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Publicado em 19/12/2017

Selic em um dígito estende queda de juros ao médio prazo (Valor Econômico)

Se a volatilidade pontual apresentada na trajetória das taxas finais restringe-se ao curtíssimo prazo, em um período de alguns anos, as perspectivas mudam completamente. “O cenário principal é que a gente volte a entrar num processo longo de redução de taxas finais e, mesmo se a Selic passar a subir em alguns anos, o juro final talvez não suba”, afirma o economista-chefe do Santander, Maurício Molon. O cenário base do banco considera a permanência da taxa básica entre 6,5% e 7% ao ano até 2019.

De acordo com o economista-chefe do Santander, quando se observam os comportamentos históricos da Selic e do juro ao consumidor há, pelo menos desde 2006, uma correlação forte entre os dois. Molon explica que, se a curva da taxa básica for deslocada seis meses para frente, a aderência é grande para a das linhas para famílias. “Essa é a tendência geral da curva das taxas para pessoa física”, afirma.

Conforme a economista-chefe da Rosenberg, Thais Zara, a situação do emprego formal deve apresentar progresso ao longo do próximo ano e, com isso, o cenário macroeconômico pode até mesmo se sobrepor à volatilidade esperada com as eleições.

“Ao longo do ano que vem a melhora no mercado de trabalho deve continuar a se intensificar e, com isso, a gente vai ter impactos positivos para as taxas de juros, mais do que algum aumento de risco por conta de eleições.” Na análise da economista, “parte dessa queda da Selic a gente ainda vai ver sendo refletida nas taxas do crédito livre nos próximos meses e, mesmo se houver um encerramento da flexibilização da taxa básica, a queda vai continuar por algum tempo”.

O professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFR), Ernani Teixeira Torres Filho, traça cenário semelhante para a taxa básica. “Todo mundo acha, inclusive eu, surpreendente a inflação ter caído tanto e que a redução da taxa de juros do BC seja um processo que veio para ficar e vai se manter a despeito das eleições e, desse modo, uma taxa nominal de um dígito, que perdure em um prazo, por exemplo, de três anos é uma revolução no Brasil”, diz.

Além das crises econômicas e política, explicam os especialistas, há outros fatores, alguns estruturais, que pressionam as taxas de mercado para cima. Conforme o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Altamiro Carvalho, a necessidade de financiamento do governo impacta diretamente a oferta de crédito.

O crescimento acelerado da dívida pública drena recursos do mercado, que seriam direcionados aos empréstimos. “O governo recorreu mais intensamente ao mercado nos últimos anos e tirou recursos, tanto que o saldo de financiamentos caiu violentamente entre 2015 e 2016”, afirma.

A concentração bancária é outro fator a atuar contra uma queda mais rápida das taxas. Segundo o economista da LCA, Vitor Velho, “a concentração do setor é muito grande e essa falta de concorrência entra muito na questão da composição do spread no Brasil”, diz.

“No Brasil são apenas cinco grandes bancos”, ressalta Torres Filho, da UFRJ. Para o economista, a concorrência fora do grupo de instituições dominantes do mercado começa a reduzir os “spreads” e, aos poucos, os maiores passam a reduzir esse custo. Mas trata-se de um processo lento. “Foi assim nos 2000 e vai ser agora”, diz.

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