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Publicado em 11/07/2017

Recuperação lenta e falta de crédito levam PMEs ao limite (DCI)

As micro, pequenas e médias indústrias estão ficando sem alternativas para manter a saúde financeira. Sem a recuperação da demanda e o com crédito ainda mais restrito, os industriais estão preocupados com o futuro dos negócios.

“A situação do segundo semestre não está clara e para as indústrias menores esse momento é de muita indefinição, porque estamos esperando o andamento de medidas e o que vai acontecer nos próximos meses”, afirma o presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi), Joseph Couri.

O dirigente conta que o número de micro e pequenas indústrias fechando as portas está aumentando, movimento que tem sido percebido com muita preocupação, porque mostra que as empresas estão sem estrutura para manter as operações. “Muitas vezes a micro e pequena nem entra com um pedido de falência ou recuperação judicial, porque não tem dinheiro para isso, e só fecha as portas”, destaca ele.

De acordo com um levantamento encomendado pelo Simpi, o percentual de micro e pequenas indústrias que estão ameaçadas de fechar, em função da crise econômica, chegou a 18% no primeiro trimestre do ano, dois pontos percentuais acima do registrado em 2016.

As dívidas com o fisco, observa o dirigente, estão entre os principais problemas, além da demanda e do crédito. “As propostas do Refis [Programa Especial de Regularização Tributária] para as pequenas e médias é inviável, ninguém está com dinheiro para pagar a parcela de entrada”, diz Couri

Financiamento

Com tributos atrasados, as indústrias menores encontram restrições para acessar crédito nos bancos públicos e privados. “O débito de impostos é um problema para as pequenas hoje, porque a primeira coisa que os bancos pedem é a certidão [negativa]”, conta o sócio-gerente da empresa de forjaria e usinagem Tec Stam, Humberto Gonçalves.

Para ele, o governo não tem atuado de forma eficaz para ajudar as indústrias menores a se recuperar, já que as empresas desse porte muitas vezes não têm recursos para contratar advogados que cuidem dos processos de débitos fiscais.

Operando com cerca de 75% da capacidade instalada, em média, Gonçalves explica que esse percentual não se mantém estável durante todo o mês. Ele conta que o ideal seria trabalhar com 90% da capacidade constantemente.

“Temos equipamentos parados e reduzimos de 44 para 36 o número de funcionários nos últimos anos. Quando chega um pedido grande, está mais difícil atender, mas não recusamos.”

Segundo o executivo, “a Tec Stam não gera caixa desde 2014” e está priorizando o pagamento de funcionários e fornecedores, afirma. Com os impostos em terceiro lugar na lista de prioridades, a empresa não tem perspectivas para resolver as questões com o fisco.

Já a fabricante de cosméticos Phytotratha está em melhor situação financeira, por não possuir dívidas e financiamentos. “Os impostos estão em dia, porque se for para pagar os juros e a multa do atraso, é melhor fechar a empresa”, comenta a empresária Mirian Torser.

Mesmo sem dívidas, ela afirma que tem sido cada vez mais difícil ter acesso ao crédito. “Gostaríamos de comprar novas máquinas, mas não tem crédito disponível. Porque não adianta só ter um negócio estável, o objetivo das empresas é sempre crescer”, comenta.

Sem recursos para expandir as atividades, a empresária tem procurado parcerias com outras indústrias de pequeno porte para ampliar o portfólio.

“Conseguimos aumentar um pouco as vendas, mas estamos adequando constantemente nossa estratégia, como diminuir o valor do pedido mínimo, pagar ou dividir o frete com clientes”, explica Mirian.

O frete, acrescenta a empresária, tem sido um desafio à parte, já que o número de mercadorias extraviadas por problemas de segurança aumentou. “Temos muita dificuldade para entregar produtos no Rio de Janeiro e no interior de São Paulo, porque as encomendas são roubadas. Então não entregamos mais em algumas regiões e pedimos para os clientes retirarem no posto dos Correios”, revela.

Com o extravio das mercadorias vendidas para outro Estado, a Phytotratha acaba pagando pela substituição tributária de um produto do qual não haverá entrada de receita.

Clientes

“Apesar dos problemas com a demanda, a inadimplência está baixa, mas os nossos clientes de menor porte são os que mais sofrem. Temos alguns casos em que eles demoram um pouco mais, mas ainda arcam com os compromissos”, cita Mirian.

A Dinâmica Química também enfrenta mais dificuldades com os clientes de menor porte, afirma o empresário Rubens de Almeida. A alternativa encontrada por ele tem sido ajudar a financiar a carteira de clientes com prazo maior para o pagamento dos produtos químicos e manutenção do fornecimento.

“Uma parte da minha carteira de clientes já fechou as portas, cerca de 10% e outros 30% estão inadimplentes, mas ainda pagam com atraso”, conta.

Mesmo atrasando pagamentos, o empresário diz que mantém a parceria com os clientes mais antigos. “A falta de crédito para os pequenos clientes é o ponto fundamental e o parcelamento dessas contas acaba parando nas médias indústrias, como nós. Se eu não ajudar os clientes com o parcelamento dos atrasados, eles vão fechar e isso é pior para todos”, aponta.

Mesmo com o esforço para ajudar os clientes, Almeida espera perder mais 10% da carteira até o próximo ano.

Para garantir o apoio aos clientes a empresa reforçou o trabalho interno para manter as contas em dia. “Antes eu me envolvia apenas na produção, mas agora acompanho todas as áreas da empresa. O que nos ajuda é que viemos de dois anos com bom resultado”, finaliza.

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