Page 5 - Revista do SINFAC-SP 53
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        Para o especialista, vivemos um momento
        atípico com relação à inadimplência,
        já que o comportamento dos números
        difere do padrão. Calife explica que, em
        todas as crises, os gráficos mostram
        que a curva de inadimplência sobe.
        Na pandemia, foi o contrário: caiu. Os
        exemplos de anormalidade não param
        por aí: variáveis como inadimplência e
        desemprego, que sempre andam juntas,
        agora, estão descoladas. O mesmo
        acontece com inadimplência e concessão
        de crédito, que traçam caminhos opostos   esperada para o meio da pandemia   Quando olhamos os descontos de
        (quando um sobe, o outro desce) e,   e está vindo agora. Mesmo com essa   duplicatas, dentro dos dados do Banco
        agora, estão subindo ao mesmo tempo.   elevação que acende um sinal de alerta no   Central, notamos que essa categoria
                                            setor, Calife faz questão de afirmar que,   de crédito vem aumentando muito e já
        Segundo o economista, isso acontece   embora esteja em alta, a inadimplência   representa R$ 160 bilhões do total de
        por que os aspectos que determinam   está bem longe do nível pré-pandemia.   R$ 1,3 trilhão do crédito PJ. Portanto, o
        a inadimplência - PIB, juros, inflação e                               mercado de fomento comercial, incluindo
        mercado de trabalho – tiveram menos   Em relação ao crédito, Calife vê um   Fidc, seria equivalente, aproximadanente,
        peso no cenário pandêmico que outros   crescimento menor neste ano, algo em   a 35% do total da categoria.
        fatores como a rolagem das dívidas   torno de 8% e 10%, metade dos quase
        e os auxílios pagos pelos governos à   20% do ano passado. O perfil do crédito   Segundo Calife, porém, a economia já
        população, que chegaram a elevar a   também diz muita coisa. Nos últimos   sente uma melhora na renda, que está
        renda em 5%. “Essa foi a única crise   meses, as linhas que têm crescido mais   sofrendo menos o impacto da inflação.
        em que a renda subiu. Isso aconteceu   são as que têm riscos e juros maiores,   “A situação deve mudar a médio prazo,
        porque houve uma interferência      como o cartão de crédito e o crédito   para o ano que vem, quando devemos
        estatal muito grande”, explica.     pessoal não consignado. “Isso mostra   reduzir o endividamento, os juros
        Esse cenário atípico empurrou para   uma redução de renda. É o crédito tomado   devem cair e a renda pode aumentar.
        frente a alta da inadimplência, que era   pra pagar conta do dia a dia”, resume.  No curto prazo, não muda”, finaliza.









                                “Nosso mercado trabalha com informação. Quanto mais gente participar
                                de eventos como esse, mais informações teremos. É uma oportunidade
                                também para desmistificar produtos. Hoje, não temos só duplicatas. As
                                empresas do fomento vão virar multinegócios, trabalhar com outros
                                formatos”
                                Júnior Oliveira, da ABC Fidc, de São Bernardo do Campo-PP







                                      “Temos de estar sempre nos renovando tecnologicamente ao
                                      mesmo tempo em que precisamos estar atentos ao mercado e ao
                                      ambiente macro para conhecer os rumos econômicos”
                                      Marcel Chaves Braga, da Dove Securitizadora, de Campinas-SP







                                                                              ANO XV  •  Nº 53  •  JULHO | AGOSTO | SETEMBRO  •  2022
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