade de consumo das famílias só deve melhorar em 2019.

Apesar do aumento de alguns indicadores econômicos – como os juros no menor patamar histórico, a inflação controlada e a volta gradual do consumo – a demora na retomada do emprego ainda impacta a renda familiar e a capacidade de pagamento dos brasileiros.

“Esperávamos que a recuperação de crédito começasse a ficar positiva, mas a alta mensal que temos até agora não é pela melhora nos pagamentos e, sim, pela queda da demanda por crédito”, diz o economista do Serviço Central de Proteção ao Crédito (Boa Vista SCPC), Flávio Calife.

De acordo com os dados do birô de crédito, por exemplo, apesar de maio ter registrado um aumento de 3,2% nas recuperações ante abril, a análise do acumulado de 12 meses mostra recuo de 2,6%.

Em abril, o crescimento ante março era de 5,1%, com queda de 1,6% nos 12 meses.

Segundo as últimas informações do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), por outro lado, o volume de recuperações de crédito no acumulado de 12 meses até abril deste ano subiu 2,9% – a maior alta desde outubro de 2015.

Ao mesmo tempo, as dívidas quitadas na mesma relação ficaram estáveis em -0,41%.

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, apesar do número visto em abril ser bom, ele mostra “um fundo negativo”.

“O mercado de trabalho é a última variável a retomar e ainda não mostrou as caras. Essa recuperação vem mais lenta do que o esperado e, mesmo que os bancos tenham elevado as concessões com cuidado, o orçamento das famílias está muito apertado e isso pode ter reflexos na inadimplência futura”, avalia a especialista do SPC.

A exemplo do movimento bancário, as carteiras de pessoas físicas de quatro dos cinco maiores bancos (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) somaram R$ 668,5 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 5,9% em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 631,1 bilhões).

A maior alta foi do Santander (20,9%), de R$ 94 bilhões para R$ 113,7 bilhões, seguido por Itaú (+6%), de R$ 180,5 bilhões para R$ 191,4 bilhões, Bradesco (+3,4%), de R$ 171,8 bilhões para R$ 177,8 bilhões e BB (+0,04%), de R$ 184,8 bilhões para R$ 185,6 bilhões.

Segundo Calife, o crescimento bancário nos empréstimos ainda tem sido aquém do esperado pelo mercado e que, com a piora da confiança – principalmente a partir de maio, com a greve dos caminhoneiros – o cenário de crédito poderá mudar.

“Os bancos estão bastante cautelosos e restritivos nas concessões, por isso não enxergam inadimplência. Mas com a confiança piorando, tanto para o consumidor como para o empresário, a demanda deve cair”, comenta.
Demora no investimento

Nesse sentido, tendo em vista a falta de um direcionamento político e econômico no País com a aproximação das eleições, os especialistas consultados pelo DCI projetam uma melhora apenas para 2019.

De acordo com o advogado sócio da Rosenbaum Advogados e especialista em recuperação de crédito, Léo Rosenbaum, a volta do consumo ainda é muito superficial e também insuficiente para trazer a decisão de investimento de volta às empresas.

“A economia vai recuperar, mas até que haja uma definição política, não existirá empresário que pensará em aumentar seus negócios. Isso sem contar que o mercado aguarda as reformas tributária e previdenciária”, complementa o advogado.

“Além disso, temos o lado do consumidor desempregado ou sem confiança no emprego que também atrasa o consumo”, lembra Kawauti. “Tudo ainda depende das eleições”.
Regiões

Quanto as regiões que devem puxar a recuperação de crédito no próximo ano, ambos os especialistas de birôs de crédito apostam no Sul e também no Sudeste. “São as regiões que acabam registrando a maior atividade. Em seguida vem Centro-Oeste, por conta do agronegócio”, conclui Calife.

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