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Publicado em 21/07/2020

Nuvem vira opção a bancos em transição digital (Valor Econômico)

As empresas de tecnologia vêm conquistando uma enxurrada de novos negócios durante a pandemia de covid-19, como é possível ver pela forte alta de suas ações. No caso dos bancos, em particular, têm ocorrido um despertar tecnológico especial para as vantagens da computação em nuvem. Depois de anos se arrastando, muitos deixaram de lado a abordagem cautelosa em relação aos serviços na nuvem de computadores e aderiram com gosto à terceirização do armazenamento de seus dados e outras atividades que exigem alta potência de computação.

Só nos últimos dias, a Amazon Web Services assinou um grande contrato com o HSBC, enquanto o Google anunciou parcerias com o Goldman Sachs e o Deutsche Bank. Por que agora? Alguns dos motivos são óbvios.

À medida que os bancos sofrem mais pressões com os custos financeiros das medidas de confinamento, em meio ao declínio na atividade econômica e o crescimento explosivo nas perdas com empréstimos, procuram aproveitar qualquer oportunidade para reduzir custos. Os serviços em nuvem tendem a ter uma cobrança baseada no grau de uso, em vez de exigir o comprometimento de bilhões de dólares em investimento prévio.

O entusiasmo com a computação em nuvem, porém, não é apenas uma questão de economia. Os bancos estão entre os usuários mais entusiastas de softwares que rodam na nuvem e de serviços de videoconferência que facilitam o trabalho remoto. Logo quando a pandemia impactava o mundo, a Microsoft completou a implementação de seu serviço de vídeo Teams para 100 mil funcionários das operações bancárias globais do Santander, expandindo um contrato de serviços em nuvem assinado com o banco em 2019.

A pandemia também vem acelerando a tendência rumo aos serviços bancários digitais. O grupo holandês ING informou neste mês que pretende fechar 25% de suas agências. Os prestadores de serviços na nuvem se propagandeiam cada vez mais como “parceiros [dos bancos] na digitalização”.

Antes da pandemia, o setor bancário tinha mais relutância em mudar-se para a computação em nuvem. Um relatório de 2019 do Banco da Inglaterra sobre finanças digitais estimou que apenas 25% das atividades dos grandes bancos mundiais estavam na nuvem.

A proporção é bem menor do que a de outros setores, embora a McKinsey projete que, em dez anos, entre 40% e 90% da carga de trabalho dos bancos, globalmente, possam passar para a nuvem. Executivos de bancos acreditam que o coronavírus vai acelerar drasticamente essa transição.

“Até agora, as áreas que se mudaram para a nuvem vinham sendo as que exigiam alta intensidade de computação, como as de modelos de gestão de risco”, diz um executivo de uma grande empresa de serviços em nuvem de computadores. “Dados pessoais delicados e dados de operações financeiras não se mudaram. Mas estamos começando a ver essa mudança.”

O histórico de relutância dos bancos decorre em grande parte de seu nervosismo quanto a segurança e privacidade. Também reflete, porém, receios reguladores de longa data quanto à solidez dos serviços na nuvem e o risco de concentração do setor.

Trinta dos maiores bancos do mundo, considerados de importância sistêmica, estão sujeitos a exigências de capital feitas por órgãos reguladores em nome da segurança. Se 90% dos dados bancários passassem para a nuvem, quanto maior seria o risco de que três ou quatro grandes empresas, que não são alvo de regulamentação específica, dominassem esse espaço?

Nos últimos dois anos, contudo, o sentimento a favor dessas mudanças foi gradualmente melhorando. Gigantes tecnológicos se engajaram com as autoridades reguladoras. Sua argumentação de vendas para ganhar negócios dos bancos tem sido ajudada por uma tendência mais ampla na computação em nuvem chamada de “tecnologia de contêiner”. Ela permite que as empresas usem diversos provedores de serviços na nuvem como reserva de segurança, permitindo a troca entre eles em caso de problemas.

Os bancos e os órgãos reguladores também têm sido persuadidos de que os sistemas na nuvem, respaldados por empresas de tecnologia com os cofres cheios e os mais modernos sistemas de cibersegurança, devem ser especialmente seguros.

Se tudo soa bom demais para ser verdade, pode ser porque talvez de fato o seja. O Capital One, banco americano que também administra cartões de crédito, declara em um estudo de caso propagandeado pela Amazon Web Services (AWS): “O benefício mais importante de trabalhar com a AWS é que não precisamos nos preocupar em construir e operar a infraestrutura”. Essa despreocupação, entretanto, saiu pela culatra em 2019, quando sofreu uma grande invasão que expôs detalhes pessoais de mais de 100 milhões de clientes e solicitantes de cartão de crédito, além de acesso a dados de 80 mil contas bancárias. A culpa foi atribuída a um ex-funcionário da AWS. Brigas jurídicas surgiram.

Um tipo diferente de ameaça à privacidade emergiu em Hong Kong na semana passada, onde grandes empresas de serviços na nuvem estão lutando contra tentativas das autoridades reguladoras de ganhar acesso a dados dos clientes bancários. Ainda está por se ver se os órgãos reguladores hostis têm maior ou menor influência sobre as grandes empresas de tecnologia do que sobre os grandes bancos.

As crescentes tensões geopolíticas entre EUA e China e outras partes do mundo, no entanto, não serão de grande ajuda, tendo em vista que as empresas na nuvem dominantes são americanas.

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