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Publicado em 08/10/2020

Pix sinaliza futuro promissor para fintechs de pagamento (Gazeta do Povo)

Nos últimos cinco anos, o Brasil viu o número de fintechs em atuação no país, praticamente, dobrar. De acordo com dados do FinTech Report 2020, do Distrito, 49,6% dessas startups surgiram a partir de 2016.  Grande parte delas com soluções de pagamento. Das 742 fintechs analisadas pelo estudo, 16,4% oferecem serviços, produtos e tecnologia que facilitam o processamento dessas transações.

Para o diretor executivo da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintech), Diego Perez, o Brasil é muito conhecido pelos serviços de pagamento. Cofundador da SMU, primeira plataforma de crowdfunding de investimentos no pais, Perez acompanha o crescimento deste segmento desde 2013, quando a startup foi fundada, trazendo a possibilidade de pessoas físicas também investirem na economia real e negócios inovadores.

Com a digitalização da economia, um processo acelerado pela pandemia, as fintechs encontraram caminhos para se adaptar ou até mesmo crescer. “Com o isolamento social, o consumo por meio digital aumentou. Muitas fintechs ganharam espaço com isso, principalmente as startups com soluções de pagamento, que registraram crescimento em meio à crise”, avalia Perez.

Para Diego Perez, diretor da ABFintechs e cofundador da SMU, primeira plataforma de crowdfunding de investimentos no país, o Pix abre portas para um futuro promissor para fintechs nacionais. Foto: Fernando Torres.

Além de pagamentos, a pandemia também favoreceu as categorias de investimento e crédito, na avaliação do diretor da ABFintechs. “Pagamentos e investimentos são os segmentos mais representativos, mas os bancos digitais, ou as startups que oferecem serviços bancários em plataformas digitais, também apresentam crescimento, principalmente para as classes C e D, que têm maiores dificuldades de acesso a bancos maiores, e em regiões mais afastadas, sem agências bancárias ou acesso à rede elétrica, mas onde as pessoas possuem smartphones e cobertura 4G”, comenta.

Maior eficiência para a economia

No entanto, na opinião do líder de pagamentos da ABFintechs, Marcelo Martins, enquanto as categorias de pagamento, investimento e crédito demonstraram bons resultados nos últimos meses, tanto em demanda de clientes, como em relação a aportes financeiros, fintechs com foco no consumidor final, isto é, na pessoa física, provavelmente contabilizarão perdas até o fim do ano.

“As startups que acompanharam o processo de digitalização, conseguindo se adaptar ou criar novas soluções para o mercado, certamente obtiveram êxito no período, com destaque para as empresas de crédito e as de pagamento, que terão possibilidades ainda maiores com a chegada do Pix em novembro”, sinaliza Martins.

Novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, o Pix representa um grande avanço para a eficiência econômica do país. “Com ele, trazemos uma nova dinâmica para o ambiente financeiro, com benefícios em escala, tanto para os negócios, como para a sociedade, reduzindo consideravelmente os custos sociais e proporcionando ganhos em diversos aspectos”, afirma Carlos Eduardo Brandt, chefe adjunto do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do BC.

Com o Pix, os valores de pagamentos e transferências passam a entrar automaticamente na conta dos usuários, em qualquer hora do dia, em qualquer dia da semana, com um intervalo de até 10 segundos em cada operação. Além de aumentar a rapidez das transações, o sistema não terá taxas para as pessoas físicas. Ou seja, transferências com a mesma funcionalidade do TED e do DOC passam a ser gratuitas para os usuários.

“O Pix vai potencializar a migração de transações em dinheiro para os meios digitais. O sistema foi desenvolvido com foco na experiência e comodidade do usuário, promovendo uma maior inclusão financeira da população, e facilitando pagamentos em todas as esferas (entre pessoas, empresas e governos) com maior segurança e eficiência”, explica Brandt.

Competitividade e novas oportunidades

O Banco Central estima que, até o fim do ano, 1.000 instituições financeiras do país já tenham aderido ao novo ecossistema – 980 já estão em processo de adesão. Destra forma, o BC espera alavancar a competitividade do mercado, impulsionando a inovação no setor. “Com mais empresas ofertando serviços para a população, é natural que haja maior competitividade, o que aumenta as chances de inovação e a criação de novas oportunidades de negócios”, avalia Brandt.

Para as instituições, o Pix terá uma tarifa única de R$ 0,01 (um centavo) a cada dez transações. O que entrará no jogo do mercado serão as taxas cobradas pelas instituições financeiras para cada serviço ofertado. Ou seja, quanto uma empresa pagará para emitir um boleto, por exemplo, vai depender do pacote de serviços contratados com a instituição financeira. Dessa forma, o BC pretende estimular a melhor prática de preços no mercado, favorecendo, especialmente, o micro e pequeno empresário.

Segundo o diretor executivo da ABFintech, Diego Perez, o Pix sinaliza um futuro promissor para as startups do mercado financeiro. “É o início de uma jornada que vai dinamizar e possibilitar novos negócios, promovendo uma grande movimentação dentro do ecossistema financeiro, com possibilidades de grandes fusões, incorporações e parcerias mais frequentes daqui para a frente”, avalia.

Para Marcelo Martins, líder de pagamentos da ABFintechs, o Pix vai colocar as startups do mercado financeiro no mesmo patamar de grandes instituições bancárias. Isso significa que elas ganharão maior visibilidade para os seus produtos e serviços, podendo atrair mais clientes e criar novas possibilidades de negócios.

Marcelo Martins, líder de pagamentos da ABFintechs, acredita que o Pix vai colocar em fintechs e grandes bancos em nível de igualdade na oferta de soluções para população. Foto: Divulgação.

“Mas, se para algumas fintechs o Pix vai facilitar a forma de fazer e inovar esses negócios, fazendo a economia girar com maior eficiência, outras terão de se reinventar do zero, principalmente aquelas que só intermediavam pagamentos. Esta é uma chance para as startups pivotarem, isto é, mudar rapidamente o rumo de seus negócios e buscar a inovação”, comenta Martins.

Uma das maiores fintechs do país

A capacidade de adaptação rápida em relação aos desafios colocados pelo mercado é um dos fatores que contribuíram para o Ebanx se tornar um dos líderes da categoria de pagamentos no país. Fundada em 2012, a fintech curitibana é uma das oito startups latino-americanas que mais cresceram no mundo de acordo com o último Fintech 250, relatório da CB Insights divulgado a cada dois anos.

Para o ranking deste ano, a consultoria americana de inteligência de mercado avaliou 16 mil startups, fechando a lista com 250 fintechs mais promissoras do mundo com base no seus potenciais de mercado e outros critérios. Alçada ao patamar de unicórnio no fim do ano passado, o Ebanx é uma das 37 startups da lista que possuem valor de mercado superior a 1 bilhão de dólares.

Criado com o objetivo de ofertar soluções de pagamento locais como boleto, débito em conta e parcelamento para compras em sites internacionais (como Airbnb, AliExpress, Wish, Spotify, por exemplo), o Ebanx expandiu seus negócios e, hoje, opera em oito países da América Latina, atingindo mais de 70 milhões de usuários em mais de 1 mil opções de compra. No ano passado, a fintech também passou a oferecer serviços de processamento de pagamentos no Brasil e, no início deste ano, lançou sua conta digital, a Ebanx Go, com cartão virtual e cartão físico pré-pago.

Disponível apenas no Brasil, a Ebanx Go é o primeiro produto criado pela empresa com foco no consumidor final. A solução sinaliza mais uma adaptação da empresa em relação às mudanças de mercado, ampliando as formas de acesso a pagamentos digitais, missão que se tornou o centro do negócio do Ebanx, segundo o seu cofundador e CFO, Wagner Ruiz.

A expansão de possibilidades para a oferta de serviços no segmento será uma das grandes contribuições do Pix. “Não só para o Ebanx, mas para as fintechs em geral e para as empresas com vendas on-line. Para os negócios, o Pix é mais uma forma de alcançar os consumidores, com a perspectiva de mais oportunidades e melhoria dos serviços financeiros e de pagamentos”, revela.

Para Ruiz, o Pix é uma grande oportunidade para a inclusão digital. “Provavelmente, a digitalização será base dos negócios daqui pra frente. Muitas pessoas estão experimentando comprar pela internet pela primeira vez, tendo acesso a produtos e serviços que antes não utilizava. O Pix é uma forma de para trazer mais gente para dentro da economia criativa, estimulando a concorrência, o que, no fim do dia, beneficia o consumidor final, que vai ter serviços cada vez mais completos e mais baratos à sua disposição”, avalia.

“É um ciclo virtuoso: a digitalização leva à criação de novas opções de pagamento, que geram mais condições de acesso, que intensificam a digitalização. No caso do Brasil e de outros países da América Latina, que são mais receptivos, percebemos essa tendência, com mais acesso a produtos financeiros, às fintechs, aos cartões pré-pagos, à possibilidade de compra em débito em sites de venda-online e outras soluções”, completa Ruiz.

Parcerias para crescer

Como muitas empresas, o Ebanx percebeu uma queda nos números no início da pandemia. Encarar a crise como oportunidade foi uma das estratégias da empresa que adaptou um de seus serviços, o Ebanx Beep, para ajudar pequenos negócios nas vendas on-line. “No início do distanciamento social, percebemos um dos nossos sistemas de venda on-line poderia ser adaptado para acomodar produtos físicos e até vouchers com antecipação de rendimentos para profissionais autônomos e pequenos comerciantes que tiveram de suspender suas atividades”, explica Ruiz.

Logo nos primeiros dias, o Ebanx Beep registrou 1,2 mil cadastros. No fim de julho, a ferramenta contava com mais de 10,8 mil registros. Parcerias com empresas como Nestlé, Cabify e Visa permitiram que o sistema chegasse a mais profissionais e pequenos negócios. Além do Beep, a Visa também é parceira do Ebanx Go.

Beatriz Montiani, diretora de inovação da Visa do Brasil. Líder em pagamentos mundial, a marca aposta em programas de aceleração e desenvolvimentos de startups e fintechs como maneira de criar inovação para a empresa. Foto: Marcelo Soubhia.| Marcelo Soubhia

A aposta em parcerias para criar soluções rápidas e eficientes para o mercado é uma das estratégias de inovação da Visa do Brasil, empresa que há quatro anos percebeu a necessidade de implementar programas colaborativos com startups para impulsionar o desenvolvimento de novas ideias. A busca pela inovação aberta foi um dos elementos do processo de mudança cultural da marca líder mundial em pagamentos, de acordo com Beatriz Montiani, diretora de inovação da empresa.

Beatriz também coordena o Programa de Aceleração Visa. Em sua quarta edição, o programa já reuniu 69 startups de todo o país num processo que envolve capacitação, mentorias, networking e contato com investidores tendo como base a criação de novas soluções para transações comerciais. De todas as startups participantes, 30% saíram do programa com mais de 30 negócios fechados com a Visa do Brasil, seus parceiros ou entre as próprias startups.

“Criar soluções em conjunto, resolver problemas reais e propor novas experiências para o usuário são os principais objetivos do programa, que trouxe para dentro da Visa os princípios da inovação aberta. O desenvolvimento de tecnologias para meios de pagamento também nos motivou a criar um hub interno de colaboração com fintechs, no qual trocamos conhecimentos e podemos auxiliar essas empresas a atingirem os requisitos necessários para a obtenção da credencial Visa na oferta de seus serviços”, explica Beatriz.

Outra novidade

Em paralelo ao Pix, o Banco Central dará início, também em novembro, a outro momento importante para o setor financeiro, com o início da implantação do Open Banking (Sistema Financeiro Aberto) no Brasil. Dividido em quatro fases, o sistema vai reunir informações sobre produtos e serviços de instituições financeiras e seus usuários (mediante autorização) para, no futuro, compartilhar esses dados em plataformas digitais, facilitando a oferta e as condições de negociação para esses mesmos produtos e serviços.

O open banking é mais um passo no caminho da digitalização do mercado financeiro. Adotado pelo Reino Unido e a União Europeia em 2018, e em discussão em outros países atualmente, o sistema facilitará a contratação de serviços mais adequados para cada cliente, além de estimular a melhor prática de preços entre os players do setor.

Para Marcelo Martins, da ABFintech, tanto o Pix, como o open banking fazem parte de uma grande evolução dos mecanismos financeiros no país. “Além da pandemia, o ano de 2020 é um marco para a economia nacional, com a implementação de sistemas que mudarão muito rápido a maneira como nos relacionamos com as nossas transações financeiras. O mercado de pagamentos, principalmente, vai ter um impacto positivo com o Pix, favorecendo fintechs e grandes instituições de formas diferentes. O que será igual para todas é a necessidade de olhar para a experiência do usuário para ofertar melhores produtos e serviços”, completa.

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