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18         16º SIMPÓSIO DO SINFAC-SP E 3º CONGRESSO DA ABRAFESC




        SINFAC-SP E


        ABRAFESC EM


        GUERRA CONTRA


        A INDÚSTRIA DE


        LIMINARES




        Entidades se mobilizam para acabar com a
        Indústria do Limpe Seu Nome, que chega a ocultar
        até R$ 76 bi de dívidas em cartórios







        É preciso combater a atuação        Concentradas nos estados do Piauí,   visão em entrevista feita durante o
        de magistrados que despacham        Pernambuco, Paraíba e São Paulo, essas   Congresso. “Infelizmente, apesar de
        liminares para garantir negativações   empresas se valem de uma ferramenta   uma atuação muito enérgica, muito
        em protestos movidos por meio de    do Direito chamada Juízo Natural, que   bem-vinda da Corregedoria Nacional de
        associações em comarcas específicas.   parte do princípio que não se pode   Justiça, através de uma atuação muito
        Foi com esse alerta que o consultor   escolher quem será o juiz de uma ação.   profícua do Ministro Luis Felipe Salomão,
        jurídico do SINFAC-SP e da ABRAFESC,   “Desta forma, não adianta querer brigar   infelizmente não se viu um movimento
        Alexandre Fuchs das Neves, iniciou sua   contra estas associações, SPC, Boa Vista   de reversão dessas liminares. Apenas
        participação no painel que debateu o   ou Serasa porque eles são tão vítimas   oito bilhões que conseguiram ser
        problema da indústria de liminares,   quanto nós desses advogados”, afirma.   revertidos, ou seja, que voltaram para o
        que preocupa seriamente o setor.                                       conhecimento dos agentes econômicos.
                                            O SINFAC-SP e a ABRAFESC têm atuado   É algo muito diminuto, temos ainda um
        Segundo Fuchs, esse é o eixo de um   ativamente para chamar a atenção das   grande caminho pela frente”, lamentou.
        esquema que assegura liminares que   autoridades para o problema e apoiar
        permitem devedores terem seus CPFs e   ações que visem coibir a atuação suspeita   O presidente do Instituto de Protesto
        CNPJs limpos para seguirem operando   de empresas e magistrados. Uma dessas   de São Paulo (IEPTB-SP), José Carlos
        e pedindo empréstimos. As empresas   ações é capitaneada pela Corregedoria   Alves, apresentou alguns números que
        e associações que operam a fraude se   Nacional de Justiça (CNJ), que investiga   ajudaram a dar a dimensão do problema.
        utilizam de um expediente relativamente   a atuação de juízes na concessão de   Segundo levantamento das instituições,
        simples: ajuízam o mesmo processo   liminares em processos sigilosos que   somente em São Paulo, foram concedidas
        quantas vezes forem necessárias até   beneficiam associações ligadas ao   210 liminares que abrangem mais de
        que ele caia nas mãos de um juiz que o   esquema de ocultação de protestos   um milhão de protestos e totalizam o
        julgue da maneira desejada. Num dos   e cadastros de inadimplentes. Fuchs   valor de R$ 81,23 bilhões. Já no IEPTB
        casos estudados pelo consultor, uma   destacou como positivo o posicionamento   Nacional, foram recebidas 232 liminares
        mesma associação ajuizou o mesmo    do corregedor nacional de Justiça, ministro   determinando que os cartórios ocultem
        processo 22 vezes. “É o que chamamos   Luiz Felipe Salomão, que está dando prazo   informações sobre protestos movidos
        de advocacia predatória”, afirmou.   para que as corregedorias dos Tribunais   contra empresas inadimplentes. “Isso faz
                                            de Justiça de São Paulo, Pernambuco,   com que cartórios de protesto, banco de
        Nesse esquema, associações de fachada   Piauí e Paraíba prestem informações   dados de birôs de crédito como Serasa,
        conseguem liminares que ocultam o   sobre esses processos. “Depois disso,   Boa Vista, percam credibilidade não
        nome e o CNPJ de empresas devedoras   já observamos um ‘revogaço’, tímido   somente para as empresas de Factoring,
        de cartórios e birôs de crédito. Com isso,   perto da quantidade de liminares   que acabam tendo que dar crédito no
        financiadores de crédito de todo o país   ainda ativas, mas que parece ser efeito   escuro. É ruim também para os agentes
        não têm acesso a informações reais sobre   dessa investigação”, explica Fuchs.   econômicos e para a economia do país
        essas empresas, o que compromete                                       como um todo”, explica Alvez, que lembra
        toda a cadeia de financiamentos.    O presidente do IEPTB Nacional, André   que, ao não pagar o dinheiro tomado, esse
                                            Gomes Netto, compartilhou dessa    CNPJ acaba sobrecarregando os outros.


        REVISTA DO SINFAC / SÃO PAULO
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