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Publicado em 02/05/2017

Nova plataforma simplifica desconto de recebíveis (Valor Econômico)

As “fintechs”, como são chamadas as empresas de tecnologia financeira, avançam também sobre a oferta de crédito corporativo. Uma delas, a Monkey Exchange, quer tornar o mercado de desconto de recebíveis mais eficiente e barato à cadeia de fornecedores de grandes companhias.

A ideia é que esses fornecedores listem o que têm a receber de empresas clientes na plataforma digital. Na outra ponta, os clientes desses fornecedores reconhecem que têm um título a pagar, concordam que sejam descontados na plataforma e se comprometem a pagar diretamente ao comprador dos recebíveis na data de vencimento agendada inicialmente. O objetivo é que essa espécie de “garantia” abra espaço para que a empresa que usar a plataforma para descontar seus recebíveis consiga taxas melhores, em um processo semelhante a um leilão, com disputa pelos seus títulos.

“O desafio é fazer a vida do diretor financeiro de médias empresas mais simples”, diz Gustavo Muller, sócio-fundador da Monkey. Para isso, a meta é que a plataforma dê liquidez aos recebíveis, promovendo maior concorrência entre os investidores desses papéis.

Pelo menos três grandes empresas estão em processo de implementação do sistema. Uma delas é a Dimed, do setor farmacêutico. Com faturamento líquido acima de R$ 2 bilhões, a companhia trabalha com os principais fornecedores de higiene e beleza do país, além de laboratórios de medicamentos.

Antônio Napp, diretor de relações com investidores da Dimed, diz que o sistema pode se firmar como uma opção de desconto de recebíveis mais barata para seus fornecedoras de menor porte, melhorando a qualidade da cadeia produtiva como um todo. Napp ressalta que a Dimed conta também com grandes fornecedores que, em tese, não precisariam desse tipo de recurso. Mas a plataforma pode ser útil, diz, para ajudar a “limpar o balanço” desses grandes fornecedores no momento de reportar resultados para a matriz.

Na avaliação de Muller, da Monkey, a antecipação de recebíveis hoje é feita num mercado bastante fragmentado, formado por bancos e fundos de direitos creditórios com pouca capilaridade. A ideia, no entanto, não é concorrer com eles, mas atraí-los como investidores em busca de bons ativos.

“Na dinâmica de um fundo de recebíveis, o que acontece é que a grande empresa não quer correr o risco de pagar diretamente ao fundo e paga ao fornecedor. O fundo, por sua vez, cobra mais porque não sabe se vai receber do fornecedor [que usou o fundo para antecipar os recursos]”, explica. Segundo Muller, já há gestores e family offices à frente de fundos de recebíveis dispostos a negociar na plataforma.

O custo da transação – ou o ganho da Monkey – fica com o fornecedor, que tem o valor do título a receber. No caso das grandes empresas devedoras dos títulos, não há, por ora, ganho financeiro em se conectar à plataforma. Mas a possibilidade, diz Napp, da Dimed, não está descartada. “Nos bancos, em alguns casos, é dado um rebate para a empresa que está fornecendo funding. À medida que o volume aumentar, essa é uma possibilidade”, diz.

Outra que decidiu apostar na plataforma foi a Telefónica, que detém participação acionária por meio do veículo de investimento Wayra. Renato Valente, executivo do programa de inovação aberta e empreendedorismo Telefónica Open Future, diz que a atuação na cadeia de grandes empresas foi o grande chamariz.

Valente explica que grandes empresas, como a Telefónica, contam com factorings para descontar recebíveis de seus fornecedores, mas alguns deles, às vezes por conta do valores mais baixos, não conseguem ter acesso à operação de desconto. “Esta pode ser uma das formas de atuar em conjunto com a plataforma, com a possibilidade até de a Telefónica ganhar um ‘share’ dessas operações”, afirma.

A expectativa é que, no futuro, os bancos respondam a iniciativas como essa com juros mais competitivos a seus clientes. Napp, da Dimed, pondera que esse movimento só vai acontecer quando a plataforma girar um volume importante de recursos. “Garanto que serão precisos alguns bilhões”, resume.

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