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Publicado em 01/09/2020

Para crescer, fintech faz lance pelo ‘último banco da Bahia’ (Valor Econômico)

A fintech Social Bank anunciou a intenção de comprar o Banco Capital para dar início à operação em larga escala de um banco digital completo para pessoas jurídicas e físicas com viés social. Na transação, a família baiana Cunha Guedes passa aos acionistas Rodrigo Borges, Carlos Wizard e seus filhos a instituição financeira. O negócio, assinado no dia 10 de fevereiro, ainda necessita de aprovação do Banco Central (BC), que publicou na semana passada a declaração de propósito.

Lançado em 2017 em Uberlândia, o Social Bank oferece serviços como contas digitais, empréstimo entre pessoas (“social cash”) e participa da transferência de recursos de agências internacionais à população vulnerável, como índios na Amazônia e refugiados venezuelanos. Com o jeitinho mineiro, sem alarde, alcançou 5 mil contas empresariais e 1,5 milhão de contas pessoas físicas, com a perspectiva de movimentar R$ 700 milhões em 2020.

O controle do Social Bank está nas mãos do empresário Rodrigo Borges, que detém metade das ações. Wizard, investidor de longa data dos projetos do empreendedor, tem 27,86% do total, seguido pelos filhos Charles (18,84%) e Lincoln (3,30%). O trio, embora invista, não participa da operação. A estrutura acionária pode mudar com uma nova rodada de aportes - há conversas com fundos e varejistas digitais. O banco a ser adquirido tem capital de R$ 21 milhões, o mínimo exigido por lei.

A fintech havia pedido ao BC licença para operar em diferentes áreas (instituição de pagamento, Sociedade de Crédito Direto e de Empréstimo entre Pessoas e adquirente). Mas, enquanto não saem, decidiu comprar o banco. “Para sermos grandes, não bastava ser fintech, precisávamos de um voo maior. A licença nos cobre em diferentes sentidos, podemos dar crédito estruturado”, afirmou Borges ao Valor, em sua primeira entrevista.

O Banco Capital foi adquirido pelo Grupo Cunha Guedes em 1968 e focou na oferta de crédito a setores como construção civil e concessionárias de veículos. Chamado de “o último banco da Bahia”, era assediado por compradores em meio às dificuldades de sucessão. O Social Bank teve uma primeira abordagem sem sucesso, mas um contato de uma marina em que a família guarda os barcos abriu as portas. Alexandre da Cunha Guedes, presidente do banco que iniciou as tratativas, morreu em julho de 2019 aos 95 anos.

Com a licença bancária, o Social Bank quer avançar para 30 municípios que considera negligenciados por grandes bancos, nas chamadas “social cities”. Elas foram mapeadas a partir da renda da população, número de agências bancárias, potencial empreendedor e setores presentes, como por exemplo agronegócio e construção civil. Uberlândia, em Minas Gerais, foi o laboratório para a experiência, onde há um café de negócios em um novo conceito de agência.

O banco ganha tarifas com a movimentação de recursos nas contas, mantendo um custo de aquisição de clientes médio de R$ 6, quatro vezes inferior ao dos concorrentes, segundo disse Borges. O valor é baixo porque os clientes são conquistados, entre outras formas, com pacotes estruturados de serviços oferecidos a empresas de todos os portes. No total, o Social Bank tem 100 mil contas salário.

No portfólio de produtos, está previsto para as próximas semanas o pagamento de crédito com a prestação de serviços, como por exemplo aulas de músicas. Com isso, o banco consegue coletar mais informações sobre os clientes, o que ajudará na concessão de crédito com funding próprio, um negócio que será iniciado com a compra do banco. A primeira modalidade será o cartão corporativo e, depois, para pessoas físicas. “A ideia é iniciar com produtos de baixo risco, para evitar a inadimplência”, diz Borges.

O banco mantém um viés social. Na carteira, há 50 mil lavradores e 30 mil pessoas vulneráveis. Há um contrato firmado com a Organização das Nações Unidas (ONU) válido por cinco anos, podendo ser prorrogado pelo mesmo período, para distribuição de recursos no país. O depósito médio dos clientes no Social Bank é de R$ 1,5 mil por mês. “As fintechs estão competindo por quem ganha muito. Queremos levar muito para quem ganha pouco ou nada”, diz Borges.

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