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Publicado em 21/07/2020

Projeto de reforma mais ampla sai em 15 dias, diz Afif (Valor Econômico)

O governo decidiu acelerar os trabalhos de elaboração da reforma tributária e quer apresentar em 15 dias o conjunto de mudanças pretendidas pelo Executivo, disse ao Valor o assessor especial do Ministério da Economia Guilherme Afif Domingos. Está mantida a previsão de enviar hoje ao Congresso a primeira “fatia” da proposta, que é a reforma do PIS/Cofins.

Como, porém, essa primeira parte da reforma levanta resistências no setor de serviços, que teria aumento de sua carga tributária, decidiu-se colocar sobre a mesa também a desoneração da folha, como meio de equilibrar a equação dos custos tributários para as empresas intensivas de mão de obra.

A proposta é bancar a desoneração com a criação da Contribuição sobre Pagamentos (CP). As receitas desse novo tributo também serviriam para reforçar o Renda Brasil, programa de assistência social que deve substituir o auxílio emergencial. “As peças do quebra-cabeças já estão todas feitas e o desenho, também”, afirmou Afif. “Agora é questão de colocar as peças no tabuleiro.”

Ele acrescentou que o governo trabalhou intensamente nesses últimos meses em torno da reforma tributária. Com isso, rebateu críticas de que o tema teria sido deixado em segundo plano.

A proposta que segue hoje unifica o PIS/Cofins e cria a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), com alíquota que, nas discussões de ontem, estava em 12%. O tributo será calculado a cada etapa de produção. Hoje, o PIS/Cofins funciona dessa forma apenas para alguns setores.

A apuração será pelo critério financeiro, e não mais físico como é hoje. Com isso, acaba uma fonte de conflito entre o Fisco e os contribuintes. Pelo critério atual, se a empresa adquire algo para sua produção, ela pode se creditar do PIS/Cofins. Mas, se aquele item vai para a área administrativa, por exemplo, ela não tem direito ao crédito.

Diferentemente do que chegou a ser cogitado nas etapas de elaboração da medida, a proposta não deverá contemplar isenções parciais para setores como educação e saúde. “Não queremos trabalhar com exceções”, disse Afif. “O sistema tributário brasileiro é um conjunto de exceções travestido de uma regra, por isso queremos criar uma regra, se possível sem exceções.”

Estudada há anos sem grandes variações, a reforma do PIS/Cofins nunca chegou ao Congresso Nacional por ser polêmica. Muitos setores se opõem a ela porque terão aumento na carga tributária.

No caso da construção civil, o peso do tributo ficará 2,5 vezes maior no novo formato, disse o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. Hoje, as empresas pagam PIS/Cofins no sistema cumulativo, a uma alíquota de 3,65% a cada etapa de produção. A proposta do governo eleva a alíquota para 12%, mas permite que a cada fase seja descontado o imposto pago na fase anterior.

O problema, explica Martins, é que as principais despesas das construtoras não geram crédito tributário: terreno, mão de obra, tributos e custos financeiros. O que gera crédito são materiais de construção e projetos, que representam apenas 25% do valor da obra.

Com a desoneração da folha, porém, a discussão passa a ser interessante. “O governo precisa colocar mais cartas na mesa”, diz o executivo. Assim, explica, os setores vão ganhar em alguns pontos e perder em outros, mas a discussão será destravada. “Se o governo não fizer isso [apresentar o conjunto da reforma], não passa.”

Nas simulações elaboradas pelos técnicos, caso a CP tenha alíquota de 0,2%, será possível desonerar a folha para quem ganha até dois salários mínimos. E ainda seria possível fortalecer o Renda Brasil.

A contribuição, porém, não conta com total simpatia do presidente Jair Bolsonaro, um crítico histórico da antiga Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF).

“Ele sabe, melhor do que ninguém, que não é um imposto novo”, argumentou Afif, afirmando que a resistência do presidente está na criação de um tributo adicional, e não uma substituição, como está sendo formulado.

O conjunto de propostas do governo também contempla uma reforma do Imposto de Renda. No caso das pessoas físicas, haverá aumento do limite de isenção e mudanças nas alíquotas para tornar o imposto mais progressivo. Por outro lado, as deduções serão reduzidas. Para as pessoas jurídicas, estuda-se a redução das alíquotas e a tributação de dividendos.

No caso do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), poderá ser adotado um desenho “mais radical” do que sua substituição por um Imposto Seletivo, cobrado apenas sobre produtos que geram externalidades negativas, caso de bebidas e cigarros. O assessor especial do ministério, porém, não deu mais detalhes.

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