FECHAR

Imprimir
Publicado em 06/12/2018

Número de brasileiros que vivem em situação de pobreza aumenta em 2017 (DCI)

A pobreza continuou crescendo no Brasil no ano passado. De 2016 para 2017, 2 milhões de pessoas passaram para baixo da linha de pobreza do Banco Mundial, de acordo com dados divulgados ontem (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2018, 54,8 milhões de brasileiros estavam abaixo dessa faixa, ou seja, tinham renda domiciliar por pessoa inferior a R$ 406 por mês, ante 52,8 milhões em 2016.

Na prática, a proporção de pessoas pobres no Brasil era de 25,7% da população em 2016 e subiu para 26,5%, no ano de 2017.

Já o contingente de pessoas com renda inferior a R$ 140 por mês, que estariam na extrema pobreza, de acordo com a linha proposta pelo Banco Mundial, representava 6,6% da população do País em 2016, contra 7,4% em 2017. Em números absolutos, esse contingente aumentou de 13,5 milhões em 2016 para 15,2 milhões de pessoas no ano passado.

Segundo o analista socioeconômico do IBGE, Jefferson Mariano, apesar de 2017 ter apresentado índices que evidenciavam a saída da recessão da atividade, outros fatores impactaram o rendimento dos brasileiros.

“Esse cenário se formou principalmente por conta dos efeitos da interrupção da política de valorização do salário mínimo, que, a partir de 2015, teve impacto direto nas remunerações. A leve recuperação econômica não foi suficiente para atenuar esse fato”, explica ao DCI.

O especialista destaca ainda que as dificuldades encontradas no mercado de trabalho em 2017 também contribuíram para o avanço da pobreza no País.

A taxa de desocupação era de 6,9% em 2014, e subiu para 12,5% em 2017. Isso equivale a 6,2 milhões de pessoas desocupadas a mais entre 2014 e 2017. Além disso, no ano passado o trabalho informal alcançou 37,3 milhões de pessoas, o que representava 40,8% da população ocupada, ou dois em cada cinco trabalhadores. Esse contingente aumentou em 1,2 milhão desde 2014, quando representava 39,1% da população ocupada.

O aumento do número de pessoas em situação de pobreza tem impacto direto na economia do País. “Antes da crise de 2015, o ciclo de crescimento vinha sido puxado principalmente pelo consumo das famílias. Com as dificuldades no mercado de trabalho e no rendimento, temos uma massa de pessoas estagnadas, o que impede a retomada do consumo e a recuperação da economia”, comenta Mariano.

Regionalização

Os dados do IBGE também confirmam que a pobreza está regionalmente localizada no Brasil. No Nordeste, 44,8% dos 57 milhões de habitantes estão abaixo da linha de pobreza. São 25,6 milhões de pessoas – a metade do total nacional – vivendo com menos de R$ 406 mensais por pessoa.

Enquanto isso, no Sul, 12,8% da população de um montante de 29,6 milhões de habitantes está abaixo dessa linha. São 3,8 milhões de pessoas.

Em 2017, o rendimento médio mensal per capita domiciliar no País foi de R$ 1.511. As menores médias foram no Nordeste (R$ 984) e Norte (R$ 1.011), regiões onde quase metade da população (respectivamente, 49,9% e 48,1%) tinha rendimento médio de até meio salário mínimo. Ainda nessas regiões, apenas 7,8% e 7,7% das pessoas possuíam rendimento mensal superior a dois salários mínimos.

“O Brasil ainda possui uma assimetria regional muito grande. Esse é um fato histórico que pouco se avançou nos últimos anos. Os estados do Norte e Nordeste possuem taxas de desocupação e subutilização mais elevadas, o que potencializa a situação de pobreza”, diz Jefferson.

Próximo governo

De acordo com especialistas ouvidos pelo DCI, para tratar desse cenário será necessário que o novo governo concilie pautas econômicas liberais, como a aprovação das reformas da Previdência e tributária, e políticas públicas.

“O governo eleito possui uma inclinação um pouco mais liberal, e defende que as políticas econômicas são os principais meios para lidar com essas dificuldades, mas será difícil resolver essa situação no curto prazo sem políticas sociais. É necessário também usar o Estado para ajudar pessoas em situação emergencial”, comenta o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.

“Precisamos discutir logo de início se queremos um orçamento com muitos gastos ou orçamento mais enxuto, onde o governo terá dinheiro para investimentos necessários na área social”, explica o professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (EESP FGV), Renan Pieri.

O levantamento do IBGE informou o montante necessário para erradicar a pobreza. Em 2017, foi estimado em R$ 10,2 bilhões mensais, perfeitamente alocados, para que as pessoas com rendimentos inferiores a US$ 5,5 por dia atingissem essa linha.

Para a linha de extrema pobreza (R$ 140 por mês ou US$ 1,90 por dia), o montante necessário para que todos alcancem essa linha era de R$ 1,2 bilhão por mês. “Esses valores são um diagnóstico, deixados em aberto para tomadas de decisão do governo em relação às políticas públicas”, explica Jefferson Mariano, do IBGE.

Video institucional

Cursos EAD

Fotos dos Eventos

Sobre o Sinfac-SP

O SINFAC-SP está localizado na
Rua Libero Badaró, 425 conj. 183, Centro, São Paulo, SP.
Atendemos de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.