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Publicado em 23/04/2019

PagSeguro lança pagamento imediato e acirra disputa no setor (Valor Econômico)

A PagSeguro, do grupo UOL, lançou ontem o pagamento imediato aos varejistas de transações feitas nas "maquininhas", tanto nos cartões de débito quanto no crédito. O movimento é uma resposta à crescente disputa no mercado de credenciamento de cartões, e mostra como os participantes do segmento estão se organizando para criar soluções de pagamentos instantâneos, antes mesmo de o Banco Central lançar um modelo para esse serviço.

Os cerca de 4 milhões de clientes ativos da PagSeguro poderão receber na hora os valores das operações realizadas com cartões de débito e crédito, à vista ou parcelado, mesmo nos fins de semana e feriados. Pela solução, que estará disponível a partir de 1º de maio, o cliente terá o dinheiro na conta de pagamento vinculada à credenciadora e poderá fazer compras, sacar os recursos na rede Banco24 Horas e usar o cartão pré-pago internacional da bandeira Mastercard.

No modelo ainda vigente, os clientes recebem os recursos em um dia, mediante o pagamento de uma taxa de desconto, referente a cada transação. Além disso, existe a cobrança da taxa para antecipação de recebíveis nas compras a prazo, que normalmente são depositadas aos lojistas a cada 30 dias, conforme o vencimento das parcelas e o pagamento das faturas dos consumidores. O custo do pagamento instantâneo será o mesmo da liquidação em um dia. Procurada, a PagSeguro não deu detalhes sobre as taxas cobradas.

Nas últimas semanas, as credenciadoras têm reduzido ou zerado a taxa de antecipação dos recebíveis e tornado padrão o pagamento em dois dias. O movimento começou pelas empresas ligadas a grandes bancos, entre elas Getnet, do Santander, seguida pela Rede, do Itaú Unibanco, e pela SafraPay, do Safra. É esperado que a Cielo, cujos acionistas são o Banco do Brasil e o Bradesco, também lance algo.

A reação da PagSeguro à concorrência evidencia como o setor de cartões está avançando nos pagamentos instantâneos, devido à demanda dos clientes, antes mesmo de o BC lançar uma solução padronização. Esse serviço, já disseminado em outros países, prevê a transferência de dinheiro entre pessoas, empresas e governo sem restrição de horário, origem ou destino. Hoje, no Brasil, não há liquidação de transferências fora do horário comercial.

"A PagSeguro está lançando um produto que tem valor: receber antes é importante para o seu cliente", diz Marcelo Padua Lima, sócio do escritório Cascione Advogados. "Mas obviamente o serviço da empresa tem um escopo mais limitado do que aquele que deve ser desenvolvido no âmbito do Banco Central."

Segundo o Valor apurou, outras credenciadoras, bancos e fintechs estão se organizando para poder oferecer soluções de pagamentos ou transferências instantâneas aos seus clientes. De maneira geral, eles estão conversando para se conectar a plataformas já existentes das bandeiras Visa e Mastercard, presentes no exterior e que estão sendo lançadas no país.

A credenciadora Cielo, por exemplo, fechou uma parceria com a bandeira Visa, que trouxe em março para o Brasil a plataforma Visa Direct, lançada há sete anos no exterior. Esse sistema permite que qualquer pessoa ou empresa possa fazer transferências imediatas de valores a um portador de cartão da bandeira, seja ele de débito, crédito ou pré-pago.

A parceria entre as empresas, segundo o Valor apurou, ainda é embrionária e deve começar a deslanchar em setembro. "Estamos trabalhando na implementação da infraestrutura", diz Olivia Aki, diretora de produtos da Visa do Brasil. "Mas esperamos ter operações acontecendo na plataforma ainda em 2019."

No projeto, a Cielo vai atuar como uma processadora, comandando as transações de empresas interessadas em usar o Visa Direct. No entanto, não há exclusividade no contrato e a Visa pretende atrair outras credenciadoras e bancos. O sistema vai se tornando mais aberto à medida que esses processadores se liguem a outras bandeiras e, assim, possam fazer transações com destino a portadores de outros cartões.

A bandeira Mastercard, por sua vez, faz as transferências de valores em até 30 minutos na plataforma Mastercard Send, lançada em 2013 e fortemente disseminada no exterior - na Rússia, o uso do sistema é tão abrangente que já supera o de cartões de débito. O sistema começou a ser usado em indenizações de seguradoras, mas aos poucos foi avançando para os pagamentos entre pessoas ou de empresas para pessoas.

A meta da Mastercard é habilitar todos os bancos emissores de cartões de débito e pré-pagos da bandeira no Brasil até o início de 2020. Neste âmbito, entram inclusive as fintechs e os bancos digitais, que estão se preparando para fazer parte da plataforma.

"O escopo da padronização do Banco Central é amplo, por isso ele é um processo que vai tomar tempo. Enquanto isso, já podemos desfrutar do potencial dessa plataforma que temos disponível, com nossos parceiros", diz Guilherme Esquivel, diretor de pagamentos digitais da Mastercard Brasil.

De acordo com as bandeiras, a principal oportunidade para o pagamento instantâneo é substituir as transações que são feitas em dinheiro, cheques e as transferências bancárias, levando-se em conta que 80% das transações entre pessoas ainda são realizadas com dinheiro.

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