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Publicado em 30/04/2020

Medidas para crédito começam a surtir efeito (Valor Econômico)

O conjunto de medidas adotadas pelo Banco Central (BC) para conter o impacto econômico da pandemia de coronavírus começa a surtir efeito e deverá injetar dezenas de bilhões de reais no mercado de crédito em cerca de duas semanas, afirmou ontem o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Ricardo Gelbaum.

Entre elas, destacam-se a emissão de letras financeiras garantidas por carteiras de crédito e os empréstimos com lastro em debêntures. Ambas já estão à disposição das instituições financeiras, mas ainda se encontram em seus primeiros passos no mercado. Outras, como a liberação de depósitos compulsórios a prazo e as operações compromissadas com títulos soberanos, estão em pleno funcionamento.

Até a última segunda-feira, as instituições financeiras realizaram 470 operações de compra de debêntures, num valor total de R$ 5,7 bilhões, apontou o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado ontem pelo BC. “Essa é uma medida que ganhou tração”, afirmou o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney Ferreira. “Está havendo apetite dos bancos até acima da expectativa inicial.”

De acordo com Gelbaum, a ABBC - que representa bancos pequenos e médios e fintechs - inicialmente não se animou muito com os empréstimos lastreados por debêntures porque os preços desses títulos estavam muito voláteis. No entanto, agora, o mercado tem mostrado mais fluidez, e esse caminho passou a fazer sentido para essas instituições financeiras.

No caso das letras financeiras garantidas (LFG), 18 bancos se inscreveram em abril para emitir esses papéis, num total de R$ 45 bilhões, também de acordo com dados apresentados pelo BC. Segundo Ferreira, da Febraban, as letras financeiras garantidas têm “potencial grande” de gerar crédito, mas a execução dessas operações é complexa. Antes de emitir os novos títulos, é preciso definir qual a carteira de crédito que será oferecida em garantia e fazer o registro desses ativos. Gelbaum também disse acreditar que ainda é preciso aprimorar as questões operacionais das LFG, mas ressaltou que o instrumento deve viabilizar um volume importante de crédito.

Para o presidente da ABBC, os bancos pequenos e médios devem começar a atrair em breve recursos por meio da nova versão do DPGE - título de captação bancária voltado a instituições financeiras de menor porte. Segundo Gelbaum, os compradores típicos desses papéis são fundos de investimento e fundos de pensão, que passaram as últimas semanas debruçados sobre suas próprias questões. “Na hora em que estabilizar [o fluxo de entradas e saques desses fundos], vai entrar dinheiro em DPGE e vai ter um mercado muito mais organizado em termos de preço”, disse.

Gelbaum e Ferreira participaram de uma discussão on-line entre representantes do setor financeiro. As declarações de ambos foram posteriormente detalhadas ao Valor após questionamentos feitos pela reportagem. Ambos ressaltaram que o sistema financeiro está capitalizado e mais preparado para enfrentar esta crise que a de 2008.

Febraban e ABBC, que já vinham atuando em parceria em diversos assuntos mesmo antes da crise, estreitaram o diálogo após o coronavírus. Na semana passada, apresentaram em conjunto ao BC um pedido ao regulador para que bancos pequenos e médios também possam recomprar até 20% do volume de letras financeiras de sua emissão, ante o limite atual de 5%. Esse aumento já foi autorizado pelo regulador para os grandes bancos. “Foi [uma medida] plenamente utilizada e muito importante para dar saída aos agentes de mercado”, disse Ferreira.

Além da inclusão de instituições financeiras de menor porte, os bancos também pediram extensão do prazo dessa medida, que expira nesta quinta-feira.

De acordo com Ferreira, o setor financeiro está “vivenciando os efeitos econômicos de uma crise que não é econômica”. Nesse cenário, disse ele, o papel dos bancos é se manter saudáveis e conceder crédito, e isso está acontecendo. “Os dados do BC revelam que concessão de crédito está chegando à ponta e há queda do spread”, ressaltou.

O presidente da Febraban, que já foi diretor do Banco Central, afirmou que o órgão regulador está agindo de forma correta e em linha com as necessidades do mercado. “O próprio BC já sinalizou que pode ampliar as medidas caso o cenário se deteriore.”

 

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