“Fomos pioneiros na transformação digital de produtos e serviços relacionados à conta corrente. Agora queremos levar essa experiência de digitalização ao mundo dos investimentos”, afirmou Jean Sigrist, presidente da Neon, destacando que a aquisição foi fechada ontem, dia em que a fintech completou quatro anos.

A Neon comprou a corretora como ela é hoje: vai incorporar a seu negócio a equipe de profissionais, os sistemas e processos de controles. “Isso representará um ganho de timing importante, uma vez que não estamos entrando no negócio do zero”, diz Sigrist.

Em 2018, a Magliano já havia transferido sua carteira de clientes do varejo para a Guide. Atualmente, operava apenas com a atividade de administração, controladoria e custódia de fundos.

A Magliano vai mudar de nome para Neon e, de certa forma, vai voltar a atender o varejo, mas apenas os clientes da fintech.

Depois da venda de 100% da corretora, Raymundo Magliano Filho, ex-presidente da antiga Bovespa, diz que a família seguirá por outros caminhos. “Nessa pandemia, em que ninguém sabe o dia de amanhã, vamos dar uma parada para pensar em como deveremos atuar daqui para a frente no mercado”, diz Magliano Filho, que tende a se dedicar mais aos estudos da filosofia e trabalhos de impacto social do que ao mercado. A corretora nasceu em 1972 e já estava na terceira geração - Raymundo Magliano Neto não se juntará à nova casa.

“Vai ser muito gostoso falar que a Neon é a corretora número 001 da bolsa. A gestão de Magliano na Bovespa foi sempre inovadora. Ele foi um visionário, com uma série de iniciativas para atrair o investidor de varejo. Agora daremos continuidade a esse trabalho de muitos anos atrás”, afirmou Sigrist.

Magliano Filho diz que o contato com os novos negócios no mercado é um aprendizado mútuo. “Eles têm a tecnologia e nós temos a tradição de termos trabalhado tantos anos no mercado. Ambos têm grande valia”, diz. A Neon já possuía uma área de investimentos, que vai se integrar à equipe da Magliano, e uma asset com dois fundos que estão sendo distribuídos. Vai poder, depois que o negócio for aprovado, oferecer a seus clientes acesso a todos os tipos de produtos do mercado de capitais. Hoje possui 9 milhões de contas abertas, entre pessoas físicas e jurídicas.

Hoje a Neon distribui CDBs do Banco Votorantim, e Sigrist observa que a carteira de clientes que já investem com a fintech, surpreendentemente, tem crescido cerca de 20% ao mês desde o início da pandemia, em março. No momento, 30% da base já consome esse produto de investimento oferecido.

“À medida que tenhamos uma oferta mais completa de produtos, a penetração tende a crescer. Mais do que isso, vislumbramos a conexão entre crédito, conta e investimento, com maior agilidade entre as operações”, diz Sigrist. Como exemplo, um cliente que tem investimento na Neon tende a obter um score de crédito melhor do que o que não tem. Também haverá mais agilidade em eventuais resgates de investimentos.